Correia dentada: um perigo silencioso

Falta de sincronia do ponto do motor com o virabrequim pode ocasionar empenamento na válvula do motor e problemas nos cabeçotes do carro 

A correia dentada em más condições pode se tornar um perigo silencioso. Na maioria das vezes, ela não apresenta sintomas de desgaste. E o rompimento dela pode causar graves danos ao motor. O mecânico Rafael Ribeiro afirma que, com a quebra da correia dentada, inevitavelmente, danifica-se o cabeçote do motor.

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A maior parte dos cuidados a serem tomados está relacionada à instalação da peça. (Foto: Gazeta / TV Jaguari)

A correia, quando instalada corretamente, não apresenta sintomas de desgaste e muito menos barulhos. Rafael diz que, em alguns casos, pode-se ouvir um barulho vindo do rolamento tensor, peça do kit responsável pela tensão da correia.
Recomenda-se que a substituição da correia seja feita, nos primeiros 60 mil quilômetros. Feita esta troca, deve-se trocar a peça a cada 40 mil quilômetros, por isso, a importância do histórico da troca do kit de correia dentada.
A peça pode desgastar com maior velocidade se ela trabalhar com uma instalação incorreta. “Acontece muito de pessoas, na hora da troca, optarem por trocar somente a correia e manter o tensor, pois é a peça mais cara do kit. Isso pode acarretar em problemas de tensão, fazendo com que a correia trabalhe de forma irregular”, explica Rafael.
Além disso, o especialista conta que “no momento que se vai instalar a correia, algumas pessoas podem danificar a correia, caso não seja feito um encaixe preciso nas polias do comando de válvulas”. Desse modo, pode-se comprometer os materiais da correia, causando a diminuição da vida útil dela.
Ela pode ser comprometida também, caso a capa de proteção não esteja devidamente alocada. A capa evita acúmulo de sujeira e o atrito com outros componentes do próprio veículo ou possíveis corpos estranhos no deslocamento do veículo. Além deles, o óleo também pode se tornar um inimigo, por isso, é importante eliminar possíveis vazamentos vindos da junta da tampa de válvulas e também dos retentores dos comandos e virabrequim.
A maior parte dos cuidados que devem ser tomados estão relacionados à instalação. Nela é importante que se sigam algumas regras e que se conheçam o ponto de sincronismo do motor, para que haja um perfeito funcionamento entre virabrequim e comando de válvulas.
A falta de sincronismo danifica componentes do motor, como válvulas ou o próprio pistão. Por conta disso, Rafael lembra que o “trocar correia dentada é algo muito sério. Quando feito isso de forma incorreta ou por profissionais não qualificados, pode-se danificar o cabeçote do carro”.
Cada carro tem um ponto específico, mas a maioria trabalha no PMS (Ponto Morto Superior). Quando se dá a partida e sobe o cilindro, ele deve movimentar-se de maneira correta para que haja a explosão da vela, ocorrendo, assim, a combustão e movimento dos pistões. Se houver a montagem fora de ponto, pode danificar a válvula do carro, podendo ocasionar o empenamento de válvula, pela movimentação em tempo incorreto.
Em casos mais amenos de má instalação, o carro pode também aumentar o consumo de combustível. O sistema fica fora de ponto e a explosão acontece fora do ponto correto.
Para achar o ponto, Rafael conta que se deve tirar a vela do primeiro cilindro e, com o relógio comparador instalado, vira-se o virabrequim até alcançar o ponto. Quando o primeiro cilindro estiver em cima e entrar em contato com o relógio comparador, ele estará no PMS.
Nos motores 16 válvulas, a troca de correia é mais complexa, por conta deles possuírem dois comandos de válvulas.
O valor cobrado é, em geral, R$ 260,00 nos carros populares. Já nos carros 16 válvulas, o valor pode alterar e chegar até R$ 900,00.
“Na dúvida, deve-se sempre trocar a correia. Pelo valor que é cobrado, não é tão caro quanto correr o risco de ocorrer a quebra e ter de retificar o cabeçote do veículo”, finaliza Rafael.