Os estudantes Lucas Guzzo e Walter Neto foram os maiores pontuados no curso de Letras da UFU e Ensino Médio + Técnico em Informática no Cotil
Esta semana, a Gazeta de Cosmópolis entrevistou dois estudantes que dedicaram muitos dias para realizar uma das primeiras etapas de um grande sonho. Passar em um vestibular/vestibulinho não é fácil, e eles são dois exemplos de dedicação e esforço recompensados.
Lucas Guzzo, 23, maior pontuação no curso de Letras da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), e Walter Torre Neto, 14, maior pontuação no Ensino Médio + Técnico em Informática do Colégio Técnico de Limeira – Unicamp (Cotil).
Lucas Guzzo, com 23 anos, já havia tentado prestar o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) duas vezes, porém, sem sucesso. Ele conta que, quando saiu do Ensino Médio, na primeira tentativa, chegou e deu de cara com o portão do local de prova fechado.
Depois disso, sem querer perder tempo, ele iniciou uma faculdade particular no curso de Publicidade e Marketing. Apesar de, segundo Guzzo, gostar da área de comunicação, ele não se sentiu feliz durante o curso, por conta de disciplinas que envolviam matemática. Foi aí que o jovem decidiu deixar a faculdade.
Após dois anos pensando em qual área iria cursar é que veio a decisão, Letras. “Primeiro, eu queria me conhecer e saber o que eu queria. Quando me senti seguro, minha opção foi Letras e, como segunda opção, jornalismo”, conta o estudante.
No fim de 2016, Lucas decidiu estudar e pesquisar melhor os conteúdos que cairiam no exame. Ele conta que olhou muitas provas anteriores e usou de muitos recursos, sejam no próprio portal do exame como até em aulas on-line na rede de compartilhamento de vídeos Youtube. Guzzo conta que, primeiramente, foi trabalhando os pontos que tinha mais dificuldade, como, por exemplo matemática, física e biológicas.
Depois de muito estudo e dedicação, após realizado o exame, Lucas Guzzo foi aprovado com maior nota no curso de Letras pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU).
O estudante, que sempre estudou em escola pública, passando pelas EMEPs Rodrigo Octávio Langaard Menezes, Dr. Moacir do Amaral, Paulo Freire e Escola Estadual Dr. Paulo de Almeida Nogueira (Gepan), diz que sempre teve interesse natural pelas disciplinas da área de humanas.
Rotina
A concorrência é grande e, com isso, são necessários dedicação e foco na hora dos estudos. Apesar disso, Guzzo conta que “tinha que aproveitar o dia que mais me dava vontade de estudar”. Ele explica que “nunca achei que funcionasse essa coisa de se condicionar ou fazer um esforço além do comum para fazer a prova”, porque, segundo o estudante, “a finalidade do Enem, na lógica, é fazer um exame para identificar o que você aprendeu no ensino médio, não o que você tenha que aprender além disso”.
A rotina se dava quando ele entrava no portal do Inep para ver os tópicos que tinha mais dificuldade ou aqueles que ele desconhecia. Ele lembra que “se eu fosse ler sobre o assunto sem ninguém para me explicar e sem saber sobre o que se tratava, poderia me confundir mais ainda, por isso, preferia pegar pelo Youtube, porque lá sempre tem professores para explicar e assim fica mais fácil”.
Além da internet, o estudante também contava com o apoio de colegas que tinham facilidades em temas que ele não tinha; com isso, ambos trocavam conhecimentos.
Lucas não deixa de agradecer os professores. “Acho que tive sorte de ter bons professores, aliás, eu diria que são muitos bons exemplos”. Com a notícia da aprovação, “muitos dos meus professores entraram em contato comigo e todos me parabenizaram, inclusive, minha professora de química disse que sempre imaginou que eu seria professor”, salienta o jovem.
Dicas
Lucas Guzzo dá algumas dicas para os estudantes que pretendem prestar o exame neste ano de 2017.
“Pra quem quer, realmente, é um esforço que vale a pena. E realmente tem que se esforçar além do que se aprende nas escolas. Porque, infelizmente, os governos não provêm o suficiente para passar em um exame que eles mesmos criaram. Mas, se a pessoa ainda está no contexto escolar, é interessante que busque interesse e vá tirar dúvidas com o professor. Acho que o professor se sente até realizado quando o aluno se mostra interessado.
