Cosmopolense é convocado pela Seleção Brasileira de Futebol de Amputados

O Cosmopolense Maurício Mendes Souza Junior, o Juninho, teve a realização de um sonho de criança nos últimos dias. Ele foi convocado pela ABDDF (Associação Brasileira de Desporto para Deficientes Físicos) para integrar a Seleção Brasileira de Futebol de Amputados.
Juninho, que hoje tem 31 anos, joga futebol desde pequeno, vencendo as dificuldades da sua deficiência. Ele tem um problema na perna esquerda, que é o fêmur curto congênito. Ele tem uma diferença de vinte e cinco centímetros em relação a perna direita.
Hoje, o jogador atua pelo time da Ponte Preta, em Campinas, tendo passado por outras equipes da região.
A convocação aconteceu pela primeira vez e pode levar o cosmopolense a disputar a Copa do Mundo de Futebol de Amputados. O torneio vai acontecer em outubro, no México.
Juninho explicou como aconteceu a sua convocação e quais serão os próximos passos para conseguir chegar ao Mundial. “Como é uma modalidade que ainda não é considerada paralímpica, não se tem muito recurso, nem mesmo patrocínio. Então, não é possível marcar amistosos sempre. O que existe são as fases de treinamento da Seleção Brasileira. Até a Copa do Mundo, acontecerão seis fases de treinamento. A primeira convocação saiu agora e vai acontecer nos dias 24 e 25 de março”, explicou.
O jogador foi convocado para essa primeira fase de treinamento. Após esse primeiro treinamento, o técnico da Seleção decide quem serão os convocados para a segunda fase de treinamento. Com isso, uma ‘peneira’ é feita.
“Ele convoca certos atletas para a primeira fase para que cada um seja analisado. E aí, conforme vão acontecendo as outras fases, ele vai convocando. Então, serão seis degraus que eu tenho que subir até chegar na Copa do Mundo. Quando chegar próximo à data, tem a convocação final”, concluiu o atleta.
No total, cada time de futebol para amputados é composto por sete atletas, sendo um goleiro e seis na linha.
O campo usado para a prática é dimensionado para o tamanho conhecido como ‘society’.
As competições, no entanto, nem sempre acontecem nesse tipo de campo, que conta com grama sintética. Algumas vezes, um campo comum, de grama, é adaptado para as dimensões e a partida é disputada.
“Aqui no Brasil, temos o costume de jogar no sintético (grama sintética), aí é melhor. Até mesmo quando chove, escorrega menos. Mas, nos campeonatos lá fora, os campos são de grama. Se chover muito, fica complicado, porque escorrega mais. Mas, damos um jeito”, completou juninho.

Início da carreira como jogador
O cosmopolense conta que começou a jogar há cerca de seis anos. No entanto, desde pequeno, já jogava com os amigos na rua ou na escola.
“Fiz uma busca na internet por futebol de amputados e encontrei o futebol de Mogi das Cruzes. Mandei uma mensagem dizendo que eu era deficiente e jogava bola”, contou o jogador.
A resposta do e-mail veio mais rápida do que eu esperava. “Eles me ligaram depois de cinco minutos que eu havia mandado a mensagem. Como era fim de ano, eles me fizeram o convite para ir no começo do ano para fazer um teste e ver se eu me adaptava”.
Segundo o atleta, muitos jogadores acabam não se adaptando ao esporte porque ainda estão se adaptando ao uso de muletas.
No entanto, Juninho já jogava na rua, com os amigos, o que tornou a adaptação ao esporte bem mais fácil.
Após o teste, Juninho permaneceu treinando em Mogi das Cruzes por cerca de cinco anos.

Equipe atual
A vontade de montar uma equipe na região começou a partir das dificuldades encontradas para treinar longe. Os treinos aconteciam aos sábados e a distância e os gastos começaram a pesar no orçamento.
Com isso, Juninho decidiu reunir alguns atletas da região e divulgar o esporte. Em seguida, ele procurou a Equipe da Ponte Preta para que pudesse abraçar o projeto, o que aconteceu há cerca de dois anos.
“Ano passado, começamos a divulgação na região e começaram a surgir atletas. Hoje, nós temos atletas de toda a região”, completou o jogador.
O atleta, além de jogar, hoje também é o coordenador do time, ao lado de Willian Leite.
Juninho brinca que o amigo não é seu braço direito. “O Willian não é o meu braço direito. Na verdade, ele é minha perna esquerda. Trabalhamos muito fora de campo para poder proporcionar tudo o que acontece dentro de campo. Poder realizar o sonho de outras pessoas, que acabaram sofrendo um trauma, esse é o que dá mais sentido ao projeto. Assim como eu consegui realizar o meu sonho de jogar bola, hoje, estamos proporcionando isso para vários atletas aqui da região. Para aqueles que acharam que nunca mais iriam poder colocar uma chuteira, entrar em campo, disputar um campeonato, agora, através do nosso projeto, estamos conseguindo trazer isso para a região”.

Copa do Mundo
A Copa do Mundo de Futebol para Amputados acontecerá no México. Juninho conta que está feliz com essa, que é a sua primeira convocação para a Seleção. “Pensava que poderia ser até antes que eu iria conseguir ser convocado. Mas, tudo tem um tempo certo. Deus abre as portas na hora certa”, confessa Juninho.
O atleta também conta que participar seria a realização de um sonho, desde criança. “É um sonho. Você puxa todo o histórico. Aquela vontade de ser jogador, que não conseguiria por andar de muleta… E querer participar de um campeonato na escola, e aí o pessoal acabava não deixando por vários motivos… Poxa, sou brasileiro, todo mundo sonha em ser jogador. E, agora, conseguindo isso, é uma conquista pessoal e para nossa equipe, levando o nome da Ponte Preta para a Seleção e, se Deus quiser, para o Mundial”, finalizou Juninho.

O atleta cosmopolense agora tenta conseguir patrocínios para dar prosseguimento à carreira. Atualmente, ele conta com o patrocínio do CF Automotivo.
Quem puder ajudar o atleta, pode entrar em contato com ele através do telefone 19 99281 2732.