De volta ao passado

As mães presentes, as mães das infindas saudades. Domingo (08), dia consagrado às mães, data comemorada internacionalmente, notabilizando a importância desta bendita pessoa. A única capaz de originar em seu ventre, um ser da sua mesma espécie, transformando seu corpo para receber e gerar, convertendo o próprio sangue em leite, para nutrir e alimentar seu filho. Nesta data com tantos significados, sobretudo sentimentais, as lembranças rememoram as parteiras cosmopolenses. Importantes personagens da nossa história local, elos que garantiram as uniões de vidas, o encontro real, após os meses carnais, entre mãe e filho.
Eram voluntárias da vida que, através das suas benditas mãos, foram, e são, responsáveis pelos destinos de intermináveis gerações. Por meio de suas mãos, instrumentos cardeais deste sagrado ofício, as habilidades para o surgimento de vidas, os nascimentos de incontáveis viventes de toda a região Funilense.

Na maioria das situações, os nascimentos eram realizados voluntariamente pelas parteiras, os custos aconteciam quando na necessidade do uso de medicamentos farmacêuticos, como as injeções de pituitrina, manipuladas pela saudosa “dona Chiquinha da Farmácia”, cuidadosamente aplicadas em injeções de vidro, acalmando dores e facilitando partos complexos. Outras parteiras seguiam os ensinamentos de precursoras do voluntário ofício, utilizavam compressas, infusões e chás de ervas nativas, encontradas em determinadas regiões das matas cosmopolenses, ou muitas vezes, cultivadas nos quintais das parteiras.

Em destaque, duas importantes parteiras de Cosmópolis e Artur Nogueira, Guilhermina Mengue Kowalesky, estimada “dona Mina”, e Laura Lange Miranda, conhecida “dona Laura”. Merecidamente, para honra de gerações e memória municipal, nomes de ruas, escolas e centros de saúde.
Dona Mina foi uma das mais renomadas parteiras cosmopolenses, responsável pelos nascimentos de inumeráveis crianças. Gerações do passado, presente e futuro, têm suas existências interligadas aos trabalhos desta inesquecível mulher. Em mais de 60 anos de ofício, registrou em seu caderninho particular, cerca de 3 mil partos realizados em Cosmópolis e região Funilense. Nascida em Cosmópolis, filha de imigrantes suíços, colonos do Núcleo Campos Salles, foi mãe de oito filhos, trabalhou como lavradora na propriedade da família, comerciante na Avenida Ester, entretanto, no ofício de parteira, ensinado por familiares, encontrou sua função como “instrutora da vida”.

A conhecida dona Laura Miranda, filha da numerosa família Lange, dentre os primeiros imigrantes germânicos da região, nasceu em Artur Nogueira, quando parte das terras pertenciam a “Villa Cosmópolis”, residindo nas imediações da divisa entre Campinas e “MoJi Mirim”, atual rua Primeiro de Janeiro. Dona Laura realizou incalculáveis partos, presume-se 4 mil crianças, atendendo toda a imensa região rural de Artur Nogueira, bairros remotos e com difícil acesso, os quais, atualmente são as cidades de Engenheiro Coelho e Holambra, aos distantes distritos de Conchal, Mogi Mirim e Limeira. Dona Laura foi parteira, legado familiar de gerações, e prestigiada benzedeira, como uma doutora dos males espirituais e moléstias terrenas.

Nossa homenagem às mães, sobretudo o eterno reconhecimento das parteiras cosmopolenses.

A perenal gratidão às “doutoras populares” como Angélica Barboza (Nhá Gerca), Maria Wölfes (Maria Parteira), “Dona Mora” (Rosa), Sebastiana do Carandina, Laura Lange Miranda, Helena Sala, Ana Queiroz, Dona Mitcha, Dora Tetzner, Clementina de Faveri, entre outras, responsáveis pelo nascimento de incontáveis crianças.
O seu preciso incisar do cordão umbilical cortava somente a ligação alimentar, a união entre mãe e filho serão sempre intermináveis, assim como as memórias das nossas primeiras parteiras. Feliz e grato dia às mães”!

Texto Adriano da Rocha (Curta e siga @AcervoCosmopolense)- foto: Acervo Filhos da Terra