Consciência Negra: conheça a história da professora Thais Goes Alves

Foi comemorado, na última terça-feira (20), o Dia Nacional da Consciência Negra. Em homenagem a esta data, conheça a história de Thais Goes Alves. A professora de canto, de 29 anos, nascida na capital paulista, hoje, pode ser considerada uma mulher negra e batalhadora, que sempre buscou lutar contra o preconceito.

Aceitação de si mesma
“Eu sempre tive noção de que, na minha família, tinham muitos negros, mas, a minha aceitação só aconteceu durante a adolescência. Foi a partir desse momento que fui percebendo a diferença entre eu e minhas amigas. Meu cabelo era crespo, e, mesmo alisando-o, ele não ficava soltinho e modelado como os das outras garotas. Quando eu comecei a querer soltá-lo e deixá-lo natural, houve muito estranhamento por parte dos meus colegas, cheguei a sofrer bullying. Mas, minha personalidade forte sempre me ajudou a lidar com qualquer crítica, e, a partir do momento em que meu cabelo passou a chocar as pessoas, eu passei a mostrá-lo cada vez mais”.

Preconceito
“Eu não posso afirmar que o preconceito faz parte do meu cotidiano, até porque não fui vítima disso muitas vezes. A única vez que algo me chocou muito foi no meu primeiro emprego registrado; trabalhei no SAC de um supermercado. Nesse caso, uma senhora se recusou a receber o meu atendimento, tendo preferido ir embora. Aquilo não me fez chorar, mas me deu uma noção do que o negro ainda sofre.
Quando eu ainda morava em São Paulo, pude ver isso direcionado a outras pessoas, principalmente, no metrô. Certa vez, estávamos todos como em uma lata de sardinha de tão apertados dentro do local. Um senhor começou a reclamar do cheiro de um homem negro, afirmando que o odor era fruto da cor dele. Nesse dia, eu e mais outras pessoas não ficamos calados e protestamos aquela alegação preconceituosa.
Mas, as coisas não param por aí. Dentro de uma família negra, ouvimos histórias de racismo, como, por exemplo, meu avô que não foi coroinha da Igreja porque era negro”.

Canal no Youtube
“Tenho um canal, que leva o meu nome, onde, além de falar sobre maternidade e música, falo sobre questões sociais referentes à comunidade negra. Lá, eu uso do sarcasmo para falar sobre isso, principalmente, para apagar a questão do ‘vitimismo’. Não nos vitimamos, somos de fato vítimas. O maior índice de mortalidade é de pessoas pretas! Quero fazer a população entender esse contexto de forma sensata e sem atacar ninguém”.

Consciência Negra
“Na verdade, esse nome me irrita um pouco. A consciência sobre isso precisa acontecer todos os dias. Mas, ainda acredito que seja importante para mostrar que a nossa cultura está cada vez maior. De uns 10 anos para cá, o feriado está sendo importante para abrir o espaço do negro na sociedade”.

Por que Cosmópolis não comemora Consciência Negra?
A Prefeitura Municipal de Cosmópolis reconhece a importância do Dia da Consciência Negra, comemorado em 20 de novembro, na luta do movimento negro brasileiro contra a discriminação racial e pela igualdade social.
Na época da promulgação da Lei n° 10.639/2003, que estabelece a data como parte do calendário escolar brasileiro, o Executivo e o Legislativo do município chegaram a discutir sobre tornar a data em feriado municipal.
A ideia só não foi implementada, pois, a cidade já tem três feriados em novembro: Finados (2), Proclamação da República (15) e a Emancipação Político Administrativa do Município de Cosmópolis (30).
Posteriormente, a Lei nº 12.519/2011, sancionada pela ex-presidenta Dilma Roussef, também não definiu 20 de novembro como feriado, apenas instituiu a data como parte do calendário comemorativo nacional.
O fato deste dia não ser feriado no calendário municipal não significa que a data passe em branco. A Igualdade é trabalhada como tema nas Escolas Municipais de Ensino Básico (EMEBs) durante todo o ano e no mês de novembro são realizadas atividades específicas sobre a Consciência Negra.