Além dos professores, é importante procurar outros meios para estudar. Temos que usar a tecnologia a nosso favor. Se informe e busque o máximo de informação possível. Não pode desistir, pois, é difícil, mas não impossível.”
Futuro
Depois se formar, o estudante diz que gostaria de dar aula no ensino médio, em cursinho pré-vestibular, cursinho popular e, futuramente, fazer uma iniciação científica e ingressar em uma pós-graduação usando a linha de pesquisa da faculdade.
Walter Torre Neto, 14, sempre sonhou em estudar na Unicamp. A mãe Helena Maria Dalla Torre conta que, desde cedo, levava o garoto para passear dentro do campus. Quando ele descobriu a possibilidade de estudar Ensino Médio e Técnico no Cotil, a vontade foi ainda maior.
A jornada começou desde pequeno. Walter conta que sempre gostou de informática. A mãe conta que “já dizia que iria trabalhar na NASA.” Pensando nisso e vendo a vontade do filho. Helena o colocou para fazer inglês desde os nove anos.
O que parece muito cedo para uns, para Walter é normal. “Sempre tive a consciência que, se eu estudasse e fosse bem, no futuro, isso iria valer a pena”. Com isso, o esforço começou cedo. O estudante lembra que, no terceiro ano do Ensino Fundamental, quando tinha aulas vagas, ele buscava participar das aulas dos alunos mais velhos para acompanhar o conteúdo.
A preparação para o técnico começou há bastante tempo. Já no oitavo ano, em 2015, Walter fez o vestibulinho como treineiro e se classificou. Com isso, a mãe incentivou para que ele já fosse se preparando para o próximo ano.
Walter diz que “em 2016, comecei pegando firme na escola e complementando conteúdo, assistindo vídeo aula no Youtube para ir me preparando”. Já no meio do ano, a fim de intensificar ainda mais os estudos, ele começou a participar do projeto ‘Mario Loli’, desenvolvido pelos jovens DeMolays, com o apoio da Maçonaria.
Mesmo participando do projeto, ele estudava sozinho em casa também, mas, nunca deixando de jogar no computador. Isso foi possível, pois ele montou o calendário de estudo. “Preferia adiantar bastante coisa para não passar estresse, intercalava o estudo com o jogo e não dava problema porque administrava bem meu tempo”, conta o estudante.
Em casa, o estudo acontecia através das provas antigas. “Fiz vários tópicos de tudo que ia cair e fui pesquisando na internet e anotando no caderno. Junto disso, fui vendo vídeo aulas no Youtube”, explica Walter. Inclusive, a mãe buscou por um professor que o auxiliasse uma vez por semana com as provas antigas.
Hoje, Walter já iniciou as aulas no Cotil. Ele conta que os professores têm uma didática muito boa e, além disso, os alunos têm um interesse ainda maior pelas aulas. Em casa, a rotina de estudo também mudou, porque hoje Walter participa de um grupo de estudos, no qual ele dá aula e ajuda alunos do nono ano que queiram passar em vestibulinhos. Atualmente, ele já conta com quatro alunos sem cobrar nada. Helena diz que é importante porque “como ele está dentro do Cotil, já consegue motivar mais os alunos a terem maior dedicação. Às vezes, nos pegamos conversando à noite e ele me fala: ‘mãe, você já imaginou eu estudando na Unicamp?’ Então, é uma felicidade dupla”.
Rotina
Walter estudava três vezes por semana no projeto, saía da escola Cecília Meireles às 17h45 e ia direto para o projeto, que começava às 18h30. A mãe conta que ele ia comendo uma marmita dentro do carro.
Helena diz que “algumas vezes, ele pensou em parar o projeto, mas, sempre o motivei e incentivei”.
Além do projeto, havia o professor que visitava sua casa uma vez por semana, porém, não eram todas as semanas, principalmente, porque a intenção era tirar as dúvidas do aluno. Só que, no fim do semestre, a ansiedade aumentou e a família recorreu ao professor novamente com a intenção de trazer mais confiança.
Chegando a duas semanas antes da prova, Walter seguiu a recomendação dos amigos e professores, a meta era descansar e parar de estudar.
Futuro
O estudante pretende continuar na área e, futuramente, realizar um curso de graduação. Além disso, ele continua no inglês e, neste ano, começou em um livro adulto. Sendo assim, daqui 3 anos, encerra o inglês. Helena conta que ele tem planos de morar fora do País. “Eu vou perdê-lo para o Canadá; ele sempre falou que quer morar no Canadá”.