Diante de um ‘bombardeio’ de notícias ruins, psicóloga fala sobre a importância da saúde mental

“Quando a mente está bem, o corpo fica forte também”, afirma

De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), “pandemia” é um termo para nomear a disseminação mundial de uma nova doença. Com frequência, é utilizado para referenciar “gripe” e significa que uma doença epidêmica se espalhou por dois ou mais continentes de pessoa para pessoa.
Essa situação considerada extrema causa muita pressão psicológica por conta da sensação de incerteza, risco de contaminação e necessidade de isolamento social. Pode causar alguns problemas/desequilíbrios mentais e aquelas pessoas que já são diagnosticadas com algum transtorno mental estão sujeitas a sofrer com as crises, como, por exemplo, pessoas portadoras do Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC), Transtornos de ansiedade e depressão.
Por isso, é preciso também cuidar da saúde mental. O inimigo neste momento é invisível a olho nu, pois, se trata de um vírus que tem contaminado mais e mais pessoas ao redor do mundo. As complicadas consequências, diretas ou indiretamente, têm atingido a todos. As mortes são a pior parte, mas, também há os efeitos nocivos na economia e nas mudanças drásticas na rotina de vida das pessoas.
Vivenciar esta situação traz sofrimento a todos, a diferença é que uns sofrerão mais e outros menos, pois alguns já adquiriram, de certa forma, durante suas experiências de vida, ou em tratamentos médicos e terapêuticos, mecanismos/ferramentas para lidar, principalmente, com a ansiedade, pois, é justamente o seu nível que aumenta muito.
O Brasil, segundo a OMS, é o país mais ansioso do mundo, consumidor de muita medicação para o caso. Amenizar os sintomas da ansiedade talvez seja a chave para o equilíbrio na sensação de bem-estar, isto é, de apesar de tudo isso estar acontecendo, do risco ser real, poder se manter um nível mínimo a médio de sensação de tranquilidade e de se estar protegido de alguma forma.
Algumas orientações são então sugeridas neste momento de quarentena como:
– Evitar o bombardeio de informações, pois, é um dos principais fatores da ocorrência dos sintomas da ansiedade. Uma curiosidade é que, em 2009, ocorreu uma pandemia do H1N1 em que os Smartphones já existiam, mas, não em tanta quantidade de aparelhos, portanto, a notícia não se alastrou com tanta velocidade e intensidade. Evitar, então, absorver notícias sobre o surto, o contrário pode levar qualquer um ao desconforto e dissabor. Siga meios confiáveis de notícias, existem muitos boatos e “fakenews”. Isso não é negar a realidade e sim poupar-se, não se expondo a informações que estimulam muito a depressão, a ansiedade e o TOC.
– Mesmo na situação de isolamento, mantenha contato com seus entes queridos, com sua rede de amigos e conhecidos. A distância física é recomendada para conter o surto, mas, a proximidade digital/virtual pode ser mantida.

Maristela é graduada em psícologia há 2 anos, mas já possui sua própria clínica

– Tente manter a rotina e também crie novas. Faça atividades saudáveis e também relaxe. Yoga e meditação podem fortalecer o sistema imunológico. Exercícios físicos (aprenda alguns básicos para fazer em casa), sono regular e dieta balanceada ajudam muito. Quando a mente está bem, o corpo fica mais forte também.
– Quantas vezes reclama-se de não se ter tempo? Agora pode ser o momento de dedicar-se a alguma atividade que se gosta, como pintar, desenhar, escrever, ler, estudar, cozinhar, ouvir música, ver filmes/séries, organizar algo que já vem pensando há algum tempo. Cada um, com certeza, vai saber as suas atividades.
– Quanto às crianças, neste momento, é normal que solicitem mais a atenção dos pais. É possível e até necessário falar com elas de forma honesta e apropriada à idade deles, dar-lhes essa explicação. De repente, muda a rotina delas, não vão mais à escola, não podem sair para brincar ou fazer algum passeio e, com isso, a “cabecinha” delas fica sem entender. Só de poderem falar sobre o assunto já pode ajudar na preocupação e ansiedade delas, porque elas também se sentem assim, só não conseguem nomear ainda. As crianças observam como os pais agem emocionalmente neste momento crítico e “criam”, a partir desse modelo, seus próprios mecanismos para lidar com suas emoções em momentos difíceis. Irão levar esse modelo para a vida adulta. Por isso, é importante os pais ou cuidadores demonstrarem tranquilidade e positividade neste momento.
– Enfim, atentar-se aos próprios sentimentos e demandas internas. Se o momento tornar-se insuportável, em que o sofrimento do medo (contrair a doença ou entes queridos, perdas por morte, perdas financeiras, falta de recursos básicos, entre outros) estiver excessivo, talvez seja preciso reconhecer a necessidade de um pedido de ajuda profissional psicológica e até um suporte psiquiátrico medicamentoso. A atuação das atividades do psicólogo não foi suspensa, portanto, os atendimentos continuam online e presencial, seguindo, com certeza, as medidas preventivas.