De volta ao passado

Na semana dedicada internacionalmente às mulheres, nossa homenagem às mulheres cosmopolenses, através desta fascinante mulher, Esther Coutinho Nogueira, dona Esther, a Esther da Usina Ester. Há mais de 124 anos, seu nome é referência, marca, localização, símbolo do progresso industrial, agrícola e municipal. Um nome imortalizado em grandes empreendimentos, marcante na história paulista e, principalmente, na cidade de Cosmópolis.
As homenagens trazem sempre uma dupla menção, a pessoa Esther, e a marca imortalizada com seu nome, a “Usina Açucareira Ester”, atual Ester Agroindustrial. O nome da secular usina e seus grupos agrícolas são homenagens a Esther Coutinho Nogueira, filha do ilustre Cel. José Paulino Nogueira Ferraz, esposa de Paulo de Almeida Nogueira.
Mas quem foi Esther?! Referência diária para milhares de cosmopolenses, conhecida avenida e usina, e desconhecida por muitos, a história da pessoa homenageada.

“Esther era de estatura mediana, olhos negros intensos, pele morena clara, típica nuance e estereótipo paulista. Sempre serena, falava calmamente, um jeito único, gentil e caridoso. Como era costume na época, falava e escrevia, em francês, inglês, italiano e espanhol. Assim como o latim, necessário para acompanhar as missas católicas, as quais, frequentava assiduamente. Mulher de destaque nos grupos assistenciais, ajudava sem olhar a quem fosse o desvalido. Foi honrosa filha, progenitora e sobrinha, sempre enaltecida pelo extremo afeto e amor, como a mãe de toda família”. Assim descreve a pessoa de Esther, seu neto, Paulo Nogueira Neto, em entrevista ao blog do Acervo Cosmopolense, em outubro de 2018.

Esther Coutinho Nogueira Ferraz, seu nome de solteira, a mais velha de 8 irmãos, é filha do casal José Paulino Nogueira Ferraz e Francisca Coutinho Nogueira Ferraz. Nasceu em um extinto casarão da família, localizado na atual Rua Barreto Leme, região da agência central do INSS, marco do surgimento da cidade de Campinas. Em 1898, com a oficialização das compras da Fazenda do Funil, surgia um dos maiores empreendimentos industriais do interior paulista, a construção da Usina Açucareira Esther. O nome, uma homenagem feita pelo Major Arthur Nogueira, à estimada sobrinha Esther.
Em 12 de junho, completará 145 anos do seu nascimento. Marcando no dia 06 de novembro de 2022, 81 anos da sua morte, em 1941. Esther faleceu aos 64 anos de idade e, em seus últimos anos de vida, residiu na Fazenda São Quirino, onde foi sepultada no cemitério particular da família. Entre os principais agravantes de sua morte, o sofrimento pela ausência do filho Paulito, exilado pelo ditador Getúlio Vargas, no fim da revolução de 1932.

Olhar na foto

1900 – há exatos 122 anos – Esther e o esposo Paulo de Almeida Nogueira, com o filho Paulo de Almeida Nogueira Filho, o Paulito, e Alexandrina Nogueira Ferraz, a Tilinha, filha mais nova do Cel. José Paulino. Tilinha, assim como a irmã Esther, foi homenageada com uma importante via na “Villa Cosmópolis”, a Rua Alexandrina, atual Dr. Campos Salles. A mudança aconteceu com a entrada do Brasil na Segunda Guerra Mundial, quando o Ditador Getúlio Vargas proibiu nomeações de países em vias e espaços públicos, sobretudo nações ligadas ao nazismo e fascismo. Com total desconhecimento da história cosmopolense, os intendentes da subprefeitura renomearam a rua, confundindo Alexandrina com Alexandria, Egito. Outra curiosidade, é sobre a imagem de Santa Gertrudes de Helfta, padroeira católica de Cosmópolis, a qual recebe os traços de Tilinha, seguindo uma tradição dos artesãos franceses, em homenagear os familiares do donatário da obra sacra.

Texto Adriano da Rocha (Curta e siga @AcervoCosmopolense) – Foto Acervo Ester Agroindustrial