Nossos pés são nosso alicerce, mas, muitas vezes, nos esquecemos disso. Os submetemos a inúmeras atividades de impacto, a ações externas e calçados inadequados. Especialistas afirmam que um ser humano pode caminhar até 160.000 km durante toda sua vida! Porém, utilizamos sapatos errados, geralmente, pensando apenas na estética.
De acordo com o Ortopedista Dr. Raul Casagrande, o pé humano é constituído de 26 ossos, sendo sete tarsais, cinco metatarsais e 14 falanges. “O andar multiplica o impacto do peso do corpo por 1,5 a 2 vezes, a corrida multiplica este impacto 3 a 6 vezes e o salto 7 a 13 vezes! A principal função dos nossos pés é a marcha (andar). O pé é o único componente do corpo que estabelece contato direto com o solo, oferecendo grande variedade de funções biomecânicas durante a locomoção, como, por exemplo: apoio de propulsão, estabilidade e absorção de impactos”, indica.
Ao amortecer impactos do terreno, o especialista informa que o pé transmite forças de reação à parte superior do corpo, mantendo a estabilidade corporal. O uso de calçados adequados, portanto, aumenta o grau de proteção dos pés e pode evitar o desgaste precoce das articulações.
Mas, por que nos preocupar tanto com nossos pés? Dr. Raul afirma que toda casa tem que ter um bom alicerce, portanto, nada mais justo do que dar o devido valor aos nossos pés. “O uso de calçados que não favorecem a sua biomecânica, ou seja, suas características individuais para marcha, pode causar desconforto, cansaço e dor local. As patologias crônicas inflamatórias podem se iniciar com uma escolha equivocada do seu calçado”, informa.
Contudo, como não existe um pé universal, se torna mais difícil a procura pelo calçado ideal. Felizmente, essa realidade está mudando. “Atualmente, as empresas de calcados, principalmente, as de calçados esportivos (tênis), estão investindo pesado nos estudos para diminuição de impacto, conforto e rendimento esportivo. Características como amortecimento, propulsão, peso e estruturação são cada vez mais estudadas, visando uma melhoria de rendimento e durabilidade. A prescrição de calcados é feita de maneira individual, ou seja, cada paciente deverá ser examinado e orientado a comprar o calçado que supre as suas necessidades”, orienta o profissional.
O Ortopedista indica os prós e contras de cada calçado:
• Sapatilhas, rasteirinhas e chinelos: Aumentam a sobrecarga na região do calcanhar. Estão intimamente relacionadas a patologias como a fasceite plantar, podem gerar dor e limitações. É recomendado o uso de saltos de até 4 cm na região posterior com a região anterior levemente elevada (estilo anabela). Dessa maneira, as cargas são distribuídas de forma mais adequada;
• Salto fino – Salto quadrado: A mudança de pressão plantar da região posterior para a região anterior do pé aumenta proporcionalmente com o tamanho do salto. Essa sobrecarga atinge, principalmente, a região da cabeça do primeiro e quinto metatarso, podendo acarretar problemas para essa região. A diferença entre saltos finos e mais largos (quadrados) está na instabilidade gerada pelo primeiro, que pode aumentar o risco de entorses de tornozelo e possíveis problemas ortopédicos;
• Sapatênis e sapatos fechados baixos – Sapato social masculino: Priorizam mais a beleza. Raramente, possuem características de absorção de impacto adequadas para práticas esportivas, mas, respondem bem às solicitações do dia a dia. Quanto maior o conforto e a absorção de impacto, menor a chance de problemas ortopédicos. Solados emborrachados com tecnologias de absorção de impacto são recomendados;
• Tênis esportivos: Geralmente, são direcionados para as atividades físicas de impacto, possuem atualmente uma alta tecnologia de impacto e propulsão. As grandes marcas são amplamente testadas e encontramos bons resultados para todas;
• Botas de segurança: Têm sua utilização restrita a fábricas e locais com alto risco de acidentes, priorizam a segurança e nem sempre proporcionam o conforto necessário. São responsáveis por várias patologias relacionadas aos pés.
Para ajudar no conforto e segurança do dia a dia, existem as palmilhas, aliadas no tratamento de diversas patologias ortopédicas. “Elas diminuem o impacto, redistribuindo a carga, limitando certos movimentos. Mas, é importante salientar que o uso isolado da palmilha não corrige a base dos problemas, melhorando apenas os sintomas. No caso da fasceite plantar, o uso de palmilhas de silicone com apoio do arco plantar longitudinal, alivia os sintomas e é coadjuvante no tratamento das patologias”, informa o especialista.
É importante procurar um ortopedista para uma avaliação estrutural e funcional de seus pés.