A maioria das pessoas que conhecemos já passou ou irá passar pela cirurgia da extração de dentes do ‘siso’. Apesar do nome popular, este é chamado de 3º molar e, além de, costumeiramente, nascer após os 18 anos, ele nem sempre encontra espaço na boca, o que acarreta alguns problemas na saúde bucal. Mesmo assim, a relutância na extração dos mesmos ainda é muito comum.
Débora Serafim, 37 anos, é Cirurgiã Dentista com experiência no caso e afirma que a extração, mesmo com um bom pós-operatório, nem sempre é confortável, mas, é um ‘mal’ necessário.
“O siso, como costumam chamar, já teve sua utilidade, mas, isso, há muito tempo. Ele nada mais é que o 3º molar que antes servia para a mastigação e, hoje, ele não serve mais, porque nossa arcada dentária, com o tempo, com nossas alimentações diferentes, foi mundando e, desde então, não há mais espaço na boca. Algumas pessoas que têm por formação uma boca maior, ainda conseguem erupcionar os dentes e eles ficam bem acomodados, mas, na maioria dos casos, isso não acontece”.
É importante a extração?
De acordo com a cirurgiã, devido a maneira onde o 3º molar se encontra, na maioria dos casos, está em difícil acesso para escovação e higienização, além de ser um local mais úmido. “Ele acaba acarretando muita cárie, isso quando ele não tem mais dificuldades para nascer, não consegue erupcionar e fica parte da gengiva sobre ele, é o que chamamos de pericoronarite. A pericoronarite se torna uma espécie de capuz no dente, onde a gengiva acaba sempre inflamando e incomodando, porque o local acumula sujeira e a escovação não alcança devido ao difícil acesso, o que incomoda bastante.
E se não for extraído?
“Quando a pessoa não quer, de nenhuma maneira, realizar a extração do dente, ela acaba fazendo restaurações, porque, mesmo com problemas de localização, o paciente tenta mantê-lo saudável. Contudo, um dia, o excesso de restaurações vai fazer mal, vai torná-lo extremamente enrijecido, e pode até quebrar. Quando isso acontecer, a extração vai ser completamente mais difícil pelas camadas de restauração e o sofrimento postergado será ainda pior. Por isso, aconselhamos a extrair enquanto ele está saudável, quando se é mais novo. A recuperação em pessoas mais jovens costuma ser muito rápida e mais fácil”.
E quando ele não cresce?
“Esta é uma situação comum, porém, que precisa de muita atenção. O siso nasce entre os 18 e os 21 anos e, em algumas pessoas, ele não nasce realmente, mas, elas precisam ir ao dentista verificar se realmente não têm os dentes, ou se algo pior está acontecendo. Para entenderem melhor, vou dar um exemplo: Se ele não nasceu, pode não estar conseguindo erupcionar na gengiva, e já houve casos do dente estar incluso na gengiva e deitado. Isso prejudicava demais o dente ao lado, porque toda vez que ele tentava nascer e estava inclinado, empurrava os nervos do dente do lado. Isso gera dor, além de fazer com que o paciente perca os dois dentes, o siso e o que estava saudável ao seu lado”.
Inferiores costumam ser mais problemáticos
“Vale lembrar que, quando se tratam dos inferiores, existem muitos nervos importantes à sua volta. A não extração pode doer a mandíbola e o ouvido, entre outros incômodos que podem ser confundidos com outras inflamações quando se trata apenas do siso”.
É possível retirar os quatro dentes de uma vez?
“Sim, pelo menos a pessoa passa por apenas um ‘sofrimento’ de pós operatório. Não tem problema nenhum o paciente retirar todos de uma só vez”.
A cirurgiã finaliza aconselhando “a retirada dos dentes chamados de siso sempre é a melhor opção, mesmo que inicialmente eles não estejam incomodando”.