O desenvolvimento e aprendizado escolar das crianças são de fundamental importância e de grande preocupação dos pais. Quando a criança não vai na escola, geralmente, os pais associam ao método de ensino ou até mesmo à não adaptação com a escola, o ambiente e os coleguinhas. Mas, esse pode ser um sinal de problemas de saúde da criança.
Segundo o pediatra Dr. André Luiz Mathias Arruda, existem doenças orgânicas, ou seja, doenças literalmente físicas, e quadros que são comportamentais e psíquicos. Ambos podem estar ligados ao mau desenvolvimento e problemas de aprendizagem infantil. “Das doenças orgânicas, a que mais devemos nos atentar e prestar atenção são aquelas que, aparentemente, não teriam relação, mas que atrapalham o desempenho da criança. Por exemplo, crianças com aumento de adenóides (popular carne do nariz), geralmente, têm dificuldades em relação ao período do sono. Não é rápido, mas, ao longo do tempo, isso reflete na aprendizagem. Crianças que tenham doenças crônicas do aparelho cardiovascular, do aparelho respiratório também poderão ter dificuldade escolar.”
Problemas auditivos e visuais podem atrapalhar no aprendizado da criança e isso pode ser detectado com sinais que a própria criança dá sem perceber. “A criança sente necessidade de falar alto, não ouve quando é chamada, não entende o que está sendo falado, ou sente necessidade de se aproximar muito da TV, tem dificuldade em copiar as tarefas da lousa da escola”, alerta o pediatra.
Privação nutricional é outro fator que pode atrapalhar o desenvolvimento escolar infantil. Crianças com desnutrição ou mal alimentadas, obviamente, não conseguirão aprender como as outras crianças. “Quando a criança não se alimenta bem, seu sistema nervoso central não terá bom desenvolvimento e o cérebro é um órgão que não pára de funcionar nunca e é o que mais consome energia. Portanto, em longo prazo, pode causar déficit de atenção”, explica o Dr. André.
Segundo Dr. André, normalmente, os médicos pedem maior atenção nas crianças que não conseguem se concentrar em tarefas simples, como, por exemplo, se a criança é agitada, mas, consegue assistir o desenho preferido do começo ao fim, provavelmente, não tem nenhum transtorno. Crianças que não conseguem completar a refeição, que deixam as tarefas e lições escolares pela metade, não conseguem assistir programas de TV que, normalmente, interessariam ou não conseguem terminar a partida de um jogo, podem indicar hiperatividade.
Transtornos como déficit de atenção e hiperatividade, geralmente, causam problemas no aprendizado escolar, mas, é necessário ter um diagnóstico preciso, orienta o pediatra. “As pessoas acham que qualquer criança mais animada, mais agitada, já é hiperativa, ou então, aquela criança que não sossega na sala de aula apresenta déficit de atenção. Isso não é verdade, muitas crianças são encaminhadas ao psicólogo, psicopedagogo, neuropediatra como hiperativas e, na verdade, não são. O primeiro indivíduo que vai indicar um indício de um desses tipos de transtornos, geralmente, é o professor.”
Segundo o pediatra, o professor pode detectar os problemas de aprendizagem mais facilmente. “O professor pode verificar, entre os transtornos de aprendizagem, problemas relacionados à leitura, como a dislexia, por exemplo. O educador tem um papel importante e fundamental no processo de triagem das crianças. Além disso, os pais poderão observar alguns sinais em casa também.”
Muitas pessoas se preocupam em medicar crianças com esse tipo de transtorno, porém, o Dr. André alerta que medicar nem sempre é indicado, pois, se trata de um diagnóstico que não é rápido. “O indicado é que uma criança que esteja apresentando dificuldades para aprender seja avaliada, primeiramente, pelo seu médico pediatra para descartar qualquer possibilidade de doenças orgânicas. A partir disso, pode ser encaminhada a um profissional da área de psicologia ou um psiquiatra infantil, até mesmo um neuropediatra para detectar indícios de transtornos, como déficit de atenção, hiperatividade, dislexia ou qualquer outro traço que determine uma incapacidade da criança concentrar-se corretamente”, orienta o pediatra.