Dependência emocional x Codependência emocional e suas diferenças

Sua autoestima é destruída porque a vida dela passa ser a outra pessoa

Maristela T. Lopes Ramos
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Dependente emocional é toda aquela pessoa que acredita que precisa de uma outra para se sentir viva. Muitas vezes, essa pessoa tem um discurso que esse alguém é a razão do seu viver, é a completude, o ar que respira, sem essa pessoa não se tem um norte, nada faz sentido. Então, se acontece uma discussão entre essas pessoas, o dependente emocional não vai conseguir trabalhar ou fazer qualquer outra coisa, a vida para praticamente. Essa pessoa funciona como o oxigênio dela, os seus pensamentos são 100% o outro. Tende a ser uma pessoa controladora, desconfiada, entende o outro como uma extensão de si, uma parte dela. Exerce ou quer exercer o domínio. Enquanto a outra pessoa está sob controle e sentindo que esse outro é recíproco, a relação estará perfeita.
A dependência emocional pode levar a uma despersonalização, isto é, uma perda de identidade, uma perda de si. Sua autoestima é destruída porque a vida dela passa ser a outra pessoa. Não consegue se perceber, tem uma ausência do EU, se mistura com o outro. Não existe a individualidade. O dependente só consegue ter paz se estiver tudo bem, se a pessoa estiver perto, ou se não estiver perto, ela tem que saber onde está, estar falando com ela, sentido sua interação. Mas, se percebe algo diferente, um atraso em responder mensagens, em atender as ligações, ou algum tipo de afastamento, sente um desespero muito grande, não consegue dormir, comer, trabalhar, sintomas de ansiedade, angústia, é um sofrimento intenso.
A Codependência emocional é parecida, mas não é igual. O Codependente precisa de alguém que precisa dele. Uma relação, muitas vezes, doentia, patológica. Precisa da necessidade que o outro tem dele para sobreviver. Precisa do dependente emocional. É uma dinâmica difícil de ser quebrada, pois uma alimenta a outra. Tendem ter características de salvador, de querer consertar tudo. Permeiam entre salvador e vítima, ou seja, esperam que as pessoas sejam eternamente gratas a ela. Agradam, elogiam e concordam com tudo o que é falado pelo outro. Temem a perda desse alguém.
Uma relação dependente só vai existir se houver também a codependência. Pois se a relação não for alimentada, a dinâmica se quebra. Dificilmente alguém que não é codependente consegue permanecer por muito tempo dentro dessa relação.
Ao saber sobre esse tema, pode-se ter um maior conhecimento sobre si mesmo. A maneira de quebrar esse ciclo vicioso, e ir curando essa dependência é, em primeiro lugar, saber que isso existe e está acontecendo com você, dentro do seu relacionamento. Reconhecer que algo não está bem. Começar, então, a fortalecer o EU. Com esse fortalecimento, ocorre um convencimento de que não se precisa desse outro para viver. Quando se entende que não se precisa do outro, que esse outro não é uma necessidade, a dependência emocional é quebrada. Pode-se querer estar com alguém, adorar essa companhia e os momentos que se está junto, o que não se pode é depender disso para estar bem na vida. Se começar a fazer mal, ou a pessoa quiser sair da relação, precisamos conseguir seguir a vida em frente. Vai haver sofrimento? Vai sim, talvez precise de um tempo para digerir a separação. Mas vai passar.
Perceba, então, se você alimenta a dependência de alguém, se você precisa servir ou cuidar do outro para se sentir amado, respaldado, pertencente, reconhecido. Isso, na verdade, é perceber o próprio jeito de amar, porque cada pessoa aprendeu uma forma de se sentir amada e expressar o amor, nas suas vivências desde a infância, desde o primeiro contato com o seu cuidador. Nossa forma de amor é absorvida e internalizada desde essa época. O dependente, muitas vezes, vem de famílias disfuncionais. Vivenciou pouco amor, pouco amparo, pouca aceitação, segurança, coerência e harmonia familiar. Muitas vezes, rigidez nas regras, excessivas críticas, abusos, violência psicológica e até física.
Necessário fortalecer o amor próprio, entender que uma outra pessoa pode ser muito importante na nossa vida, mas não pode ser a nossa vida, pois você acaba esquecendo de si mesmo. Nunca devemos nos colocar totalmente nas mãos de outra pessoa, pois esse outro não vai cuidar de nós como nós mesmos, e em algum momento essa pessoa pode não gostar mais de nós, não querer mais estar ao nosso lado, e ela vai abrir essa mão, vamos cair e nos quebrar em pedaços, ficaremos em cacos, tendo que recolher pedaço por pedaço. Temos que estar com alguém porque gostamos da pessoa e porque ela nos faz bem, e não porque se necessita.
Não, não precisamos nos humilhar para alguém estar do nosso lado, não precisamos implorar por migalhas de presença, atenção ou carinho. Tudo o que precisamos temos em si mesmo, mas por algumas razões não estamos conseguindo enxergar. Busque ajuda, terapia pode te ajudar nesse autoconhecimento, resgate-se. Com amor próprio, nos posicionamos com as pessoas de maneira muito diferente. Não deixamos as pessoas abusarem de nós, colocamos “bordas”/limites. Pois, muitas vezes, quando percebem que estamos nas mãos delas, elas pisam, aproveitam, fazem jogos emocionais, torturas psicológicas, chantagens, manipulações. Se você se posicionar com dependência, você transmite ao outro que ele pode te tratar de qualquer forma, e que nunca irá deixá-lo.
Finalizando, lembre-se sempre: você é a pessoa mais importante da sua vida, você é a protagonista da sua vida, você é a razão da sua vida. Você tem que se colocar em primeiro lugar, e isso não é egocentrismo, é amor próprio. Se você não se valoriza, o outro não vai fazer isso.