Estima-se que, atualmente, cerca de 350 milhões de pessoas no mundo todo sofrem de depressão. A doença tem crescido consideravelmente nos últimos anos e é conhecida por ser a doença do mundo moderno.
A prevalência (número de casos numa população) da depressão é estimada em 19%, o que significa que, aproximadamente, uma em cada cinco pessoas no mundo apresenta o problema em algum momento da vida.
A psicóloga Patrícia Poletti explica que a depressão é uma doença psiquiátrica crônica e recorrente, que se caracteriza por alterações do humor associadas a sentimentos de tristeza profunda, amargura, desesperança, baixa autoestima. O problema pode não ter uma causa aparente e permanece por longo período, principalmente, trazendo impactos e prejuízos para a vida do indivíduo.
A depressão é uma doença democrática, podendo afetar crianças, jovens, adultos e idosos. A psicóloga explica que a família tem papel essencial para a recuperação do depressivo e é necessário estar atenta aos sintomas da doença. “Os sintomas podem variar conforme o caso. Nas crianças, muitas vezes, são erroneamente atribuídas as características da personalidade e, nos idosos, ao desgaste próprio dos anos vividos. Devemos ficar atentos às mudanças de comportamentos, principalmente, nas crianças, quando perdem a vontade de brincar ou de fazer algo que gostavam, começam a ir mal na escola, ficam desatentos ou agressivos.”
Entre jovens de 14 a 25 anos, mais de 21% têm sintomas indicativos de depressão, sendo que 5% deles já tentaram, alguma vez, suicídio. Sabe-se que, também, entre meninas desta mesma faixa etária, 28% têm sintomas presentes.
Em geral, a primeira crise ou sintomas de depressão costumam aparecer na juventude. Segundo Patrícia, pode-se atribuir a alterações hormonais do crescimento e ao momento social e psicológico de mudanças que estão passando. “Jovens adultos estão dizendo adeus à infância e adolescência e tentando encontrar o próprio caminho, ao mesmo tempo em que lidam com mudanças frequentes e incertezas, que podem despertar sentimentos de tristeza e irritação.
Desbravar o mundo, definir a identidade própria, desenvolver a capacidade de manter relacionamentos íntimos e formar a base para uma futura carreira e para a vida adulta são alguns dos desafios enfrentados pelas pessoas aos 20 anos e que podem torná-las mais suscetíveis à depressão. Além de tudo isso, estão expostas ao uso de drogas, por mais inofensivas que pareçam, e que sabemos que são disparadores para os transtornos mentais”, alerta a psicóloga.
Além disso, a psicóloga alerta para os casos mais graves, em que a depressão pode levar à morte. “Os dados relativos à morte relacionada a depressão não são precisos por não constarem no atestado de óbito como causa. Temos hoje que entre 5% e 9% dos pacientes com depressão cometem suicídio, e a depressão está ligada indiretamente a outras doenças que levam à morte.”
Não há estágios definitivos da depressão, visto que a doença se manifesta de forma diferente em cada indivíduo, de acordo com fatores internos e externos, como sexo, idade ou influências culturais. “Devemos prestar atenção na presença dos sintomas (em geral, há a presença de quatro ou mais) e por quanto tempo estes sintomas estão presentes. São estes diferenciais que trarão um melhor diagnóstico e assim um melhor tratamento e recuperação”, explica Patrícia.
A família dos portadores de depressão precisa manter-se informada sobre a doença, suas características, sintomas e riscos, para que todos tenham paciência e compreendam que a depressão não se trata de frescura ou preguiça, mas sim, de uma doença que precisa ser tratada. “É importante que a família ofereça um ponto de referência para certos padrões, como a importância da alimentação equilibrada, da higiene pessoal e da necessidade e importância de interagir com outras pessoas. Afinal, trancafiar-se num quarto às escuras, sem fazer nada nem falar com ninguém, está longe de ser um bom caminho para superar a crise depressiva”, orienta a psicóloga.