De volta ao passado

01/01/1945 – Há exatos 76 anos – Em destaque, o Largo da Igreja Matriz de Santa Gertrudes de Helfta, então nomeado “Praça Izabelita Barboza de Oliveira Vieira”, celebrando e festejando as posses dos primeiros prefeito e vice-prefeito de Cosmópolis, Dr. Moacir do Amaral e Caetano Achiles Avancini.
A recém emancipada Cosmópolis, oficializada como cidade pelo decreto lei de 30 de novembro de 1944, amanhecia em grande festa. Seguindo o cronograma criado pelo “Grupo dos Emancipalistas”, responsáveis pelos trabalhos de emancipação política e administrativa de Cosmópolis, a população acordava com as “alvoradas municipais”. Era o soar dos sinos da Igreja Matriz, anunciando o início das celebrações religiosas, toque de chamado aos fiéis, e as estridentes baterias de rojões, proclamando as festividades para Cosmópolis e região.
A foto registra a concentração da população na missa campal, celebrada pelo Padre João Batista Germano Prado (famoso e lendário Padre Germano) e o Arcebispo de Campinas, Dom Paulo de Tarso Campos, reunidos com autoridades locais e regionais, na portaria da igreja. Notabiliza na imagem, usando uniformes brancos, farda de eventos cívicos, a tradicional “Corporação Musical de Cosmópolis”, regidos pelo maestro Antonio Tavano. Na ocasião, a Corporação executou os hinos litúrgicos da missa, estando os músicos dispostos na confluência da Rua Santa Gertrudes com o Largo.
A Rua Santa Gertrudes, antiga Rua Wienna, seguia seu projeto original dos anos 1890, dividindo o Largo, seguindo pavimentada de paralelepípedos e “terra batida” com pedras, até a escadaria do templo católico. Ao término da missa campal, iniciada às 7h, o prefeito e vice-prefeito seguiram para o Paço Municipal, antiga “Subprefeitura”, onde os sacerdotes abençoavam as instalações da prefeitura, seguindo os trâmites legais de posse, oficializados pelas autoridades locais e representantes do regime militar do Ditador Getúlio Vargas.
Na histórica foto, acervo da família Amaral, os olhares fixam-se na extinta “Matriz Velha”, primeira Igreja Matriz de Santa Gertrudes de Helfta, demolida nos anos 1950, para construção do atual templo. Outro detalhe são os inúmeros flamboyants nos jardins e calçadas, heranças deixadas pela família do Barão Geraldo de Rezende.
Saudades aos contemporâneos, tristeza aos olhares das novas gerações, diante da riqueza dos ornamentos, vitrais e inspirações clássicas do extinto projeto arquitetônico. Obra assinada pelo renomado arquiteto e engenheiro Ramos de Azevedo, encomendada pela família Nogueira Ferraz, proprietários da Usina Ester e fundadores de Cosmópolis. A igreja foi construída em conjunto com o complexo industrial da usina, extinto Sobrado (conhecido chalé e Palacete), e o armazém agrícola da Carril Agrícola Funilense, atual “Mercadão de Campinas”.

Texto: Adriano da Rocha (Curta e siga @AcervoCosmopolense)
Foto: Acervo família Amaral