Conheça um pouco da vida de Vilma Nolandi, uma das professoras mais memoráveis de Cosmópolis

Naturalmente cosmopolense, Vilma Zenaide Nolandi Costa foi uma das professoras mais memoráveis da educação em Cosmópolis, mostrando, enquanto em vida, seu amor e dedicação pelo aprendizado da juventude.
Começou a lecionar ciências e biologia com pouca idade e em escolas afastadas, como da Usina Ester e Nova Campinas. Na cidade, Vilma pode ser vista por muitos anos na Dr. Paulo de Almeida Nogueira (GEPAN) e na EMEB Rodrigo Octávio Langaard Menezes.
Mesmo após sua aposentadoria no GEPAN, a professora não parou de fazer o que amava. Voltou às salas de aula por pura paixão na escola Ivete Sala de Queiroz, onde se aposentou pela segunda vez. Tudos isso lhe rendeu seu nome em uma escola localizada na Avenida da Saudade (EMEB Profª Vilma Zenaide Nolandi Costa). “Foi uma homenagem. Naquela época, foram selecionados alguns professores cuja vida na profissão havia sido memorável, e a Vilma era um deles, já que representava muito para a cidade”, explica a professora e aposentada Marlene Ferreira Cardoso Pereira.
Fora das escolas, ela ainda dedicava-se a projetos voluntários na Casa da Criança e no Conselho Tutelar, onde ganhou o carinho e afeto de todos à sua volta.

Mãe
Segundo a filha Mirian Nolandi Costa, Vilma, sobre todas as coisas, foi sua maior companheira. Sempre muito dedicada e atenciosa, a engenheira a viu e ainda continua vendo como um verdadeiro exemplo.
“Dentro de casa, era tudo separado. O que era do trabalho dela, ficava longe de nós. Ela sempre soube conciliar os dois muito bem. Quando estava dedicando-se à correção de provas e trabalhos, nós sabíamos que não podíamos interferir. Foi assim a vida toda”, conta a filha.
Além disso, Mirian afirma que o amor pelo próximo sempre foi algo marcante na personalidade de sua mãe. “Ela alfabetizou a empregada, que trabalhou em nossa casa por 17 anos. Tínhamo-la como da família e, para minha mãe, era sua obrigação alfabetizá-la”, comenta.

Amiga e parceira de profissão
“Vilminha”, como Marlene Ferreira a chamava, sempre buscou, de todas as formas possíveis, fazer o que pudesse pelos jovens. “Todas as campanhas e eventos que precisavam de ajuda, tinham a presença dela. A Vilma amava a solidariedade. Eu costumava dizer a ela que era meu exemplo, já que sua vontade de transmitir a todos a necessidade de ‘arregaçarmos as mangas’ e ajudarmos, era extremamente contagiante”, explica.
Já Mariza Terezinha da Silva foi aluna da professora e pode acompanhar de perto a jornada da mesma em sala de aula, até que a escolha pela mesma profissão uniu as duas em um grande laço de amizade. “Em 1992, a dona Vilma fez uma cirurgia do quadril. Na época, trabalhava na escola Rodrigo e resolveu me indicar para substituí-la no período de afastamento. Foi um honra para mim! Após isso, trabalhamos juntas no Ivete Sala”, afirma Marisa, também professora e aposentada.
Após a aposentadoria de Vilma, a amizade de ambas apenas se fortaleceu. As professoras contam que, a partir de então, sempre havia reuniões e comemorações de aniversário. “Criamos um grande laço de amizade. Pelo amor e carisma, a Vilminha nunca ficava sozinha”, diz Marlene.

Saúde e últimos dias
Uma bactéria, localizada em seu coração, resultou em quatro AVCs (Acidente Vascular Cerebral), que prejudicou, principalmente, sua fala. O ocorrido tornou a saúde de Vilma Nolandi extremamente debilitada, o que foi agravando-se após cirurgias e infecções.
“Nos últimos dias, notamos uma diferença no comportamento da minha mãe, que sempre foi extremamente ativa e animada. Lembro-me que, sempre que a chamávamos para ir a um lugar, ela se levantava na hora, não tinha nada que a impedisse. Mas, de um período para cá, ela estava apresentando muito cansaço e recusa quando a chamávamos para sair. Algum tempo depois, ela faleceu por insuficiência cardíaca”, conta Mirian.
Mesmo com todas as condições, Vilma nunca abandonou seu carisma e simpatia. Sempre lúcida, a aposentada tinha um grande senso de humor, segundo a filha. “Houve uma vez, após uma internação, todos nós (filhos) nos encontrávamos junto a ela. Naquele momento, minha mãe disse: ‘por que estão com essas caras? Eu não vou morrer. Já falei com Deus e eu disse que ainda tenho muito que fazer na terra. Ele concordou, então fiquem tranquilos’. No fim de tudo, ela voltou, um pouco debilitada por conta da UTI, mas resolvemos tudo com fisioterapia. Passado algum tempo, ela já estava bem e dirigindo até Campinas para sua aula de pintura. Isso aos 80 anos!”, conta.
E, hoje, só as lembranças confortam o coração daqueles que com ela conviveram. Cosmópolis não perdeu apenas uma das maiores figuras da educação, mas também uma alma bondosa.

Mariza Terezinha, Mirian Nolandi e Marlene Ferreira/ FOTO: GAZETA DE COSMOÓPOLIS