No rigor do inverno norte-americano, um imigrante latino enfrenta o frio da madrugada para cumprir o seu ofício em um posto de gasolina na pequena cidade de Abingdon, na Vírginia. Em uma dessas madrugadas geladas, quando a neve forrava de branco a paisagem bucólica do lugar, a escuridão da noite é rompida pelas luzes dos faróis de um veículo que se aproxima lentamente do posto. Lá dentro, quase sem acreditar, os olhos do jovem acompanham atentamente os movimentos do veículo que se aproxima, na expectativa que ele seguirá sua rota pela rua deserta, mas, ao contrário disso, o veículo entra no posto de combustíveis, e para o furor do frentista, ele não pára na bomba do auto-atendimento.
Enquanto vestia o seu agasalho, palavras de inconformismo eram despejadas da sua boca, afinal de contas, como alguém ousara fazê-lo encarar a mais fria das madrugadas e uma terrível nevasca para atender o “motorista folgado” que poderia ele mesmo encher o tanque do veículo, e assim, chutando flocos de neve, com olhar sisudo e semblante de poucos amigos, o jovem frentista se dirigiu até o carro, e quando o vidro do passageiro baixou, fazendo gotejar o gelo derretido, a voz singela de uma idosa senhora ecoou a dizer: “todas as noites te observo quando passas na frente da minha casa a se dirigir ao trabalho, então, como está muitíssimo frio, resolvi preparar um chocolate quente e uns bolinhos fritos na hora, para que pudesse amenizar o frio e te aquecer no rigor da noite”.
Mais do que aquecer o frio do rigoroso inverno, a atitude daquela senhora fez derreter o coração gelado do moço, quebrando o gelo do inconformismo e acendendo o fogo da gratidão, pois antes de fazê-lo sair da sua cabine aquecida e se dirigir até a bomba, alguém se dispôs a sair do conforto do seu lar, romper a madrugada gelada para lhe oferecer um pouco de calor, o calor humano.
Adaptação do texto
de Rick Warren