A resistência e a luta contra o preconceito seguirão um caminho longo
Em 2022, o Brasil segue, pelo quarto ano consecutivo, sendo o país que mais mata pessoas LGBTQIAPN+. Num comparativo, se contadas todas as mortes por motivo de LGBTQIAPN+fobia do mundo todo, temos aqui uma fatia de 50% delas. Tendo esse cenário caótico e violento de plano de fundo, e levando em conta todos os recortes sociais, como o mercado de trabalho recebe essa população? Por consequência, não é nada acolhedor também.
Há, atualmente no Brasil, em 38% das empresas, restrições referentes à contratação de pessoas LGBTQIAPN+, sendo as pessoas trans e as travestis as mais prejudicadas, com um percentual de cerca de 90% delas voltando-se à prostituição como única forma de sobrevivência financeira e fonte de renda (é importante também ressaltar que a expectativa de vida delas, em nosso país, é de 35 anos e que esse número pode ser ainda menor, visto a forma invisibilizada e marginalizada com que a sociedade brasileira as trata).
Ser um LGBTQIAPN+ pode prejudicar a vida profissional da pessoa, mesmo quando já contratada, visto que uma grande maioria sequer sente-se confortável ou segura para falar sobre sua sexualidade no ambiente de trabalho – fora a quantidade absurda existente de bullying corporativo, vindo desde membros das esquipes até cargos de liderança. É urgente que as empresas, de qualquer porte, humanizem-se e criem iniciativas para que a comunidade LGBTQIAPN+ seja mais amparada, desde o início de um processo seletivo até o encerramento do ciclo profissional ali, se firmado.
A criminalização da LGBTQIAPN+fobia é recente no Brasil, tendo sido determinada pela lei apenas em 2019. A resistência e a luta contra o preconceito seguirão um caminho longo, mas que, com um treino social consistente e uma mudança sistemática de postura, ainda que gradual e vagarosamente, tendem a trazer maior inclusão da comunidade no mercado de trabalho – o que beneficiará toda uma parcela excluída da população brasileira e também o próprio meio corporativo, visto que pessoas discriminadas, tendem a ser menos criativas, produtivas e a ter muito mais aderência ao rompimento do vínculo empregatício.
A diversidade, em qualquer esfera, não deve ser vista como uma vilã contra o progresso, mas, sim, como uma grande aliada para a construção de um negócio mais próspero, feliz e menos desumano.
Por um Brasil mais diverso e com oportunidades para todos, pergunto ao leitor, que já seja ou possa vir a ser um empresário, o que você pode fazer desde já para que essa mudança aconteça na sua empresa?
Livro: Transresistência: pessoas trans no mercado de trabalho – Caê Vasconcelos (no site ditalivros.com.br).
Filme: Um Crush para o Natal (Netflix).
Série: Atypical (Netflix).
Por: Juh Brilliant – Escritor, pedagogo e fotógrafo