Antes de qualquer coisa, é preciso ter em mente que essa decisão é algo muito pessoal
Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgados no ano passado, as mulheres entre 30 e 34 anos que se tornaram mães em 2002 somavam 14,4%. Em 2012, esse número já havia subido para 19%. No mesmo período, o número de mulheres que engravidaram – entre 40 e 44 anos – passou de 53 mil para mais de 62 mil (um aumento de 17,6%).
De acordo com o ginecologista Dr. Rodrigo de Angelis, as mulheres hoje em dia se preocupam mais com a carreira, estabilidade financeira e procuram um relacionamento estável, por isso, optam por engravidar mais tarde. Antes de qualquer coisa, é preciso ter em mente que essa decisão é algo muito pessoal. Ainda assim, é válido o debate sobre os perigos da maternidade tardia – que, como tudo na vida, traz consigo vantagens e desvantagens.
A maior desvantagem de adiar a gravidez para depois dos 40 anos é o fato de que quanto mais velha a mulher fica, mais difícil será para ela conseguir engravidar. “As chances de engravidar depois dos 40 anos diminuem bastante porque ocorre uma diminuição do número de óvulos e de sua qualidade. Isto é, aumentam as chances desses óvulos terem alterações nos cromossomos, aumentando o risco de abortos e malformações”, explica o ginecologista.
As mães têm maior risco de desenvolver diabetes gestacional ou hipertensão durante a gravidez. Podem ocorrer problemas com a placenta ou no parto. Já os bebês, podem nascer com baixo peso ou prematuros, e muitas dessas crianças podem desenvolver diabetes tipo I ou hipertensão no futuro. Além disso, a taxa de natimortos – bebê que morre ainda no útero materno ou no parto – é mais alta. “Os óvulos já não possuem o conteúdo genético eficiente, aumentando também a probabilidade de síndromes genéticas”, acrescenta o especialista.
Na população geral, o índice de aborto é em torno de 15% a 20%; nas mulheres com 40 anos, sobe para 24%; com 43 anos, vai para 38%; e aos 44 anos, esse número vai para 54%. Ou seja, as chances de um aborto espontâneo acontecer em uma gestante com 40 anos ou mais são bem maiores.
Além disso, existe também uma maior dificuldade em recuperar o peso antigo após a gravidez.
“O metabolismo diminui com a idade, acarretando uma dificuldade maior para perda de peso, porém, a amamentação exclusiva por 6 meses contribui para a perda de peso”. Já por outro lado, existem as vantagens. A mulher de 40 anos teve tempo de aproveitar bem a vida e amadurecer. Provavelmente, tem mais estabilidade financeira, um relacionamento estável e realização profissional. “Estudos mostram que elas se preocupam mais em relação a alimentação de seus bebês e dão mais atenção aos filhos”, comenta Dr. Rodrigo.
Pesquisadores do Reino Unidos descobriram que as britânicas economizam muito mais a cada ano passado sem filhos do que as que se tornaram mães jovens, além de terem mais segurança para voltarem ao trabalho ao final da licença-maternidade. Para aquelas que desejam ter um filho nessa idade, vale ressaltar que, graças a uma grande variedade de tecnologias e métodos de fertilização assistida, estamos hoje no melhor momento para que essa tentativa seja possível.
Independente da idade, para aumentar as chances de ter uma gravidez saudável, é preciso adotar algumas precauções. “O principal desafio para as mulheres mais velhas é a concepção, pois, ocorre uma diminuição do número de óvulos e de sua qualidade. Os cuidados devem ser em relação à saúde geral, como alimentação saudável, evitar a ingestão de bebidas alcoólicas e fumo. A suplementação de acido fólico é importante, assim como o pré-natal”, recomenda Dr. Rodrigo.
No pré-natal, alguns exames específicos são feitos, tendo em vista as alterações que podem ocorrer. O parto mais indicado, se não houver complicações, é o parto normal. “Porém, como aumentam as chances de complicações em mulheres acima de 40 anos, a cesárea acaba sendo uma boa escolha. Cabe ao médico avaliar e fazer a melhor escolha”, finaliza Dr. Rodrigo de Angelis.