Delegado Dr. Fernando Fincatti dá entrevista sobre o homicídio do eletricista Danilo

Suspeito foi preso dois dias após ter cometido o crime

Na manhã desta sexta-feira, 05, o Delegado de Polícia Dr. Fernando Fincatti Periolo, deu entrevista para falar sobre o desfecho no caso do homicídio do eletricista Danilo Garcia da Silva, de 31 anos, morto a golpes de faca. O crime aconteceu na noite de terça-feira (02), por volta das 19h, no apartamento da vítima, localizado na Rua Paulo Azevedo Filho, no bairro Recanto Novo Cosmópolis, na região dos ‘predinhos’.

O acusado foi preso na tarde de quinta-feira (04), por volta das 9h. Ele é um Ajudante de Pedreiro, de 22 anos, morador da Rua Paulo Azevedo Filho, Novo Cosmópolis, mesmo condomínio de apartamentos populares onde a vítima morava.

Acompanhe:

Como a equipe de investigação conseguiu chegar ao suspeito do crime?

“Tão logo soubemos do homicídio, a equipe policial foi ao local e começou a investigar. Através de algumas investigações, conseguimos identificar o autor. Uma testemunha presencial nos deu algumas informações, já sabíamos só o primeiro nome dele. Com a investigação, chegamos à autoria e foi pedido o mandado de prisão temporária do autor. Conseguimos localizá-lo e ele estava temendo ser morto diante do ocorrido. Então, ele acabou colaborando com a justiça, se entregando. Tão logo ele se entregou, já havia feito o pedido de prisão, que havia sido decretado. Foram feitos o interrogatório e algumas diligências.

Durante as inteligências, ele acabou confessando o crime e a motivação. Os investigadores conseguiram localizar a faca utilizada no crime, que ainda encontra-se suja de sangue; e a camisa que ele utilizou no momento do delito. Conseguimos elucidar o crime e ele está preso de modo provisório. Ainda não temos o laudo pericial definitivo, nem o exame microscópico. Tão logo os documentos cheguem a delegacia, poderemos pedir a prisão preventiva dele para que possa responder ao crime de homicídio qualificado, júri popular e vai ficar preso por vontade de justiça”.

 

O que surpreende é que, até onde se sabe, a vítima e o suspeito eram amigos?

“Sim, os dois eram amigos. A motivação do crime, eu entendo como motivo torpe. O autor se separou da esposa durante algum tempo. Neste período que eles estavam separados, a esposa dele, que seria a ex-esposa, teve um relacionamento breve com o amigo dele, e posteriormente o casal reatou. Quando eles reataram, como eles moravam no mesmo condomínio, diz ele que não aguentava, não suportava a situação de ver alguém que saiu com a mulher dele – o amigo dele que saiu com a mulher dele -, morando no mesmo condomínio. Aí, sem notificar, nem nada, foi até o apartamento do amigo e, então, não precisou arrombar a porta nem nada, entrou normal, prevaleceu a relação de confiança… Foi lá e esfaqueou, matou e fugiu. Por um motivo torpe e sem dar qualquer chance de defesa à vítima”.

 

Este motivo torpe, o uso da faca, a forma com a qual ele matou… isso pode agravar a situação dele perante a justiça?

“Sim. No caso de homicídio qualificado, a pena é de até 30 anos. Também é um crime hediondo. Posteriormente, ele vai a júri popular em Cosmópolis e pessoas da sociedade vão julgá-lo”.

 

Ele havia saída da cadeia há pouco tempo?

“Sim”.

 

Em algum momento, ele demonstrou arrependimento pelo crime?

“Ele demonstra arrependimento mínimo. Demonstra que ele estava realmente incomodado com a situação. Ele diz que não suportava ver a mulher dele com outra pessoa. Até uma questão absurda porque enquanto eles estavam separados é que a esposa dele teve esse relacionamento. Então, não era para ter acontecido isso”.

 

O suspeito e outras pessoas foram ouvidos para se chegar a esta conclusão. Foi descoberto como a arma branca [faca] chegou às mãos do suspeito?

“A arma utilizada é uma faca de cozinha, facilmente adquirida. Ele já foi com a faca até o local. Já tinha a intenção, foi premeditada”.

 

Foi muito difícil chegar à localização dele?

“Ele ficou perambulando pela cidade e acabou indo para outra cidade. Estava escondido, mas, acabou fazendo contato, sabia que nós estávamos procurando por ele. Ele também passou a receber algumas ameaças, que a própria população dali, insatisfeita, nervosa com a violência do crime, iria acabar pegando-o e fazendo um mal maior a ele. Sendo assim, pra ele, se entregar à justiça ainda era menos grave do que acabar morrendo”.

 

A polícia ainda busca algum outro dado, mais elementos deste caso, ou os senhores estão dando por resolvido este crime?

“Nós damos esse crime como resolvido, mas, claro, o inquérito vai seguir e, se houver novas provas, outros indícios que mudem, tudo vai ser apurado. Vamos ver os laudos periciais…  No laudo pericial, o necroscópico vai apontar a quantidade de facadas que ele sofreu, a região, se houve luta, como exatamente aconteceu. As testemunhas também serão ouvidas; eventuais testemunhas, que digam como era o relacionamento do casal. As provas serão coletadas e inseridas no inquérito policial para possibilitar que o Ministério Público e a própria defesa dele possam fazer um trabalho adequado no júri e que ele se submeta à lei da forma mais justa”.

 

Há possibilidade do suspeito receber um habeas corpus através de pedido dos advogados dele?

“Essa possibilidade sempre existe. A justiça vai avaliar os vários lados. Mas, diante das provas, nós temos a prova material do crime, indícios mais que do que suficientes de autoria. Temos a confissão dele, foram encontradas a camisa dele e a faca sujas de sangue, com tudo isso, é muito difícil. Nós temos elementos suficientes para pedir a prisão preventiva. Só não pedi a prisão preventiva ainda – ele está na temporária, que é por 30 dias, prorrogável por mais 30 – porque, por enquanto, ainda não temos os laudos. Tão logo tenhamos estes laudos, já vamos abrir elementos para o promotor de justiça denunciá-lo e daí decretar a prisão preventiva do suspeito”.