Ewerton Cordeiro Fulini afirma que “é desafiador, mas a paixão e a dedicação que tenho por esse trabalho tornam tudo muito prazeroso e gratificante”
A oportunidade de ser residente de uma cidade do interior pode trazer sentimentos controversos em jovens da geração Z. A sensação de distanciamento da capital pode levá-los ao sentimento que estarão presos a uma única realidade. O Cosmopolense Ewerton Cordeiro Fulini, residiu na cidade até seus 23 anos e conta um pouco da sua trajetória até alcançar o cargo de vice-presidente do renomado Instituto Ayrton Senna. “Escrevo com a intenção de inspirar muitos jovens que podem acreditar que nascer em uma cidade do interior pode limitar suas chances de sucesso”.
Introdução
“Eu me chamo Ewerton Cordeiro Fulini, sou casado e atualmente ocupo o cargo de vice-presidente do renomado Instituto Ayrton Senna. Nasci em Cosmópolis, no dia 14 de janeiro de 1985, no Hospital Beneficente Santa Gertrudes. Sinto-me honrado pela oportunidade de compartilhar minha história com vocês e espero que ela possa inspirar crianças e jovens da nossa cidade. Ao longo da minha trajetória, tive o privilégio de aprender lições valiosas com minha família, trabalho e amigos. Esses valores me acompanharam durante toda a vida, e hoje sou grato por tê-los em minha essência. Sempre fui uma pessoa dedicada e focada em alcançar meus objetivos, mesmo diante de grandes desafios.
Apesar dos desafios, sempre acreditei na importância de dar o melhor de mim em cada oportunidade. E é esse o conselho inicial que eu gostaria de passar para os jovens da nossa cidade: dediquem-se de corpo e alma aos seus sonhos, acreditem em si mesmos e, acima de tudo, nunca desistam. Lutem sempre com garra e determinação, e tenham a certeza de que o sucesso pode estar logo ali na frente, esperando por vocês. Acredito também que a condição socioeconômica de uma pessoa não determina, necessariamente, o seu futuro. Com muita determinação e foco, você pode transformar a sua realidade para melhor”.
Infância e juventude em Cosmópolis
“Venho de uma família humilde, que não completou o ensino médio, porém, muito trabalhadora e que transmitiu valores fundamentais que carrego até hoje comigo. Minha infância foi simples, porém feliz, e sempre fui um menino muito curioso, estudioso e brincalhão.
Desde a pré-escola, estudei em escolas públicas, já que meus pais não tinham condições financeiras de pagar uma educação privada. No ensino fundamental, frequentei a EMEB Rodrigo Octávio Langaard Menezes e a EMEB Estudante Ximena Coelho Pereira, e no ensino médio, tive a oportunidade de estudar no GEPAN – Escola Estadual Dr. Paulo de Almeida Nogueira.
Ao longo da minha trajetória escolar, sempre tive excelentes notas e gostava de assumir papéis de liderança. Aos 13 anos, comecei a trabalhar no bar do meu pai, chamado “Casa Grande”, onde desempenhei diversas funções, como caixa, atendimento e cozinha. Essa rotina desafiadora me ajudou a desenvolver habilidades que mais tarde seriam úteis na minha vida profissional.
Durante esse período, conheci um grupo de adolescentes da ONG Solidariedade em Ação, que apresentaram oficinas de educação sexual para jovens na minha escola. Admirei a desenvoltura deles e me candidatei para participar do grupo, no qual desenvolvi habilidades de apresentação em público, criatividade e liderança. Infelizmente, tive que me desligar do grupo quando mudei de cidade”.
Sonhos
“Desde jovem, sempre tive uma grande ambição e espírito sonhador. Almejava estudar em uma universidade renomada, viver em uma grande cidade e explorar o mundo, conhecendo diversas culturas e pessoas incríveis. Embora, por vezes, parecesse impossível, eu nunca deixei de sonhar e acreditar em mim mesmo. Afinal, são os sonhos que nos movem e nos inspiram a buscar um futuro melhor”.
