Quando a tristeza e o mal-estar se prolongam, é preciso ficar atento e procurar ajuda
Criar filhos é uma das tarefas mais difíceis que as pessoas realizam na vida. Poucas mulheres mencionam a crise psíquica que acompanha o nascimento de um filho e os sentimentos que são despertados nesse momento. Por vezes, uma mistura de poder e impotência. Também vêm a tona aqueles sentimentos que se tem a respeito da relação com a própria mãe.
Um nascimento em que a maioria das pessoas imaginam ser um momento alegre, acaba por deixar confusas algumas mães que sentem-se tristes nesse momento. Então, sentem grande culpa e não contam para os familiares e amigos com medo do julgamento. Não é frescura, nem fraqueza. Mulheres que apresentam depressão pós-parto têm mais chances de desenvolver depressão em outro momento da vida.
Quando se fala em depressão, essa é entendida como expressão do sofrimento e da dor. A depressão pós-parto é considerada um transtorno do humor e acomete mulheres logo após o parto. Desenvolve-se dentro das primeiras semanas, mas, pode ser tardia e começar até 6 meses após o parto. Não tem causa única e sim, uma combinação de fatores físicos e emocionais. Uma em quatro brasileiras é afetada pela doença.
Há estudos que associam a ocorrência da depressão pós-parto a: consciência aumentada da responsabilidade que a maternidade carrega; período que implica mudanças profundas na identidade da mulher; pouco suporte oferecido pelo parceiro (mães solteiras), ou outras pessoas com quem a mãe mantém relacionamento; não planejamento da gestação ou gestação indesejável; nascimento prematuro; dificuldade de amamentar, ou no parto, ou morte do bebê; problemas de saúde na criança; dificuldades relacionadas ao retorno ao trabalho; pressões culturais para mulheres que exercem a maternidade com uma visão romanceada de mãe perfeita, entre outras.
Ao término da gravidez, acontecem muitas alterações hormonais e algumas mães experimentam alterações de humor e crises de choro, ficam sensíveis e precisam de tempo para adaptarem-se à nova rotina. Incluem tristeza e desesperança, interfere na capacidade da mãe cuidar do bebê, das tarefas diárias e de si mesma. Dificuldade de dormir, ansiedade e até exaustão. Outros sintomas: dificuldade de ligação amorosa com o bebê, irritabilidade, medo de não ser boa mãe, sentimentos de inutilidade, vergonha, culpa e inadequação, pensamentos de prejudicar o bebê e a si mesmo, pensamentos de morte e suicídio.
Baby Blues (tristeza materna) é um termo para designar uma forma menos grave da depressão pós-parto. É uma tristeza que dura poucos dias. Inicia-se nos dois a três dias após o parto e pode durar até duas semanas. Ocorre frequentemente, cerca de 70 a 80% das novas mães são afetadas. A diferença de Baby Blues para a depressão pós-parto é a duração dos sintoma, em que nessa última, o quadro dura mais tempo e as emoções são mais intensas.
Existe uma condição mais grave que é a psicose pós-parto, que é uma condição rara e se desenvolve na primeira ou segunda semana e inclui sintomas como distúrbio do sono, confusão e desorientação, pensamentos obsessivos sobre o bebê, alucinações, delírios, paranoias, tentativas de prejudicar a si e ao bebê. Acomete uma a duas mulheres a cada mil nascimentos. Requer tratamento intensivo e, por vezes, hospitalização.
Se a recém-mãe estiver sentindo-se deprimida após o nascimento, ela pode estar relutante e envergonhada por admitir isso, porém, é importante procurar um médico psiquiatra ou um psicólogo, que podem ajudar a lidar com os sintomas. Se não for tratada, pode interferir na ligação mãe-bebê. Para a mãe, pode aumentar o risco de apresentar futuros episódios de depressão. O tratamento é realizado individualmente, combinando antidepressivos e psicoterapia, ou ate reposição hormonal. Importante é até uma avaliação precoce da depressão ainda no período da gestação que viabiliza a realização de intervenções com o objetivo principal de apoio neste momento de transição, tornar-se mãe.
Maristela T. Lopes Ramos
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