Muito se fala em depressão pós-parto, porém, poucas pessoas têm conhecimento real do problema, uma doença preocupante que afeta completamente a vida da mulher que se tornou mãe recentemente.
A psicóloga Patrícia Poletti explica que a depressão pós-parto não é a mesma coisa que uma espécie de melancolia, também conhecida como “baby blues”, ou “blues puerperal”. “O ‘baby blues’ ou ‘blues puerperal’ geralmente tem início poucos dias depois do parto e provoca tristeza, preocupação, nervosismo e vontade de chorar. É possível que as enormes mudanças hormonais da gestação sejam responsáveis por esses sintomas, que tendem a desaparecer em questão de dias.”
A depressão pós-parto aparece entre 10 a 15% das mães e pode aparecer até mesmo meses depois do parto. “É um número alto e acreditamos que estes números não revelam a realidade, que deve ser bem maior, já que muitas mães têm vergonha ou medo ou não sabem que precisam de ajuda”, explica a psicóloga.
A depressão pós-parto é bem mais séria do que uma melancolia passageira. Enquanto a maior parte das mães consegue superar aquela tristeza inicial e passa a curtir seus bebês, uma mulher com depressão pós-parto fica cada vez mais ansiosa e tomada por sentimentos desagradáveis.
Em alguns casos, a mãe já estava deprimida mesmo antes do nascimento da criança, e simplesmente continua a ter os mesmos sentimentos, explica a psicóloga. “Para outras mulheres, no entanto, a depressão começa semanas ou até meses após o parto. O que parecia ser um prazer, aos poucos começa a parecer um fardo, e a vida de certas mulheres chega a ficar paralisada. É importantíssima a busca de um especialista para o tratamento para que a mãe possa exercer plenamente sua função materna, não tenha medo de ser julgada e muito menos de ser taxada de má mãe”, orienta Patrícia.
Toda mulher de qualquer faixa etária pode sofrer depressão pós-parto. “Mulheres de todas as idades podem sofrer de depressão pós-parto. Mulher com história de depressão no passado, seja relacionada ou não com o parto, ou depressão durante a gravidez (quadro menos freqüente, mas também possível) está mais sujeita a desenvolver transtornos depressivos. Alguns fatos, como por exemplo, gravidez não desejada ou não planejada causa aumento do estresse ao longo da gestação e podem contribuir para o aparecimento do problema”, salienta a psicóloga.
Além disso, a mulher pode ter depressão pós-parto na primeira gestação e não ter na segunda, e vice-versa.
A depressão pós-parto deixa a mulher incapacitada, com dificuldade de realizar as tarefas do dia a dia. A depressão instala-se lentamente; só de quatro a seis semanas depois do parto o quadro depressivo torna-se intenso, explica Patrícia. “Os principais sintomas são tristeza constante, sentimento de culpa, baixa auto-estima, desânimo e cansaço extremo, pouco interesse pelo bebê, incapacidade para cuidar de si e do bebê, medo de ficar sozinha, falta de apetite, entre outros…”
Se não tratada, a depressão pós-parto pode permanecer e se transformar numa depressão. Por isso, é de extrema importância o apoio emocional do marido e/ou da família. Além disso, é necessário consultar um psicólogo ou psiquiatra para iniciar o tratamento adequado e poder curtir cada momento dessa fase tão importante na vida de qualquer mulher.