Ana Paula dos Santos Alves entrou no mundo da dança para se distrair e, com o passar do tempo, foi se apaixonando pela dança de salão. Começou sendo assistente do seu professor e, quando conseguiu ensinar seus alunos a darem os primeiros passos, ficou muito feliz. Ela compara os primeiros passos de dança com os primeiros passos de um bebê e, por isso, resolveu estudar mais a fundo os mistérios e encantos da dança a dois.
Para Ana Paula, a dança pode e deve unir os casais. “Muitos casais vão perdendo algumas magias e a dança resgata tudo isso. Eu acredito que eles se reconectam, pois, quando a pessoa casa, ela cai no comodismo e acha que não precisa mais descobrir algo novo. A dança, quando entra na vida do casal, já entra como uma coisa desafiadora, principalmente, pelo cavalheiro, já que a dama faz o cavalheiro aparecer e não o contrário. Une mais por conta do toque, abraço e olho no olho.
Hoje em dia, não há muitos abraços, as pessoas não sabem mais se abraçar e nem se tocar, todas vivem num mundo muito virtual”, explica.
Por que a dança une os casais?
Segundo a professora, a dança faz o cavalheiro descobrir o corpo de sua dama de outra forma sem ser a forma sexual. “O homem é criado de um modo para ver o corpo de uma mulher, mas, na dança, tiramos isso. Costumo falar para os meus alunos que, quando eles começam a dançar, descobrem que as suas damas têm diversos “botões” pelo corpo, que é onde eles tocam e dão a condução para começar a dança. Eles começam a se reconectar.
Existem casais que não se olham mais e têm conduções que são totalmente visuais em que o cavalheiro precisa olhar nos olhos da dama. Um seguir o outro pelo olhar e assim surge a paixão novamente, já que o flerte tem esses sinais de olho no olho, toque e abraço e a dança traz todo esse sentimento de novo”.
Ana Paula também conta de um caso que já aconteceu com ela em que um de seus alunos disse que ela deu uma nova esposa, uma namorada e uma “paquera de balada” “porque ela se transforma quando vai se arrumar para ir ao baile. As damas sempre se adéquam ao estilo que vão dançar. No fim de semana, ela sempre está diferente para ir ao baile com ele”.
Ana Paula diz que os homens aprendem a serem mais cavalheiros, conduzirem a dama e tentar retomar as gentilezas dos homens com as mulheres.
“A dança de salão pode unir e também o contrário, porque, dependendo do grau de desgaste do relacionamento, a dança não vai fazer milagre, o que começa errado, termina errado”, explica. Ela diz que a dança ajuda a melhorar o que dá para corrigir, caso haja algum probleminha.
A professora afirma que muitas pessoas têm medo da dança, pois acham que é algo difícil, um “dom” e não é assim. A dança é um ato físico, de amor. Quando a pessoa fala que não consegue é porque alguém falou isso ou viu alguém dançando e não conseguiu, a pessoa mesmo se coloca um bloqueio. Cada um tem seu limite e seu gosto. “Tiro por mim, amo dançar a dois, mas, se for para dançar sozinha, eu não consigo, não me saio bem. A dança traz uma alegria e uma paixão surreal para quem dança”.
Ela também diz que o convívio social muda e o círculo de amigos aumenta, porque você fica mais sociável, está mais aberto a novas
amizades e conhecer novos lugares.
Há muito preconceito por conta do corpo para quem quer dançar, mas, a professora afirma que “só não consegue dançar quem já está dentro do caixão, porque enquanto tiver vida, dance! Tenho colegas que usam cadeira de rodas, que precisaram amputar uma perna e dançam com muleta, tenho colegas surdos e cegos e eles dançam. Vão ter dificuldades, como qualquer pessoa tem, todos têm dificuldades. A dança é para todos” conclui.