Atualmente, não é raro nos depararmos com pessoas mais retraídas: muitas têm dificuldade em iniciar uma conversa, não conseguem desenvolver relacionamentos interpessoais com facilidade e até mesmo encontram dificuldade em toda e qualquer relação com outra pessoa, principalmente, com desconhecidos. O nome desse fenômeno, como utilizamos em nosso dia-a-dia, é a timidez, o oposto da descontração.
De acordo com o Psicólogo Natal Marsari, existem três tipos básicos de timidez: a timidez situacional, a timidez crônica e a timidez proposital. A primeira se caracteriza pela pessoa que consegue interagir bem com uma autoridade e com pessoas do sexo oposto, mas sente vergonha de falar em público; já a timidez crônica é aquela que afeta todo convívio social, em que a pessoa não consegue fazer amigos ou falar com estranhos. Aqui, o medo de falar com autoridades é o mesmo do medo de falar em público. A timidez proposital é aquela em que a pessoa se isola de tudo e tem vergonha de si mesma; ela se sente incapaz e acaba se tornando antissocial.
As características de uma pessoa tímida variam de acordo com o tipo de sua timidez. “O comportamento difere da pessoa que possui timidez situacional, crônica e proposital. Porém, em todas elas, é possível perceber a inibição e o desconforto ao relacionar-se com outros, que são as características mais comuns. Existe também o medo de ser julgada ou observada, também característica da timidez”, esclarece o especialista.
A causa da timidez até pode ser hereditária; porém, o profissional explica que, na maior parte das vezes, a timidez surge de causas predominantemente ambientais. “As possibilidades de uma pessoa se tornar tímida estão associadas aos eventos vividos por ela, principalmente, na infância e adolescência, períodos de maior suscetibilidade. Exemplos: separação dos pais, abuso sexual ou outros eventos estressantes”, informa o Psicólogo.
A timidez pode prejudicar a vida da pessoa em larga escala se sair do controle. “O fenômeno pode se tornar prejudicial quando fica fora de controle, afetando a qualidade de vida do indivíduo. Nos casos em que isso acontece, a pessoa passa a ter prejuízos como, por exemplo, deixar de comparecer a uma entrevista de emprego ou deixar de frequentar lugares públicos como igrejas, bares, etc.”, indica Natal. Além disso, a pessoa tímida pode não conseguir resolver seus próprios problemas, ter medo de expor suas opiniões e acabar perdendo oportunidades por causa disso.
Para tratar a timidez, a psicoterapia é um excelente método, que pode ajudar a identificar o tipo de timidez e as causas. “O tratamento pode ajudar o paciente a compreender e superar seus bloqueios e inibições”, ressalta o Psicólogo.
Ao contrário do que muitos pensam, a timidez em si não é considerada uma doença. “Porém, o fenômeno pode evoluir para quadros patológicos, como, por exemplo, uma fobia social, depressão e até mesmo síndrome do pânico”, alerta o especialista.
Por fim, existem algumas dicas que as pessoas tímidas podem tentar seguir a fim de se tornarem um pouco mais estrovertidas e desinibidas:
• Não perca tempo se comparando às outras pessoas: cada um tem uma personalidade e um jeito de ser;
• Muitas vezes, pessoas muito ansiosas podem ser mais tímidas. Procure controlar a ansiedade e agir com naturalidade nas situações que vierem a você;
• Não se preocupe em falar o que as pessoas querem ouvir; seja mais você mesmo, e, se falar algo constrangedor, dê risada da situação e siga em frente;
• Tente se interessar pelo que as outras pessoas têm a dizer, e também conte suas próprias experiências;
• Pratique um esporte, ou comece uma aula de violão. Essa é uma ótima forma para conviver com outras pessoas com naturalidade.