No dia 18 de agosto de 1960, foi lançado o contraceptivo oral Enovid-10 nos Estados Unidos. A pílula significaria uma verdadeira revolução na vida das mulheres do mundo moderno.
Hoje em dia, a medicação é utilizada por milhões de mulheres em todo o mundo, seja por razões hormonais ou como método contraceptivo. De qualquer forma, desde sua criação, o anticoncepcional gera opiniões diversificadas sobre sua eficácia, seu efeitos colaterais e sobre o uso prolongado.
O ginecologista Dr. Rodrigo de Angelis explica que mulheres a partir da primeira menstruação já podem iniciar o uso do anticoncepcional oral, desde que sejam examinadas, orientadas e acompanhadas pelo médico responsável.
Muitas mulheres fazem o uso da medicação sem prescrição médica. O Dr. Rodrigo alerta quanto aos riscos dessa atitude.
“Fazendo o uso do anticoncepcional dessa forma, as mulheres não recebem as informações para o uso adequado e seguro. Em mulheres acima de 35 anos, o uso da pílula representa fator de risco para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares, principalmente, se forem fumantes. No entanto, em mulheres mais jovens, se aceita o uso concomitante com o cigarro. O médico da paciente deve analisar cada caso individualmente.”
Além disso, é preciso que haja uma avaliação médica, pois alguns problemas de saúde fazem com que o uso do anticoncepcional não seja indicado. “A pílula não é recomendada em mulheres com tromboflebite ou distúrbio tromboembolítico, histórico de AVC, insuficiência cardíaca, insuficiência renal, antecedentes, suspeitas de câncer de mama ou câncer estrógeno dependentes em órgãos reprodutores, tumor de fígado ou hepatite aguda. Mulheres gestantes também não devem fazer uso da medicação”, alerta o ginecologista.
Muito se fala também sobre o uso dos anticoncepcionais desencadearem problemas, como trombose, AVC e cânceres. “Acredita-se que o aumento do risco de trombose está associado mais ao uso de contraceptivos por mulheres fumantes, com idade superior a 35 anos com outros fatores de risco para trombose. Aumento do número de infartos e AVC associados ao uso da pílula ocorria com maior freqüência décadas atrás, quando as pílulas eram compostas por elevadas doses de hormônios; a diminuição da dosagem de estrogênios nos últimos anos aumentou a segurança das pílulas. Exceto em mulheres que possuem mutação nos genes BRCA 1 ou 2, não há evidências seguras de que o uso dos anticoncepcionais aumente o risco de câncer”, explica o Dr. Rodrigo.
Outro questionamento muito comum das mulheres é em relação ao uso prolongado da medicação causar infertilidade ou dificuldade para engravidar. Nesses casos, o Dr. Rodrigo explica que isso se trata de um mito. “O uso de anticoncepcionais não causa infertilidade. O que pode ocorrer é que muitas mulheres o tomam regularmente durante todo o período fértil da vida e, quando decidem parar, já se encontram numa idade que não é favorável às funções reprodutivas ou descobrem que possuem doenças que causam a dificuldade de engravidar. As funções reprodutivas tendem a voltar ao normal um mês após a interrupção da medicação. Pode levar de 3 a 6 meses para o ciclo regularizar.”
Segundo o ginecologista, de forma geral, o uso dos anticoncepcionais é benéfico, desde que as mulheres sejam examinadas e avaliadas por profissionais capacitados a fim de escolher a melhor opção individualmente.
Saiba quais são as diferenças entre o anticoncepcional pílula, injetável e adesivo:
– Pílula: Método mais comum. Utiliza hormônios para impedir a ovulação. A ingestão é diária. Diminui a TPM, evita endometriose, diminui o fluxo e cólicas. É preciso disciplina para tomar todos os dias no mesmo horário para manter a eficácia;
– Injetável: Funciona da mesma maneira da pílula, mas, os hormônios são injetados. Existem injeções mensais e trimestrais. É indicado para mulheres que se esquecem de tomar a pílula;
– Adesivo: Colado na pele uma vez ao mês, libera os mesmos hormônios. Dura uma semana e deve ser substituído três vezes antes da parada para a menstruação. Alta eficácia e carga hormonal mais baixa, já que é absorvida diretamente pela corrente sanguínea, reduzindo os efeitos colaterais.