De volta ao passado

25/01/1926 – há exatos 96 anos – “Tempo das águas”, como são conhecidos popularmente os meses de janeiro e fevereiro nas terras cosmopolenses, sempre marcantes pelas grandes enchentes, principalmente na Fazenda Usina Ester. Meses de intensas chuvas, assim como impetuosas tempestades, realçadas pelo histórico registro fotográfico.
No mês de janeiro de 1926, dias 20 até 26, ficavam evidenciados em imagens, publicações das mais diversas, como a primeira grande enchente da Usina Ester, superando todos os registros anteriores. As chuvas excederam as previsões do IAC (Instituto Agronômico de Campinas), então uma das instituições mais respeitadas do Brasil, superando dados de outros anos, debelando grandes enchentes em vários pontos de Campinas, sobretudo no distrito da Villa Cosmópolis.

Em destaque, as marcas deixadas pelas intensas chuvas do dia 24 e madrugada do dia 25 de janeiro de 1926, notabilizadas na Casa de Força, uma das geradoras de energia hidroelétrica para o complexo industrial da Usina Ester, localizada nas proximidades do Ribeirão Três Barras, conhecido Baguá.
O acesso a Casa de Força, uma escadaria de aproximadamente quatro metros de altura, bem como os pilares e os arcos das tubulações, ficaram parcialmente encobertos pelas águas do Ribeirão Três Barras, sobrecarregado pelas enchentes dos Rios Pirapitingui e Jaguari. A Colônia do Ranchão, convizinha da Casa de Força, mesmo posicionada em uma área mais alta, sofreu com a cheia do Baguá.
Estão na imagem, o primeiro à esquerda, José Paulino Nogueira Neto, Dr. Lafayette Álvaro (novo diretor industrial, substituto do Dr. Paulo Vicente de Azevedo ), e Dr. Jordão Filho, então responsável pela implantação dos novos sistemas de irrigação dos canaviais. O acesso até a Casa de Força, dentre outros setores da Fazenda Usina Ester, somente acontecia através de barcos. Na foto é possível observar o barco utilizado, casas da Colônia Ranchão ao fundo, e as marcas dos níveis das águas nas gigantescas árvores.

As chuvas não cessaram nos dias seguintes, ficando ainda mais intensas no mês de fevereiro. Nos últimos dias de fevereiro, quando marcavam um mês da grande enchente, a força das águas causava um grave incidente nas instalações das bombas de irrigação, arrebentando a cúpula central, conhecida como carneiro, quase vitimando o Dr. Jordão e trabalhadores. Somente em março, os níveis das águas baixavam, sendo contabilizados inúmeros prejuízos na Casa de Força, novo sistema de irrigação e complexo industrial da Usina. Um grupo de engenheiros da Sociedade Suíça, comandados por Ernesto Baer, realizou as inspeções e reformas dos maquinários danificados pelas águas.
Na Villa Cosmópolis, regiões próximas ao Baguá, as águas do ribeirão invadiram casas nas ruas Cel. Silva Telles, Baronesa Geraldo de Rezende e linhas da Cia Sorocabana, localizadas nas imediações da Ponte Preta, antiga passagem da Carril Agrícola Funilense para a “Villa Arthur Nogueira”, localizada no Núcleo Colonial Campos Salles.

Texto: Adriano da Rocha (Curta e siga @Acervo Cosmopolense) / Foto: Guilherme Hasse