Crianças e o isolamento social

Confira algumas indicações para amenizar os efeitos da pandemia nas crianças

Psicóloga Maristela T. L. Ramos
CRP 06/136159
Rua Santo Rizzo, 643
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A pandemia, consequência do surto da doença causada pelo novo Coronavírus, traz o impacto para a saúde física e inúmeros impactos negativos para a saúde mental. O medo e a incerteza em relação à crise pandêmica, bem como a mudança na rotina por conta do isolamento social podem aumentar os níveis de ansiedade e estresse não apenas nos adultos, as crianças também são afetadas.
Os principais sintomas nas crianças são a dependência excessiva dos pais, falta de atenção (foco), preocupação, problemas do sono, pesadelos, falta ou excesso de apetite, desconforto e agitação.
Não é preciso medo ou receio em conversar com as crianças sobre o que está acontecendo. Explicar de forma honesta sobre a doença. Falar sobre os cuidados e prevenção, esclarecer as dúvidas e deixar que expressem o que pensam.
Algumas recomendações e sugestões para amenizar com os efeitos da pandemia nas crianças são:
– Com o isolamento social, algumas medidas foram tomadas como o fechamento das escolas. Para algumas famílias mais carentes, pode ter um impacto ainda maior, já que o acesso à merenda foi rompido e tira, muitas vezes, a principal refeição do dia da criança. Do ponto de vista pedagógico, há o prejuízo para o aprendizado. Na primeira infância, são necessárias experiências concretas e interativas. As aulas digitais não são suficientes. O bom é pensar que é uma situação momentânea, e que, com o tempo, as aulas voltarão ao seu normal.
Em casos graves e em famílias disfuncionais (pais que não possuem equilíbrio emocional/psicológico por inúmeros motivos), é um fator de risco as crianças passarem mais tempo em casa, pois pode significar estarem mais expostas à violência e a negligência. Em situações tensas, o ideal é o diálogo acima de tudo. Pais buscarem ouvir e entender o porquê de algumas reações como “birras” e “manhas”.
Crianças percebem a tensão da situação da pandemia no ambiente e é esperado que fiquem sensíveis, mais choronas, agressivas ou com comportamentos diferentes do habitual, é a maneira como crianças expressam algo do emocional que não conseguem lidar, bem como nomear o que estão sentindo. Responder as suas perguntas, ou mesmo se sentar com elas para ouvir e explicar o que está acontecendo.
Estabelecer rotina de atividades diárias que permitam, acima de tudo, a formação ou a manutenção dos laços entre pais e filhos. Essa rotina é um fator protetivo contra o surgimento dos sintomas relacionados à ansiedade e o estresse. Ter horário para acordar, fazer refeições, dormir ou outras atividades (como leitura, desenhos, jogos, brincadeiras) são aliados na promoção do bem-estar. Construir um cronograma da rotina junto com a criança, para que sintam que o seu gosto e o seu querer estão sendo considerados, reconhecidos e valorizados.
O momento é propício para refeições em família, principalmente, para incluí-las na preparação das receitas.
O uso de telas precisa de observação dos adultos em relação ao tempo de uso e a qualidade dos conteúdos.
Enfim, o descanso também é fundamental, momentos para não fazer nada, ou sair fora esporadicamente da rotina. Relaxamento para crianças também é indicado. Deitar-se, fechar os olhos, ouvir uma música suave, contar uma história explorando a imaginação, com cheiros e imagens, estar em lugares ou situações como voando ou em cima de montanhas ou embaixo de cachoeiras.Um resgate ao faz de conta.