1987 – As portas estavam abertas, o relógio funcionava, pontualmente marcando três horas. Igual um carrilhão, badalavam os sinos nas horas cheias e meias. O escuro dos céus, envoltos de nuvens carregadas de chuvas, contrastam com o tom pêssego da Matriz, Paróquia Santa Gertrudes. Os alto-falantes, próximo das portas, memoráveis pelas tristes notas de falecimentos, ainda funcionavam simultâneos com o sistema sonoro da torre, ecoando os anúncios ao som da Ave Maria.
Colunas, arcos, arabescos e a simbólica cruz, imponente no campanário, destacam o branco nas pinturas. Cândidos, como a porcelana branca reluzente do chafariz ornamental tulipa. Eram duas tulipas, semelhantes ao chafariz da ‘Praça do Coreto’, dividindo o ‘Largo da Matriz’, onde a Rua Santa Gertrudes passava no centro.
Nas bases das tulipas e Matriz, as marcantes cerâmicas paulistas, o popular vermelhão. Assentados como soleiras, envoltos de ‘sempre verdes’, flores e o arbusto ‘coroa de Cristo’, conhecido pelos espinhos e folhas ‘leitosas’. Acompanha a Rua até os degraus da Matriz, o calçamento de pedras portuguesas. Seguem bancos de granilite com propagandas comerciais, e postes de iluminação com seus chapeuzinhos esmaltados, apelidados de ‘chinesinhos’.
Texto: Adriano da Rocha
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Foto: Acervo Grupo Filhos da Terra