Devido ao maior apego, novas gerações tendem a sofrer mais após perda de animais, diz veterinário

Para aqueles que amam seus animais de estimação, um dos momentos mais difíceis é quando eles morrem. Esta tristeza pode durar dias, meses ou anos.
Quando um cão ou gato morre, o dono sente-se tão vazio como se tivesse perdido um filho, um irmão ou um ente querido da família. Ele experimenta uma dor imensa que não se pode comparar a nada e que é difícil de explicar.
O veterinário Adriano Coghi Poletti esclarece que, cada vez mais, essa dor de perda é aumentada e vários fatores são associados para isso. “Hoje em dia, percebemos que os animais de estimação estão realmente sendo tratados como um ente da família mesmo, estão vivendo dentro de casa, dormindo junto. Antigamente, não era assim; antes, os animais viviam só no quintal e não conviviam muito com a gente. Isso fez com que nos apegássemos mais com os nossos bichinhos, causando, então, um sofrimento maior quando os perdemos”, comenta.
O veterinário também fala sobre o aumento de estresse e de trabalho que está havendo atualmente, e os animais chegam a ser uma ‘descarga de energia’. Por esse motivo, seus donos chegam a se sentir mais confortáveis com eles, devido a esses fatores estressantes da nossa rotina. “Ter um animal de estimação chega a ser até um tratamento psicológico, vários médicos prescrevem companhia animal”.

Desvalorização pelo luto
“Várias pessoas chegam a julgar esse sentimento por não entenderem o que a pessoa em si está passando; ou, em alguns casos, até entendem, mas, não valorizam tanto quanto a outra pessoa”, diz ele. Atualmente, vários animais chegam a viver muito pouco, não duram nem o mínimo de idade que é proposto. As pessoas que geralmente não entendem o sentimento é porque têm animais que não são bem cuidados, ou que não dão tanta valorização aos animais. “Quando esse caso acontece com algum cliente, todos nós daqui tentamos ajudar ao máximo, fazer um papel de psicólogo mesmo, porque é nossa obrigação dar esse suporte a ele”.

Eutanásia
Fazer uma eutanásia para evitar o sofrimento do animal pode ser ainda mais difícil do que perdê-lo em um acidente ou por velhice. “Eutanásia é uma morte para o bem, mas, a partir do momento que você tem um animal que ainda tem chances de sobrevivência e você pede para o veterinário ‘matá-lo’, isso é um sacrifício sem motivos. Aqui, nós fazemos em último caso mesmo, não é algo fácil para nós veterinários estarmos fazendo”, explica. Ele comenta também que é sempre bom o dono decidir se quer ou não estar junto nesse momento, não devendo obrigá-lo a estar participando dessa situação dolorosa.

Sentimentos
Primeiramente, há a falta de um amigo, logo, haverá muito choro e muita tristeza. “A pessoa vai começar a sentir falta dos momentos em que havia aquela animação, aquele companheirismo que possuía com o seu animal de estimação. Isso acaba com a pessoa, mas, infelizmente, é um ciclo da vida”.
Nicole Schwarz, de 22 anos, conhece bem este sentimento, já que, recentemente, perdeu seu animalzinho de estimação.
Ela conta que seu nome era ‘Damon’ e o perdeu ainda novo, mas, por uma causa natural. “É complicado

porque a gente se apega a eles como membros da nossa família. E o Damon, criávamos dentro de casa, vendo TV junto, dormindo do lado da cama e tudo mais. Então, dá uma sensação de vazio, a casa parece estar morta, porque ele trazia alegria, trazia luz, fazia bagunça, daí tudo fica mais quieto e sem graça alguma. Mas, procuro pensar que eles são como anjinhos que veem para uma missão especial e, quando concluída, Deus os leva de volta. Infelizmente, o Damon completou a dele muito cedo e se foi muito novo, mas todas as alegrias, aprendizados e amor que ele nos deu são imensuráveis. Então, me conforto pela sorte de ter tido um ‘serzinho’ de tanta luz ao meu lado e que me proporcionou momentos inesquecíveis”.
Nicole conta que tem outra cachorrinha em sua casa, a Aire, que também sentiu bastante a perda de Damon. Ela fala que, tendo outro animalzinho consigo, ajuda bastante a superação da perda. “Precisamos ficar firmes por ela também”, finaliza.

Conselhos

Adriano Coghi Poletti
Médico Veterinário
Clínica Vila Bicho
Fone: (19) 3882-3422

Se a morte for natural, mantenha a calma, ele não sofreu nada, pense sempre no seu lado bom. Adriano recomenda que, após a perda de um animal de estimação, faz bem adotar outro para ‘superar’ esse sofrimento, porém, é importante verificar se a causa da morte do antigo animalzinho foi de doença infecciosa. “Deve-se dar um tempo antes da próxima adoção, porque pode ser que o seu futuro animal possa pegar também”, conclui.