Apesar de muito discreta, a Casa das Irmãs de Nossa Senhora do Calvário, conhecidas como Irmãs Calvarianas, está na cidade de Cosmópolis desde o ano de 1969. O lar, que também é conhecido como ‘convento’, fica localizado na Rua Dr. Campos Salles, em frente a EMEI Esther Nogueira. A Casa das Irmãs possui ainda uma fachada familiar aos cosmopolenses, além de um ambiente tranquilo e sereno.
O início
A irmã Odilha Mazzon, de 72 anos de idade, já passou por vários países, mas há 10 anos vive em Cosmópolis. Em contato com a equipe do jornal Gazeta de Cosmópolis, ela ajudou a resgatar parte da memória da Casa. “Por volta de 1969, estavam as irmãs em Jaguariúna-SP, sem condição de levar avante seu trabalho Pastoral na cidade, quando a Madre, Maria Helena da Cruz, resolveu falar com o Arcebispo de Campinas, D. Antonio Maria Alves de Siqueira, a fim de tratar do fechamento da casa, entregando-a de volta. Para a surpresa da Madre, D. Antonio respondeu categórico: ‘Eu não fecho essa casa, mas sim, vou transferi-la para outra cidade, onde um sacerdote velhinho precisa urgentemente da ajuda das Irmãs’.
O sacerdote em questão tratava-se de Monsenhor D. João Batista Maria Rigotti.
Desta forma, chegaram as Irmãs em Cosmópolis no dia 15 de março de 1968. Eram elas: Madre Maria Cristina, Irmã Nazaré (Claudia), Irmã Maria Zita e Irmã René (Beatriz).
As chaves da Casa Nossa Senhora do Calvário foram entregues, ainda, pelo Dr. Paulo Nogueira, proprietário da Usina Ester.
Missão
De acordo com as irmãs, a missão está engajada na educação profissional de jovens, na pastoral da saúde e pastoral da criança, em trabalhos pastorais junto ao povo, auxílio às pessoas carentes, além de bazares e cursos.
Cursos
A irmã Marta Maria, aos 89 anos, está à frente dos cursos com tecidos. “Atualmente, em todas as quartas-feiras, estamos aqui, bordando, tricotando, realizando crochês e diferentes formas de costura, depois, tudo é guardado para um Bazar Beneficente, onde recolhemos o que é arrecadado para ajudar os que necessitam”.
O dia a dia
As irmãs residem e dividem os afazeres, as orações e refeições costumam ser em comum. Todas afirmam ser muito felizes na vida religiosa. A irmã Pierina Carnielle, aos 85 anos, relata sobre a vida de santidade. “É como um casamento que dá certo, quando dá certo. Não é feliz? Nós somos felizes neste compromisso com Deus”.
Exemplo
Irmã Lucia Esperança Carnielle completou, nesta semana, 95 anos de idade. Forte, lúcida e convicta, ela relata que “tenho 95 anos de idade e, na vida religiosa, já estou há 70 anos. É linda a experiência. Se eu pudesse recomeçar, começaria tudo de novo, e outra vez em mais uma oportunidade. É maravilhoso, estou feliz e muito contente”.
A formação
“Existe uma equipe, existe o noviciado e a Mestre de Noviças, então, dentro deste processo, tem toda uma formação, há estudos e ainda há um teste de discernimento. As coisas não são simples, não é uma decisão ‘quero ser noviça’, existe um estudo sobre ver se realmente é isso que a pessoa quer, se há a vocação e para que ela possa entender esse novo mundo que irá começar.
É um ano de aspiratário e dois anos de noviciado. Depois, são as orações, os estudos, algo mais metódico. Após isso, faz a promissão, a celebração com os votos de nobreza, obediência e castidade. Depois da promissão, vai circular, conforme a promissão, e também conforme a tendência da pessoa”, explicou a irmã Odilha.
Parte da História
Há anos, no mesmo lugar, as irmãs ministravam cursos de datilografia. Apesar de a ‘profissão’ ter sido extinta, as irmãs comentam que muitos ainda se recordam do que aprenderam na Casa das Irmãs Calvarianas.
Em registro oficial das irmãs, ainda constam algumas observações sobre a cidade de Cosmópolis. Entre eles, a pergunta: “Quais fatos marcaram a vinda das irmãs para esta cidade?”
Em resposta, as irmãs esclarecem “quando as irmãs vieram para a cidade de Cosmópolis, não havia nenhum movimento paroquial devido a idade avançada do Pároco; também havia resistência quanto a participação dos leigos. Lentamente, foram criadas catequeses em todos os setores, grupos de jovens, encontros de casais e outros. Com a vinda da Petrobras, houve uma migração desorganizada em busca de trabalho, deixando essas pessoas sem condição de abrigo. O trabalho das irmãs com a comunidade veio a propiciar um intenso envolvimento comunitário em favor dessas pessoas. A partir deste fato, a cidade teve um aumento populacional”.
As Irmãs Calvarianas pertencem à Paróquia Santa Gertrudes, da Diocese de Limeira-SP.