Doença nos dentes aumenta riscos de infarto

Muitas pessoas conhecem a dor de dente, a maioria causada pelas cáries. Elas podem surgir devido a alguns hábitos diários com a saúde bucal, como a “preguiça” de escovar os dentes após a refeição e o excesso de alimentos doces e ácidos.

O que muitas pessoas não sabem, porém, é que algumas bactérias que se alojam em nossos dentes podem aumentar as chances de infarto: isso foi constatado por um estudo realizado pelo Instituto de Cardiologia de São Paulo em parceria com a Universidade de São Paulo (USP), que revelou que 100% dos pacientes infartados tinham a bactéria da doença periodontal alojada no miocárdio.

O Cirurgião Dentista Dr. Alexandre Rezende afirma que, quando nós nos alimentamos, se não fizermos a higiene bucal após a refeição, nosso organismo leva duas horas para regularizar o PH normal da boca. “O flúor presente no creme dental regula o PH da boca. Em seguida, vem o outro fator importante que auxilia a saúde bucal, que é a própria saliva. Ela faz um ‘turbilhão’ na nossa boca, removendo os resíduos que sobraram da escovação, além de ser responsável pela lubrificação da mucosa bucal”, detalha ele.

Ele ainda esclarece que, naturalmente, temos as bactérias que fazem parte da nossa flora bucal. Quando higienizamos a boca, o excesso de bactérias vai embora e ficam apenas aquelas compatíveis com a saúde.
O problema dental mais comum hoje em dia é a cárie, conforme afirma o especialista. “A cárie começa a apresentar seus sintomas quando ela já está em um nível avançado. O paciente passa a sentir mais sensibilidade, sente um ‘frio’ no dente, que é sinal que precisa tratar”, ressalta ele.

Em seguida, mas não menos preocupante, está a doença periodontal, um tipo de inflamação que começa superficialmente, acarretando a gengivite, que pode evoluir para uma periodontite. “Essa doença ocorre por muitos fatores: o principal é pela deficiência de higienização. Como temos cálcio presente na saliva, essas partículas vão se depositando junto com as partículas de alimento, formando uma placa bacteriana. Essa placa começa a se aderir ao dente, formando o tártaro, que é bastante difícil de ser removido”, informa o profissional.

O Dr. Alexandre explica que o que uma bactéria precisa para sobreviver, é de substrato, umidade, calor e um local para se alojar: tudo o que o tártaro propicia. “Como as bactérias são microscópicas, elas se alojam nas porosidades do tártaro. Se a pessoa não trata a tempo, além de elas estarem ali causando problema, elas se multiplicam, e então começam a causar a doença periodontal. Quanto mais tempo o paciente leva para tratar, mais grave fica”, adverte.

Dr. Alexandre Rezende Cirurgião Dentista CROSP: 111.068 Fone: (19) 3812-3976

Dr. Alexandre Rezende
Cirurgião Dentista
CROSP: 111.068
Fone: (19) 3812-3976

O sistema imune do nosso organismo interpreta, nesse tártaro, que existe um agente agressor ali, mas não consegue combater porque as bactérias se alojam dentro dos poros desse tártaro. “Então, nosso organismo começa a tentar fugir do problema: ele começa a reabsorver o osso do alvéolo dentário, que envolve o dente, para fugir dessa inflamação, e a gengiva também acompanha. É aí que surgem a retração gengival e a sensibilidade, porque a raiz do dente não possui esmalte (igual os dentes) para poder ficar exposta. Ela foi feita para permanecer na cavidade bucal, intraóssea”, esclarece o especialista.

O especialista explica que, quando a inflamação atinge níveis muito avançados, as bactérias podem começar a penetrar através dos canais colaterais do dente e atingir um nervo dele, levando aos tratamentos de canal. Além disso, se a doença periodontal não for tratada a tempo, os dentes vão ficando fracos, afrouxando e podem até cair.

A doença periodontal pode causar outra doença que poucos têm conhecimento. O estudo do Instituto de Cardiologia de São Paulo, em parceria com a USP, fez um acompanhamento longitudinal, em que tinham diversos pacientes sob controle. “Ao final da pesquisa, os pesquisadores chegaram à conclusão de que quanto mais essa bactéria consegue penetrar em direção ao ápice da raiz, mais chances ela tem de cair na corrente circulatória. Quando elas conseguem cair na corrente circulatória, elas migram pelo nosso organismo e se alojam no miocárdio, passando a ser mais um fator de risco ao infarto”, alerta o Cirurgião Dentista. Ao fim do estudo, dos 40 pacientes infartados, em todos era presente essa bactéria alojada no miocárdio.

O profissional aponta que, se levarmos em consideração os outros fatores de risco a infarto, como hereditariedade, sedentarismo, maus hábitos alimentares, tabagismo, alcoolismo, essa bactéria se torna o sexto fator de risco ao infarto. “O excesso de refrigerante e doces acidificam o PH da boca e aumentam propensão a cáries, se não houver uma boa higienização bucal após o consumo desses alimentos. Além disso, comidas muito duras causam desgaste dos dentes”, observa ele.

Outro fator que contribui para doenças bucais é o uso constante de medicamentos, principalmente, os antidepressivos, que diminuem a saliva da boca, responsável por regular o PH bucal. “Além disso, pessoas com diabetes têm muita influência da doença periodontal; existem casos de pacientes diabéticos que estavam sempre com o nível glicêmico alto, que só diminuíam com a limpeza nos dentes”, explica o especialista.

O Cirurgião Dentista afirma que é muito importante fazer uma limpeza nos dentes pelo menos uma vez por ano. “Hoje, o procedimento de limpeza é simples, não dói nada, não é traumático como era antigamente e previne diversas complicações futuras”, conclui.