Dia das Mães: conheça histórias de adaptação movidas pelo amor materno

Amor de mãe pode ser considerado algo incompreensível. Ser mãe não se resume apenas ao ato de dar a luz, mas de dar a vida, o coração, o tempo e toda a disposição aos filhos.
Este ideal pode ser considerado um lema para a vida de Daiana Costa (34), que há 9 anos se viu sob um pesadelo materno: o medo de perder a vida que carregou durante 9 meses em seu ventre.
“O nascimento da minha filha, Julia, estava previsto para o dia 29 de abril de 2009, mas foi antecipado para o dia 26 do mesmo mês em decorrência de um grave acidente”, conta. “Eu estava com uma vontade imensa de comer um peixe que só era produzido em Piracicaba. Lá, enquanto parados no semáforo, fomos atingidos por um caminhão descontrolado”, continua.
No ato do acidente, Daiana afirma que houve o descolamento da placenta. “No momento, acreditei estar tudo bem, pois me sentia normal, só não conseguia sair do carro. Fui levada de ambulância ao hospital e, chegando lá, eu já não ouvia mais os batimentos do coração da minha filha. Foi feito o parto e, infelizmente, ela nasceu ‘morta’. Os médicos fizeram de tudo para reanimá-la, tendo sucesso nesta parte, mas, as sequelas permaneceram. Hoje, ela tem 9 anos de idade e está internada há 2, sem condições de alta, já que seu estado se agrava a cada dia que passa”, conta Daiana.
Devido à lesão no cérebro, Julia Costa vive em estado vegetativo. “Ela não ouve, não fala, não faz nada. O impacto foi muito forte. Se alimenta e faz xixi por sonda. Vive à base de aparelhos e isso me dói muito, pois nunca tive a oportunidade de ver um sorriso ou um choro da minha filha. E o pior é saber que ela era saudável, mas que tudo mudou por irresponsabilidades no trânsito”, desabafa Daiana.

Há dois anos, Julia vive internada no Centro Médico de Campinas, mas, antes contava com uma UTI improvisada em sua casa. “Contratamos enfermeiras 24 horas pelo estado dela e pela quantidade de aparelhos que ela faz uso. A Julia acabou tendo várias pneumonias e, logo em seguida, tivemos que utilizar ventilação mecânica e uma sonda para urina. Hoje, as enfermeiras realizam sondagem de 4 em 4 horas, o que dificulta a volta dela para casa”, explica.
E, para Daiana, a condição da filha não ameniza o amor que sente pela mesma. “É um privilégio saber que sou mãe de um verdadeiro anjo e que Deus sabia todas as coisas quando escolheu a minha família para poder cuidar dela. Agora sinto isso, mas, no começo, foi muito difícil vê-la nessa situação. Deus nos fortaleceu. Hoje, a Julia é minha fortaleza, meu maior tesouro”, afirma Daiana.

Negócio de família
E para as irmãs Juliana Maria Rampazzo de Brito (36) e Valderez Cristina Rampazzo Souza (42), ser mãe também nunca mostrou-se uma tarefa muito simples. Apesar disso, o amor e a dedicação aos filhos nunca diminuíram.
Hoje, proprietárias da Padaria Cosmopolita, as irmãs contam que cresceram dentro do ambiente de comércio familiar. “Vimos quase todas as fases da padaria após meu pai herdá-la do meu avô, inclusive, uma das mais felizes para ele: a compra do terreno e a construção do atual prédio onde atendemos. Infelizmente, após alguns meses da inauguração do novo ponto, fomos assaltados e, no ato, meu pai sofreu um infarto e faleceu”, conta Valderez Rampazzo.
Com o falecimento do pai, as duas se viram com grandes responsabilidades dentro do comércio. “Eu não tinha nem ideia do quanto devíamos ou faturávamos. Fui ter noção disso no dia em que perdi meu pai, mas, no começo, eu não sabia lidar com tanta informação”, afirma a irmã mais velha.
Com famílias já constituídas e gravidez, a vida administrativa tornou-se ainda mais complicada. “Não tivemos licença maternidade, já que a padaria não para. Eu fiz apenas 40 dias de dieta e já voltei para minha rotina trazendo comigo um bebê recém-nascido. Amamentei minha filha e cuidei dela enquanto trabalhava. Era uma loucura!”, conta Juliana Rampazzo.
Já para Valderez, a vida materna também se viu comprometida pela dedicação ao trabalho, já que, após o nascimento do filho, ela voltou ao trabalho enquanto a irmã cuidava da criança. “Me dói muito saber que não pude cuidar do meu filho no começo. Não o curti, não estive presente para dar papinha, ensinar a falar ou ver os primeiros passos. Mas, hoje, aproveito o tempo com o meu menino e o amo demais”, afirma Valderez.
Esta realidade não foi vivida apenas pelas duas irmãs, mas também pela progenitora de ambas, Antonia Aparecida Rampazzo. “Nós vivemos exatamente o que nossos filhos vivem conosco aqui dentre. Nossa mãe nos trouxe para cá enquanto ela trabalhava. Apesar disso, nunca sentimos nenhuma ausência da parte dela, muito pelo contrário, ela sempre foi guerreira e nos ensinou muito. Deixou o trabalho para ajudar na criação dos netos e isso prova o quanto o amor por nós é incondicional”, conclui Valderez.

 

Juliana e Valderez Rampazzo juntamente com a mãe Antonia Aparecida Rampazzo