A Delegada Seccional de Americana, Martha Rocha de Castro, esteve na Delegacia de Cosmópolis durante o trabalho de Correição realizado no local. A delegada é a chefe de Polícia de nove cidades da região. Além de Cosmópolis, estão sob seu comando as Polícias Civis de Americana, Santa Bárbara D’Oeste, Nova Odessa, Sumaré, Hortolândia, Artur Nogueira, Engenheiro Coelho e Monte Mor.
Esta é a primeira vez que a Seccional de Americana é comandada por uma mulher. Com 40 anos de experiência na Polícia Civil, ela já esteve à frente das seccionais de Mogi Guaçu, Santo Amaro e Diadema, além de atuar no DAP (Departamento de Administração e Planejamento) e na DDM (Delegacia de Defesa da Mulher) de Jundiaí.
Desde que assumiu o comando na região, várias adequações já foram realizadas nas delegacias. Em Cosmópolis, ela acompanhou todo o trabalho de correição, onde são verificados os Inquéritos Policiais (IP) que estão em andamento e também todo o trabalho policial realizado na delegacia.
Em entrevista, a Delegada falou sobre os desafios de ser a primeira mulher a chefiar a Seccional de Americana e também sobre segurança pública na cidade e região.
GAZETA de COSMÓPOLIS: Como está sendo o trabalho à frente da Seccional de Americana?
Delegada Martha Rocha: É um trabalho árduo, mas, é com muito satisfação que eu assumo este novo desafio. É muito motivador. Me motiva muito a sempre buscar fazer mais.
GAZETA: Quais os desafios da segurança enfrentados na região?
Delegada: Por ser uma área muito extensa, nós temos dois crimes que, realmente, incomodam um pouco, que é o furto de auto, na região toda, e roubo de carga. São os crimes que mais tiram a tranquilidade da população e nossa também. Os demais são corriqueiros, não é uma Seccional tão violenta. Mas, a preocupação em que mais a gente bate é nessa questão: furto de veículos. Realmente, ele cresce, tem um índice que sobe, a polícia faz um trabalho e ele cai, e, depois, sobe novamente. Então, fica difícil eliminar. Eliminar ou manter uma baixa. Este é um desafio grande.
GAZETA: Aqui em Cosmópolis, os crimes são variados. Existem desde furto de combustíveis em dutos da Petrobras até o tráfico de drogas, passando pelo roubo de carga. O que a cidade pode esperar da Seccional como reforço no trabalho Policial?
Delegada: O policial está preparado para fazer um pouco de tudo. Nós estamos com uma escassez muito grande de Policial. Mas, o pouco que nós temos está desenvolvendo um bom trabalho para atender essa demanda.
Não é fácil, é difícil. Eu, para poder implementar mais, buscar maiores resultados, preciso de mais funcionários. E não vou receber, no momento, ou daqui um curto prazo, mais funcionários.
GAZETA: Qual é o déficit de funcionários na região?
Delegada: Eu não sei te passar em porcentagem. Mas, nós tivemos uma corrida pela aposentadoria muito grande. Com essa questão da alteração da Previdência, muitos funcionários pediram aposentadoria. Então, houve um esvaziamento muito rápido. E, talvez, não houve um planejamento para abrir novos concursos e repor esses funcionários.
Então, com essa demanda, está praticamente no Estado inteiro.
GAZETA: Em Cosmópolis, existe a ajuda de funcionários da Prefeitura.
Delegada: Não só em Cosmópolis. Todos os municípios contam com a ajuda e o auxílio prestado pelas Prefeituras.
Se não fosse isso, nós estaríamos de portas fechadas, pelo menos no Plantão.
GAZETA: Existe um planejamento para unificar o trabalho da Polícia Civil nas cidades de Cosmópolis, Artur Nogueira e Engenheiro Coelho, como foi feito pela Polícia Militar?
Delegada: Já houve estudos nesse sentido e não foi viável. Porque são comandos diferentes, Guarda Municipal, Polícia Militar e Polícia Civil.
Pela Polícia Civil, não haveria problema haver essa integração. Mas, esbarra em outras organizações.
Eu acho que não é a solução. A solução é enviar mais funcionários para cada um ter o seu Plantão Policial e fazer um rodízio entre eles. Mas, cada um com o seu plantão, para facilitar a vida da população e não dificultar.
GAZETA: Ainda com relação ao número de funcionários, existem muitos policiais fazendo o trabalho interno e administrativo da Polícia. Não existe a possibilidade desses policiais serem substituídos por Oficiais administrativos, liberando os Policiais para o trabalho na rua?
Delegada: Concordo. Todo o serviço interno administrativo não poderia ser exercido por Escrivão e Investigador de Polícia. Eles deveriam estar na função fim deles.
O que poderia ser feito então? Novos concursos para Oficiais Administrativos para podermos liberar esses policiais para irem para a rua. Mas eu não conto com esses funcionários. Então, o que tenho que colocar? O Escrivão e o Investigador para fazerem esse trabalho.
A Delegada também falou sobre o trabalho realizado durante a correição. Segundo ela, apesar dos recursos escassos que existem, o trabalho feito pelos funcionários é satisfatório e está dentro do esperado.
Ainda sobre a estrutura física da Delegacia de Cosmópolis, a Seccional falou que está em andamento um estudo para ver quais prédios são viáveis para receberem uma reforma e, assim, melhorar o atendimento à população.
Segundo a Delegada, os estudos estão sendo feitos e um dos requisitos é que esses prédios sejam de propriedade do Estado. Somente assim é que eles poderão receber uma possível reforma no futuro.
Questionada sobre se haveria verbas para essa reforma, ela disse que não existe. No entanto, ela ressalta que os estudos estarão prontos e, assim que a verba chegar, esta etapa já está pronta.