Crianças podem começar a praticar esportes desde muito cedo

A prática de esportes dos mais variados tipos e níveis de dificuldade é considerada, hoje, essencial para a saúde e qualidade de vida. Além dos benefícios para a parte física e prevenção de doenças, os exercícios trazem inúmeras vantagens para o cérebro, o pensamento motor e o estado emocional de quem os pratica.

É verdade que os esportes costumam estar presentes em nossa vida desde a infância, desde quando chutamos a primeira bola, e corremos na escola com os amigos. Mas, será que a prática de esportes pode ser iniciada tão cedo?

Segundo o preparador físico Roberto Passos Neto, a prática de esportes na infância (que compreende idade aproximada até os onze anos) é quando ocorre o desenvolvimento motor. É importante que a criança pratique várias atividades, a fim de melhorar as articulações e o desenvolvimento físico. “Essa diversidade de exercícios também ajuda a criança a encontrar algum esporte que ela goste, para continuar praticando no futuro, preferencialmente, esportes coletivos, que também ajudam no aspecto social”, informa.

A idade que a criança pode começar a prática esportiva vai depender da exigência de cada esporte, mas, existem opções para todas as idades. “Os que exigem muito esforço físico e coordenação são indicados a partir dos sete anos de idade; o basquete, por exemplo, por volta dos onze anos de idade; já a natação, desde os primeiros dias de vida, lembrando que sempre acompanhado de um profissional credenciado”, adverte Roberto.

As crianças com sobrepeso têm que ser mais cautelosas, devido a pressão exercida nas articulações e o cansaço físico, gerando falta de ar. “As atividades mais indicadas são as de baixo impacto e, geralmente, os profissionais indicam natação… Porém, a natação aumenta a fome, sendo ideal passar por um nutricionista e seguir uma dieta adequada a cada prática esportiva”, alerta o especialista.

Muitas vezes, os pais têm dúvidas se seus filhos com asma ou quaisquer doenças crônicas podem praticar esportes: o especialista afirma que eles tanto podem, como devem. “A prática esportiva melhora a condição física e a tolerância ao exercício, além de reduzir a frequência e gravidade das crises causadas pelo esforço. As crises asmáticas se tornam menos frequentes e auxiliam na diminuição do nervosismo causado pelas crises”, ressalta ele.

Roberto Passos Neto Preparador físico Cref: 075554-G/SP

Roberto Passos Neto
Preparador físico
Cref: 075554-G/SP

Já no caso das crianças que fazem uso de ‘bombinha’ de ar, os pais devem ser mais cautelosos e dosar os exercícios, sempre com o auxílio de um profissional da área. “Já me deparei com casos em que um aluno fazia uso da ‘bombinha’ e a usava de quatro a seis vezes ao dia; após dois meses de atividades físicas, ele passou a usar de uma a duas vezes ao dia. Muitos, às vezes, nem precisam mais fazer uso de medicamentos depois das práticas de exercícios físicos”, observa o preparador.

Na primeira infância, até os dois/três anos de idade, algumas brincadeiras esportivas são comuns: por exemplo, ganhar a primeira bola de futebol, brincar de chutar, correr com os amigos, pular em camas elásticas e pula-pula. “Criança com dois anos de idade não tem noção de regras, a diversão dela é chutar e ver a bola rolar, ou correr pra lá e pra cá. Já com quatro anos de idade, a criança já quer marcar gol e comemorar, como se vê na TV, ou apostar corrida; aí, já é hora de procurar uma escolinha de futebol, ou um clube que tenha esses esportes. As únicas restrições são o tempo de atividade, o tamanho do campo/quadra, alimentação e recuperação pós-exercício”, esclarece Roberto.

Quanto à preocupação de alguns pais a respeito de esportes que podem inibir o crescimento físico, como muitos relacionam com a ginástica olímpica, o profissional afirma que não existem estudos que comprovam que o não crescimento está associado a esse esporte em especial, mas que deve haver equilíbrio. “A ginástica olímpica realizada de modo recreativo, como aquelas realizadas nas aulas de educação física da escola, não deve preocupar os pais. Já aquela de alto nível, que tem uma rotina estressante de treinamento e com muito impacto sobre as articulações, acredita-se que justamente esses impactos são responsáveis pela inibição do crescimento, pois o esqueleto amadurece entre os 12 anos aos 18 anos de idade, idade em que geralmente, surge o interesse por esse esporte”, informa.

A musculação é um conjunto de atividades ainda visto com bastante “preconceito” pelos pais, que consideram exercício apenas para adultos. Porém, o preparador físico explica que essa atividade pode ser feita a partir dos oito anos de idade. “A musculação é sempre bem-vinda, porque o aumento da massa muscular traz vários benefícios à saúde: diminui a gordura corporal, fortalece as articulações, melhora o nível de colesterol etc. Crianças a partir dos oito anos de idade já podem iniciar na musculação, mas, sempre com a supervisão de um profissional credenciado. Os exercícios, é claro, são com cargas baixas e um número de séries e repetições curtas, com frequência exata de três vezes na semana”, alerta ele.

Se seu filho já está perto dos dez anos de idade e não gosta de praticar esportes, os pais não devem forçá-lo. “O que eles devem fazer é apresentar os esportes para o filho. Vai chegar uma hora em que ele vai se identificar com um esporte e, então, esse esporte começar a ser prazeroso pra ele. Não adianta querer que ele vire jogador de futebol se ele gosta de pedalar, por exemplo”, finaliza Roberto.