De volta ao passado

1969 – Há 53 anos – Uma preciosidade descoberta no Acervo Público Cosmopolense, recentemente digitalizada pelo Centro de Memória de Cosmópolis, foto raríssima, notabilizando uma típica tradição da região central, pouco conhecida pelas novas gerações, quase esquecida pelos contemporâneos. A imagem registra a tradicional “feira livre da rua Sete de Setembro”, antiga rua Berna (homenagem à capital da Suíça), com suas barracas típicas e frequentadores. Mesmo com a qualidade da foto, desgastada pelo armazenamento precário e ações do tempo, é uma verdadeira “volta ao passado” para todos os olhares, sobretudo aos nostálgicos e entusiastas do nosso passado local.

Na imagem, realça ao fundo a Avenida Ester, início das barracas, no mesmo reentrante é possível observar nas esquinas do “boulevard cosmopolense”, a extinta “Casa Kalil”, primeira grande loja e magazine da “Villa”, com o frondoso quintal frutífero da dona Bader José Aun, matriarca da família; na outra esquina, antiga rua Alexandrina Nogueira, atual Campos Salles, o velho Paço Municipal, Prefeitura de Cosmópolis, avulta pelos frontões arabescos cimentícios e ornamentos de ferro forjado. Na sequência direita das barracas, os muros cercam o terreno da renomada Hospedaria Talassi, então comandada pela família Nallin.

A imagem foi captada da varanda, terraço da casa comercial Gemael, pertencente ao casal Michel Gemael e Maria Aparecida Fozzati Gemael, querida Cidinha, então uma das poucas casas de dois andares de Cosmópolis, localizada na esquina das ruas Sete de Setembro e Baronesa de Rezende.

Com o grande fluxo de consumidores, referência em qualidade e diversidade de produtos, a Prefeitura de Cosmópolis ampliou a feira, disponibilizando novos pontos para os feirantes, já atraindo negociantes de outras cidades, principalmente dos bairros rurais de Artur Nogueira, Limeira e Paulínia. Nesta nova fase, a feira seguia para a rua Baronesa de Rezende, estendendo as barracas até as imediações da “Praça do Coreto”, os jardins cosmopolenses, demarcando a rua Campinas como ponto final da feira. Nesta localização, inicialmente regimentada pela prefeitura nos anos 1950, ampliada como descrito nos anos 1960, a feira livre permaneceu até o fim dos anos 1970, quando foram criadas as novas vias e canteiro central da rua Dr. Campos Salles, transferindo o popular comércio para o local, atual “Feira de Sábado”.

Segundo jornais cosmopolenses, como o noticioso “O Apito”, edições dos anos 1930, e o vanguardista “O Município”, as feiras livres surgiram nas imediações da extinta Estação Sorocabana, antiga Estação Funilense, fundada oficialmente em 1899, então localizada na atual “Praça dos Estudantes”, popular “Praça do Relógio Solar”.

Nos áureos tempos das extensas produções agrícolas de fumo, abacaxi e melancia, os quais Cosmópolis foi uma das maiores produtoras do Brasil, os excessos de carga, quando excedia a capacidade dos vagões de trem, os produtos eram vendidos nas imediações da estação. Com o tempo, o costume virou tradição, reunindo compradores e novos vendedores, comercializando e realizando barganhas, trocas de produtos.

Devido às normas da Cia Sorocabana, responsável pela estação e proprietária das áreas, evitando acidentes nos trilhos e acatando leis da Prefeitura de Campinas, foram proibidos os comércios de produtos no local. Para atender aos pedidos de clientes, atraídos pelos preços e mercadorias, as vendas aconteciam nas proximidades da esquina da rua Baronesa Rezende e Campinas, local já utilizado para cargas e descargas de produtos, então conhecido pelas” porteiras da Usina Ester”, perímetro urbano da “villa” com as terras da Fazenda açucareira.

Em 1957, com as obras de reurbanização de Cosmópolis, realizadas pelo prefeito José Garcia Rodrigues, “Zé da Peggy”, e o vice-prefeito Vicente Morelli, “Vicente Sapateiro”, oficializou-se a rua Sete de Setembro para as feiras livres, realizadas aos sábados.

Texto Adriano da Rocha (Curta e siga @CentrodeMemoriaCosmopolis) – foto Acervo Público Cosmopolense