De volta ao passado

1992 – há exatos 30 anos – Nos anos 1990, um dos mais significativos registros do notório Largo da Matriz, conjunção das praças Sérgio Rampazzo e Dr. Paulo de Almeida Nogueira, antiga praça Isabelita Barboza de Oliveira Vieira. A recriação da primeira praça oficial de Cosmópolis, totalmente reprojetada em um novo e moderno espaço público, tornou-se marcante para inúmeras gerações dos anos 1990 e 2000.
A velha praça dos anos 1900, construída com as obras da primeira igreja matriz, recebia modernos projetos paisagísticos, arquitetônicos e viários, seguindo o mesmo padrão da nova Paróquia Santa Gertrudes. Audaciosos projetos para a época, repletos de inovações urbanas e públicas, assinados pelo renomado arquiteto cosmopolense José Roberto Spana, conhecido “Beto Spana”.

O largo foi ampliado com os fechamentos da rua Santa Gertrudes e uma via lateral, surgindo a nova Praça Sérgio Rampazzo. O largo prolongava-se nas ruas Ramos de Azevedo e Campos Salles, surgindo os estacionamentos veiculares na transversal, assim como um novo acesso lateral para o templo católico, com vagas exclusivas e setor para festividades, integrado com o salão social e comunitário Santa Gertrudes.

Interligados na mesma estrutura, bancos em concreto armado, acompanhados de jardins suspensos, fonte e chafariz moldados em cimento, revestidos com pedras e rochas dos rios Jaguari, Pirapitingui e Três Barras, o Baguá. Imponentes postes de iluminação, com mais de 12 metros de altura, utilizando refletores halógenos, uma inovação nas praças cosmopolenses, proporcionando uma qualidade superior de luz. Os passeios públicos recebem pavimentação de pedra portuguesa, interpostos com pedras, cimentos e seixos, acrescentados com espaços de gramas ornamentais, utilizados para a drenagem natural das águas.
Acentuados traços e inovações de Beto Spana, um dos seus últimos projetos públicos em Cosmópolis, antes do prematuro e inesperado falecimento. Anos depois, o mesmo projeto de Beto Spana foi seguido na Praça Monsenhor João Batista Maria Rigotti, conhecido espaço público da Paróquia Nossa Senhora Aparecida, localizada no Jardim Santa Rosa, incorporado na criação dos jardins e calçamentos.

A Paróquia Santa Gertrudes, conhecida Igreja Matriz, apresenta suas cores pitorescas dos anos 1990, dentre as mais lembradas. Os tons pêssegos e amarelos, referência no fim dos anos 1980, eram substituídos pelo branco gelo, com detalhamentos em branco neve e rosa, sutilmente pintados nos adornos, frontões e rosáceas. A escadaria com balaústres de cimento, conhecido mirante das noivas e namorados, conserva sua estrutura recém construída, bem como os icônicos revestimentos em cerâmica paulista vermelha, entornando o templo, barrados de proteção e limitação para os jardins. As arandelas e os alto-falantes, resquícios dos anos 1970, ainda sobrepõem na fachada.
Na imagem, o flamboyant contrasta com sua intensa florada, impressionando as novas gerações pelo esplendor, comovendo aos contemporâneos pelas inúmeras lembranças e histórias pessoais, sobretudo dos tempos em que a espécie predominava o Largo e as calçadas da rua Dr. Campos Salles, antiga Alexandrina Nogueira Ferraz.

A singular imagem é do fotógrafo Bruno Petch, um dos maiores mestres da fotografia cosmopolense, dentre os precursores dos registros públicos, festividades e casamentos. Os olhares do mestre Bruno Petch captaram o momento, a grandiosidade criada pelo homem e a natureza, eternizando o registro para as gerações.

Texto Adriano da Rocha (curta e siga @AcervoCosmopolense) / foto Bruno Petch