De volta ao passado

Na semana assinalada pelas datas internacionais de conscientização sobre mudanças climáticas, florestas e o marcante “Dia Mundial da Água (22)”, notabilizamos na imagem a grandiosidade do meio ambiente cosmopolense, sobretudo dos nossos recursos hídricos.
Podemos afirmar, somos a “Cidade das Águas”, este é o maior patrimônio natural de Cosmópolis. No passado, até fomos conhecidos como “Circuito das águas paulistas”, importante referência turística e ambiental no Estado. Nomeação criada no fim dos anos 1950, gestão do prefeito José Garcia Rodrigues, popular Zé da Peggy, que instituiu “o circuito das águas cosmopolenses”, formado pelas recantos da Prainha, criada em sua gestão, Paredão, Ponte de Ferro, Poção, cachoeiras do Jaguari e Saltinho, aos atrativos minerais das águas da “Biquinha” e nascentes do Baguá.
O diferencial cosmopolense na região são as águas, nosso maior atrativo municipal, nossa maior riqueza. Possuindo uma das maiores reservas naturais do Estado, formada pelos rios Pirapitingui, Jaguari e Três Barras. Não esquecendo as incontáveis vertentes, as populares “biquinhas” e “saltinhos d’água”, os córregos e barreiros como o Amarelo, e as reservas como a Represa Pirapitingui. Bens naturais e represados, com seus potenciais não aproveitados totalmente.

Símbolo das águas cosmopolenses

A Represa Pirapitingui, o maior símbolo das nossas águas, criado para preservar este precioso líquido, assegurando a vida humana e ambiental nas terras cosmopolenses, surgiu nos anos 1870. Um projeto audacioso e visionário na época, contemplando a reserva e distribuição de águas para Campinas, e o transporte fluvial de passageiros e produtos agrícolas.
Idealização dos capitalistas Barão Geraldo de Rezende e João Manuel de Almeida Barboza, proprietário da Fazenda Funil, em parceria com a Prefeitura de Campinas e o governo Estadual. Aquedutos de pedras e alvenaria, forneceriam água aos distritos, bairros e fazendas campineiras, barcos chalanas (as mesmas tipicamente usadas no Mato Grosso e países das fronteiras latinas), importados dos Estados Unidos, realizariam os transportes.
Inicialmente, a Represa Pirapitingui beneficiaria as fazendas Rio das Pedras, Santa Genebra e Funil, propriedades pertencentes aos idealizadores e financiadores do projeto, os quais eram primos. O projeto começava a sair do papel no fim dos anos 1880, com a criação das barragens do Saltinho e desvios do leito original do Rio Pirapitingui, nascendo a represa. Com a primeira epidemia da febre amarela, a qual desolou Campinas e parte da região média paulista, o projeto perdia forças em meio às milhares de mortes, e as incertezas sobre a doença e o futuro.
Somente anos depois, com a venda das terras do Funil, a família Nogueira Ferraz recriaria o projeto em 1898, na instalação da Usina Ester. Surgia o paredão e a Represa do Rio Pirapitingui, idealizados como reserva de águas e hidroelétrica. Com a concepção da Carril Agrícola Funilense, arquitetada pelos primos em parceria com os Nogueiras, eram encerrados os projetos de transportes pelas águas, remanejando os investimentos em pontes e linhas férreas.

Olhar na foto
1914 – há 108 anos – O Paredão e a Represa do Rio Pirapitingui, em um dos seus primeiros registros fotográficos, após o término das obras. Montado no cavalo, trajando sempre branco, o Major Arthur Nogueira Ferraz. Um dos proprietários da Usina Ester, e principal responsável pelo desenvolvimento agrícola e colonial na região, um dos fundadores de Cosmópolis.

Texto: Adriano da Rocha (curta e siga o @CentrodeMemóriaCosmópolis) / Foto: postal Guilherme Gaensly / Acervo Ester