Não é novidade para ninguém que, em algum momento de nossas vidas, teremos de enfrentar conflitos. Medos, perdas, tristezas, frustrações, angústias, que infelizmente fazem parte da rotina humana após a entrada do pecado na humanidade. Não que isso seja propriamente uma alteração patológica, uma doença.
O transtorno depressivo maior é uma das principais causas de incapacidade para o trabalho, comprometimento na vida social, acadêmica e, com certeza, familiar. Com alta morbidade e mortalidade.
O humor deprimido e a perda de prazer são os sintomas principais da depressão. Associados a eles estão a diminuição do interesse e motivação, baixa autoestima, choro fácil, culpa, irritabilidade, ansiedade, insônia ou sono em excesso, aumento ou perda do apetite. Alguns pacientes dizem que não conseguem nem se “levantar da cama”. Além disso, vem uma fadiga inexplicável, sentimentos de vergonha ou autodepreciação, negativismo, isolamento, ideias de morte, e, por fim, a tentativa de suicídio.
Você pode estar se perguntando o porquê de todos esses sintomas. Encontramos diversas causas que atualmente vêm sendo estudadas, como fatores biológicos, genéticos e neuroquímicos. Outros atuam como fatores desencadeantes, como a perda de pessoas queridas, moradia, trabalho, separação precoce da mãe, assim como negligência e maus tratos durante os primeiros anos de vida, sendo relacionados a uma maior vulnerabilidade a doenças mentais como depressão e esquizofrenia ao longo da infância e vida adulta.
Cada vez mais, tenho me deparado com pacientes nesta situação. Percebo um sofrimento imenso devido a maioria destes serem cristãos. Isso porque eles concluem que seu problema acontece talvez por falta de fé, e têm sentimentos de que Deus não se importa com eles, e de que não são agradecidos pelas bênçãos do Senhor. Tudo isso atua como um rolo compressor e essas pessoas acabam se sentindo excluídas, desafortunadas e se afastam do convívio de seus queridos, da igreja e do trabalho, chegando até o desfecho mais temido… o suicídio.
O que dizer de uma família aparentemente perfeita? Imagine a cena: pais que se amam e se respeitam, com estabilidade financeira, filhos obedientes, guardadores da lei de Deus, membros ativos na igreja. No entanto, mesmo assim, a mãe dessa família sofre com uma tristeza profunda, desanimada, incapaz de manter a alegria e equilíbrio na vida. É neste momento que os julgamentos se iniciam, possivelmente dentro da família, amigos e, inclusive, na igreja. Esta pessoa passa a ser vista como preguiçosa, mal agradecida, sem fé, mãe negligente e, como já ouvi muitas vezes, “ela tem de tudo, mas não desfruta de nada”…
Se essa é a sua situação, tenha a certeza de que Deus não te condena por sentir tudo isto e está disposto a prover tratamento adequado para suas angústias, aliviar suas tensões e te conceder uma vida produtiva. Ele conhece, entende profundamente este transtorno e, o melhor, está disposto a te ajudar.
Primeiramente, não tenha medo nem preconceito de buscar ajuda profissional. Alguns consideram isso uma demonstração de fraqueza ou falta de fé, afinal, muito desequilíbrio e fanatismo permeiam esta questão. O que precisamos entender é que muitos pacientes necessitarão de acompanhamento profissional e, principalmente, medicamentoso nesse caso. Buscando sempre nosso ideal, princípios imutáveis de uma vida saudável, alimentação adequada, exercício fisico e uma vida religiosa pura e positiva.
Como eu gosto de dizer, descanse nos braços do Senhor, busque tratamento imediato com um profissional de saúde mental e inicie uma nova caminhada com esperança.
Depressão é falta de fé?
16 de fevereiro de 2018 Caderno de Jesus
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