Entrada no mercado de trabalho
“Quando completei 18 anos, senti uma inquietude em relação aos meus sonhos. Eu sabia que não conseguiria alcançá-los fazendo as mesmas coisas de sempre. Comecei a me perguntar o que estava fazendo para me conectar aos meus sonhos e percebi que naquele momento seria importante buscar uma faculdade e um emprego que me trouxessem outras experiências. Foi então que precisei olhar para as oportunidades fora da nossa cidade.
Decidi, então, pegar um ônibus e ir até Campinas procurar empregos. Naquela época, era eficiente bater de porta em porta entregando currículos impressos. Para minha alegria, a C&A estava contratando promotores para vender o cartão da loja para clientes. Eu agarrei a oportunidade e comecei a trabalhar com eles. Meses depois, fui transferido para a venda de títulos de capitalização do Banco Ibi da C&A e, devido à minha excelente performance em vendas, fui promovido para supervisor.
Foi nessa mesma época que iniciei a graduação em Comunicação Social com ênfase em Publicidade e Propaganda em uma faculdade privada próxima da C&A. Eu sabia que essa rotina seria muito dura, mas eu estava determinado a fazer o que fosse necessário para alcançar meus objetivos. Acordava todos os dias às 6h, pegava um ônibus de Cosmópolis para Campinas, trabalhava até às 18h e, em seguida, entrava na faculdade às 19h. Depois das aulas, caminhava da faculdade até a rodoviária (eram alguns quilômetros) e voltava para Cosmópolis. Foi assim durante mais de dois anos, mas eu não desisti. Eu sabia que tudo aquilo era temporário e que, no futuro, eu seria recompensado pelo meu esforço e dedicação.
Em 2005, participei de um processo seletivo da Texaco, atualmente conhecida como Chevron, que naquele momento buscava vendedores para comercializar refinados e lubrificantes. Fiquei entusiasmado com a possibilidade de desenvolver minha carreira em uma multinacional e pela oportunidade de trabalhar em Paulínia. Após algumas entrevistas, fui selecionado e trabalhei na empresa por quase três anos, uma experiência positiva para o início da minha carreira. Aprendi a atuar em um ambiente corporativo, com processos bem definidos e uma forte preocupação com a segurança e o desenvolvimento dos funcionários”.
Construção da carreira
“Lembro-me claramente do dia em que recebi a notícia de que uma colega de trabalho da Texaco havia sido aprovada em um processo seletivo na construtora Cyrela. Naquela época, a construtora ainda não era muito conhecida por mim, mas sabia que estava envolvida com projetos em São Paulo e Rio de Janeiro. Um dos meus sonhos era morar em uma grande cidade e a Cyrela ficava sediada em São Paulo, capital. Foi assim que comecei a vislumbrar novas possibilidades em minha carreira profissional.
Algumas semanas depois, ela me informou sobre uma oportunidade, especificamente para a área de vendas de imóveis. Sem perder tempo, enviei meu currículo imediatamente e fui convocado para algumas entrevistas na sede da empresa. Como não tinha um carro próprio, precisava pegar o veículo emprestado do meu pai para chegar até São Paulo.
Após ser aprovado no processo seletivo da Cyrela, tive que tomar uma difícil decisão: pedir demissão do meu emprego na Texaco e mudar de Cosmópolis para São Paulo. Tinha consciência do grande desafio que me esperaria, mas estava muito confiante que essa decisão se conectava totalmente ao meu sonho. Por isso, decidi embarcar nessa nova aventura. Eu iniciaria no novo emprego na Cyrela em duas semanas e comecei a buscar desesperadamente um lugar para morar na cidade. Além disso, outro desafio que precisei superar foi o fato de que era necessário ter um carro próprio para assumir o cargo de supervisor de vendas. Consegui adquirir um carro em uma concessionária, sem entrada e parcelado em 60 vezes, sabendo que não era o melhor negócio, mas era a única opção naquele momento. Apesar de toda a empolgação com a nova oportunidade, meus pais não estavam convencidos, pois o novo emprego era como pessoa jurídica e a remuneração era composta por uma pequena base mais as comissões das vendas.
Com muito esforço e dedicação, em menos de um ano, consegui atingir excelentes resultados na empresa e, com isso, consegui quitar meu carro. Essa foi uma grande vitória para mim e me mostrou o quanto a dedicação, a persistência e a resiliência foram importantes no processo.
