Com eletricidade, não existe segredo: a melhor forma de prevenir é contratar um bom profissional, que projete o sistema elétrico de sua casa com bastante cuidado e consciência
Estatísticas do Corpo de Bombeiros apontam que as instalações elétricas mal feitas são as principais causas de incêndio no Brasil, sendo que 20% das vítimas envolvidas nesses acidentes não sobrevivem. “Falhas elétricas geradas a partir de fiação mal conectada ou com as famosas ‘gambiarras’ e erros de dimensionamento estão entre as principais causas dos incêndios”, explica Laércio Garcia de Oliveira Filho, eletrotécnico. “No dia 08/02/2019, tivemos a triste notícia de um incêndio no CT do Flamengo, o ‘Ninho do Urubu’, que causou a morte de 10 adolescentes. A polícia do Rio de Janeiro investiga as causas do acidente, tendo como principal evidência um curto-circuito em um aparelho de ar-condicionado.
O mesmo aparelho, segundo um funcionário do clube e um técnico de refrigeração, já havia apresentado problemas 2 dias antes do incêndio que matou 10 atletas das categorias de base. Segundo o funcionário do clube, o problema foi solucionado ‘com uma emenda de reparo, utilizando fita isolante’.
Sempre que o assunto é curto-circuito em ar-condicionado, outra tragédia nos vem à memória, a do Edifício Joelma em São Paulo. Este incêndio emblemático ocorreu no dia 01/02/1974, tendo como causa um curto-circuito em um aparelho de ar-condicionado, que matou 188 pessoas e deixou 345 feridas. As instalações do prédio eram novas, a catástrofe aconteceu apenas três anos após a inauguração do mesmo”, relembra Laércio sobre casos de imprudência na parte elétrica.
Mas o que é um curto-circuito?
O curto-circuito é um fenômeno que ocorre em circuitos elétricos quando a resistência elétrica dos mesmos é muito pequena e, por conta disso, a corrente que o percorre atinge níveis muito elevados de intensidade, provocando uma grande liberação de energia e, consequentemente, o superaquecimento dos condutores. “Assim, um curto-circuito pode ser capaz de causar não só a instabilidade e queimar aparelhos eletrônicos, mas também incêndios, como o caso do Ninho do Urubu e do Edifício Joelma, por exemplo.
Isso ocorre porque a maior parte dos fios e componentes elétricos vendidos no mercado são projetados para aguentar determinado nível de corrente. A exposição desses materiais a correntes excessivas durante determinado período de tempo faz com que estes comecem a se comportar de forma anormal, derretendo, por exemplo, o que produz faíscas que podem fazer com que as chamas surjam”, explica Laércio.
O problema se agrava à medida que, na maior parte das vezes, esse problema não dá avisos claros do que está ocorrendo. Um interruptor de luz que não acende, por exemplo, pode ter como causa um curto-circuito.
Como prevenir?
Laécio afirma que, “com eletricidade, não existe segredo: a melhor forma de prevenir é contratar um bom profissional, que projete o sistema elétrico de sua casa com bastante cuidado e consciência, criando um projeto que seja tecnicamente correto e adequado às suas necessidades.
Quando o assunto é ar-condicionado, a ideia é a mesma. O processo deve ser feito com planejamento e com materiais de boa qualidade para que o ar-condicionado tenha um bom desempenho e não traga prejuízos futuros, deve-se utilizar o local adequado, a potência certa para que o aparelho não trabalhe em excesso e, principalmente, a instalação elétrica deve ser feita por profissionais qualificados, que utilizam materiais dentro das normas técnicas.
Os fabricantes de ar-condicionado reforçam que é importante uma fonte de alimentação adequada conforme os requisitos do produto. Não modificar o comprimento do cabo de força ou mesmo a tomada de outros eletrodomésticos, ajuda a manter as instalações seguras”, aconselha o especialista.
Ele ainda dá a dica: “Fique atento: se sentir cheiro de queimado ou ocorrer outra anormalidade, desligue o ar-condicionado ou qualquer outro aparelho e desconecte-o da tomada ou desarme o disjuntor”.
Ainda vale ressaltar: “nada de fazer ‘gambiarras’! Pode parecer simples e custar menos a princípio, mas saiba que, além de você estar colocando a sua vida e a de sua família em risco, os custos podem ser muito maiores posteriormente por conta de eventuais danos causados por um acidente”, conclui o especialista.