De volta ao passado

1966 – há 56 anos – Obras de abertura da rua Santa Gertrudes, antiga rua “Wienna”, direcionando-se pavimentada com manta asfáltica, inovação na época, até as escadarias da nova Paróquia Santa Gertrudes de Helfta, icônica Igreja Matriz. O prosseguimento da via, abertura da rua até o templo católico, assentia a concepção modernista do “Escritório de Arquitetura e Engenharia M. Penteado”, chefiado pelo renomado arquiteto campineiro Mario Penteado, responsável pelo projeto da nova Matriz. Era construída a nova matriz sobre a velha matriz, “igreja velha”, inspirada na histórica igreja matriz de Santa Maria de Barcelos, em Portugal, como engendrou o Padre Germano do Prado, então pároco da paróquia Santa Gertrudes, e principal responsável pelas demolições e construção.

O popular Largo da Matriz, um dos famosos jardins cosmopolenses, seguia o mesmo projeto público da nova “Praça Major Arthur Nogueira”, popular jardins e Coreto, realçada pelas tulipas ornamentais de porcelana, demarcando a divisão e abertura da praça, calçamentos de pedra portuguesa em mosaicos de flores, bancos comerciais de granilite, jardins livres, e as marcantes luminárias de ágata esmaltada, apelidadas de “chinesinhas”, alusão aos formatos cônicos das cúpulas. As obras públicas de remodelação do Largo, iniciadas na gestão do prefeito José Garcia Rodrigues, Zé da Peggy, em 1959, contemplavam as comemorações do centenário de nascimento do Dr. Paulo de Almeida Nogueira, e o jubileu de prata de emancipação política e administrativa de Cosmópolis (25 anos). O velho Largo da Matriz, então nomeado como Izabelita de Oliveira Barboza Vieira (esposa de Euclydes Vieira, ex-prefeito de Campinas e interventor de Cosmópolis), reprojetado recebia o nome Dr. Paulo de Almeida Nogueira, sendo exaltado com um busto de bronze e base de mármore.

Em destaque na imagem, a fase final de construção e revestimentos do campanário da Matriz, já com os novos sinos de bronze e o relógio carrilhão, musical e tonante, conquistados através de doações dos fiéis, sobretudo dos fornecedores de cana. Ao lado esquerdo do templo, as famosas barracas festivas de Santa Gertrudes, a qual realizava constantes quermesses para custear as obras.

Nesta fase do registro, foram instalados os sinos sincronizados com o relógio carrilhão, e as três grandiosas portas de madeira maciça, confeccionados com espécies nativas das matas cosmopolenses, como cedro e peroba rosa, lavradas especialmente para o projeto.

Para a criação da rua central, cruzando o novo largo e padronização das vias laterais, foi necessária a remoção do velho cruzeiro de pedras, confeccionado em mármore bruto no Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo, transferido em partes para o Cemitério Municipal da Saudade, onde permaneceu até os anos 1970. O imponente cruzeiro, símbolo da fé cristã, era o último resquício da velha Matriz e seu Largo, inaugurado oficialmente em 1915, mas estruturado nos primeiros anos de 1900, juntamente com as obras do complexo industrial da Usina Ester, Sobrado, Mercadão de Campinas (então armazém da Carril Agrícola Funilense), dentre outras obras da família Nogueira Ferraz e Almeida Nogueira.

Somente permaneceram nas memórias e raros registros fotográficos, o antigo projeto concebido pelo arquiteto Ramos de Azevedo e seu escritório, supervisionado pelo engenheiro Dumont Villares (sobrinho do inventor Santos Dumont e José Manuel de Almeida Barboza, antigo proprietário da Fazenda Funil), o progresso recriava totalmente o largo, sobretudo a igreja católica. O novo projeto em destaque permaneceu até 1991, quando novamente houve a intervenção municipal no Largo, com a divisão e criação de nova praça, calçadão lateral, fonte e chafarizes, fechamento da rua Santa Gertrudes, entre outras modernizações, reconstruindo totalmente o espaço público.

Texto Adriano da Rocha (curta e siga @AcervoCosmopolense) – foto Acervo Centro de Memória Cosmópolis