Nos primeiros anos em que estive na Cyrela, a empresa abriu capital na Bolsa de Valores e iniciou seu processo de expansão, buscando profissionais que tivessem mobilidade para abrir novas filiais em outros estados. Foi nesse momento que topei o desafio, mesmo com uma remuneração menor. Aceitei uma posição CLT e morei por um ano e meio em Belo Horizonte, onde trabalhei como coordenador comercial. Minha performance me levou a ser promovido a gerente regional e transferido para Brasília, onde fiquei responsável por diversas regiões, incluindo Belo Horizonte, Goiânia, Vitória e a capital. Essa nova oportunidade me permitiu expandir ainda mais minha experiência e habilidades profissionais.
Após mais de um ano em Brasília, recebi uma nova proposta de trabalho na Cyrela. Eu havia desempenhado um ótimo trabalho na área comercial, mas sentia que ainda faltava algo em minha carreira, algo que pudesse me satisfazer ainda mais. Foi quando surgiu a oportunidade de trabalhar com Recursos Humanos, algo que nunca havia passado pela minha mente, mas que me fez pensar: “Por que não?”.
Apesar do estranhamento inicial, eu decidi arriscar e aceitei o desafio. Assim que comecei a atuar nessa nova área, percebi que estava no caminho certo. A paixão por pessoas e pelo desenvolvimento humano sempre esteve dentro de mim, mas se tornou ainda mais evidente. Eu me dediquei ainda mais ao meu trabalho, reformulei diversas ações na área e busquei constantemente novas formas de ajudar as pessoas a se desenvolverem, a crescerem profissional e pessoalmente”. (…)
A ida para o terceiro setor
“Durante minha carreira, percebi que a busca por um propósito era algo importante para a minha realização profissional. Foi então que, em 2019, participei de um processo seletivo para Diretoria de Recursos Humanos do Instituto Ayrton Senna, onde tive a oportunidade de conversar com a inspiradora Viviane Senna. Foi incrível perceber a paixão que ela tinha ao falar do Instituto, dos seus projetos e desafios. (…)
Desde a sua fundação, o Instituto Ayrton Senna tem tido um papel fundamental na promoção da educação integral no Brasil, capacitação de educadores e na criação de políticas públicas que visam a melhoria do ensino educacional. E fazer parte de uma instituição que está à frente de uma mudança tão importante em nosso país é extremamente gratificante.
Assumir a posição de vice-presidente de toda a organização é um grande desafio, mas também uma grande oportunidade de continuar a fazer a diferença na vida de milhares de crianças e jovens. É um trabalho desafiador, mas a paixão e a dedicação que tenho por esse trabalho tornam tudo muito prazeroso e gratificante.
Algumas pessoas me perguntam: qual o segredo do sucesso?
Embora não exista uma fórmula mágica, gostaria de compartilhar algumas dicas que aprendi ao longo da minha carreira:
• Estabeleça objetivos e metas bem definidos e nunca desista deles;
• Dedique-se e persista em alcançar seus objetivos;
• Desenvolva habilidades e aprimore seus conhecimentos constantemente;
• Construa uma rede de contatos forte (networking);
• Seja resiliente e aprenda com as adversidades.
Combinar essas dicas pode levar ao sucesso, mas não se engane: não é fácil.
Lembre-se de que, independentemente do caminho que escolha seguir, é importante conectar-se com seu propósito e fazer as coisas com amor e dedicação. Estas atitudes farão com que a jornada seja mais leve e agradável, mesmo diante dos desafios que possam surgir.
Você é o protagonista da sua história e do seu sucesso. Por isso, seja obstinado em buscar sempre o seu desenvolvimento, nunca desista dos seus sonhos, mesmo que a jornada seja difícil e cheia de obstáculos. Não se deixe limitar pelas circunstâncias. Acredite em si mesmo, siga em frente e celebre cada conquista no caminho.
A minha história prova que é possível deixar um cenário de poucas oportunidades para chegar onde se quer. Hoje tenho muito orgulho de ser o vice-presidente de uma das organizações mais respeitadas do Brasil e, com meu trabalho, poder contribuir com um futuro melhor de tantas crianças e jovens como os da nossa Cosmópolis”.