No dia 5 de junho, é comemorado o Dia Mundial do Meio Ambiente. Pensando nisto, a Gazeta de Cosmópolis foi ouvir uma das muitas figuras importantes para a ecologia, o senhor Antonio Rodolfo Rizzo.
Aos 84 anos de idade, ele já plantou mais de 2,5 mil árvores pela cidade. Ele ainda vai aos domingos visitar as árvores plantadas e, frequentemente, planta outras com a ajuda de uma funcionária e um amigo. O aposentado afirma que pensar no meio ambiente é essencial para todos, além de trazer uma satisfação pessoal.
O plantio começa nos quintais da sua casa, onde ele cria mudas para levá-las futuramente ao novo destino. Além dessas, Rizzo conta que recebe a colaboração de muitas pessoas que doam mudas ou sementes para que ele as plante.
Após 23 anos do primeiro plantio na represa, ele relembra como as árvores têm significados especiais em sua vida. Tudo começou quando nasceu a primeira neta. “Resolvi plantar uma árvore nas margens da represa para marcar o nascimento dela”. No mesmo dia, com a ajuda de Walter Garutti (in memorian), Rizzo decidiu que frequentaria o local aos domingos, seja para plantar novas árvores ou para cuidar das já plantadas.
No nascimento de seu neto não foi diferente, também foi plantada uma árvore, um bambu que se encontra lá até hoje.
Dividindo sentimentos, as árvores marcam, tanto momentos felizes quanto momentos difíceis de sua vida, como é o caso da árvore plantada para marcar a morte de seu filho.
São mais de 2 mil em torno da represa, sobreviventes de condições adversas e até mesmo incêndios que aconteceram na região, elas continuam lá e se expandindo ao longo dos anos.
Rizzo lembra que, no início, eles plantavam em torno dos 30 metros próximos ao rio, porém, após uma visita de um membro do Departamento de Proteção do Meio Ambiente, esse espaço aumentou para 100 metros.
E com maior espaço, também vieram mais árvores. “O nosso trabalho começou a ficar famoso e o consórcio da bacia do Rio Piracicaba, Jaguari e Capivari veio até aqui para realizar um evento plantando quase 300 mudas de árvores no local”, conta o aposentado, que lamenta por muitas dessas árvores terem morrido com a seca e em um dos incêndios.
Cidade
Suas árvores não estão espalhadas somente pela represa, elas também estão pela cidade.
A primeira delas é possível ver em frente à sua casa. Uma chapéu de sol que veio do litoral e já está plantada há mais de 50 anos.
São mais de 500 as árvores plantadas por Rizzo na cidade. A maioria se encontra no Parque das Nações, popularmente conhecida como “Praça do Amor.”
Ele explica que as árvores foram plantadas depois de uma decisão tomada em uma reunião do Rotary, onde o presidente da época, José Marques Barbosa, sugeriu fazer algo para marcar a cidade. Sendo assim, como Rizzo trabalhava na Prefeitura, logo indicou a praça para um projeto de arborização.
Já contando com árvores nativas, como os amendoinzeiro, e apoiado pelo prefeito da época, o plantio começou com dificuldades porque, conforme lembra Rizzo, muitas pessoas roubavam as mudas.
Cuidados
Plantar uma árvore não implica somente em fazer um buraco, colocar a muda e fechar. “Dá trabalho para cuidar, o maior problema é esse”, lembra o ambientalista.
Caso plantada em tempo de seca, pela ausência de raiz, a muda irá morrer. Sendo assim, é necessário irrigar a árvore com frequência. É isso que Rizzo e Garutti faziam aos domingos, feriados e fins de tarde. Com um balde, eles amarravam uma corda para retirar a água do rio e levá-la até as mudas.
Os pescadores
Com a dificuldade de transportar uma grande quantidade de ferramentas, Rizzo conseguiu a ajuda dos pescadores que utilizavam os ranchos na beira da represa. “Tive uns amigos que me ajudaram cedendo um espaço para guardar as ferramentas e isso me ajudou muito”.
Conscientização
Foram anos de trabalho e dedicação. Pensando nisso, Rizzo afirma que está muito satisfeito com tudo o que fez pelo meio ambiente e que se apaixona quando o assunto é ecologia.
Ele lembra que, durante os trabalhos, ele já presenciou diversos animais na mata. “Eu já encontrei muitos bichos lá, desde lagartos, tucanos, até cobras e saguis”.
Rizzo acredita que as pessoas estão mais preocupadas com a preservação ambiental, vista do que foi no passado. “Devagarzinho, a conscientização das pessoas vai mudando”.
Além dos trabalhos de plantio, o aposentado realizou uma palestra em uma escola, através do convite de uma professora, onde contou sobre seu trabalho e ensinou as crianças a plantarem árvores.
“Deus deu para mim esse dom e eu me apaixono quando falamos de árvores”, finaliza Rizzo.
Árvores das amizades
Dentre dos muitos amigos e colaboradores que participaram da vida de Rizzo, um nome ficou marcado, como quem marca o nome em uma árvore.
Walter Garutti, ambientalista que contribuiu na Mata Ciliar da represa juntamente com Rizzo, teve um papel fundamental para a ecologia de Cosmópolis. “Ele foi um companheiro e, se tem mata lá, devemos muito a ele”, homenageia Rizzo.
Rizzo lembra que conheceu Garutti no caminho, quando ele se propôs a ir junto plantar a primeira árvore. Feito o primeiro trabalho, os dois começaram a frequentar a região todos os domingos. “Ccomeçamos a pegar bastante mudas, minha mulher levava até a pista e descíamos a pé até a represa, mas, com o tempo, as mudas aumentaram e as ferramentas também, aí tínhamos que descer de carro até as margens”.
Walter Garutti faleceu em 2008, aos 88 anos, vítima de um infarto, mas, deixou suas lembranças ao longo das margens da represa e no coração dos amigos e famílias.