A separação amorosa é considerada uma das experiências mais dolorosas pela qual um ser humano pode passar. “É como vivenciar a morte em vida, isto é, o outro não morre em vida, mas morre ‘dentro’ da pessoa (morte do sentimento). A morte como perda representa um vínculo que é rompido e é impossível encontrar um ser humano que nunca tenha vivido essa perda amorosa.
As pessoas relatam que é estranho se afastar de alguém a quem se teve tanto apego e afeto. Há casos em que a pessoa viveu mais anos de sua vida ao lado dessa pessoa e, por isso, é tão difícil redescobrir a individualidade. Fica um ‘buraco’, ‘um vazio’, que no início pode causar um desequilíbrio psíquico muito grande e sensações de desajuste social ou até nas meras situações do dia a dia”, explica a psicóloga Maristela T. L. Ramos.
“Em consultório psicológico, muitos casais procuram terapia com o desejo de “manterem o relacionamento”, mas, muitos também para se “separarem bem”.
Judicialmente falando, no caso de um casamento, quando ambas as partes estão decididas pela separação, chegar ao divórcio acontecerá de uma forma rápida (exceto no processo litigioso), mas, na questão emocional, sempre deixará algumas marcas, e uma assinatura em um papel não basta para significar o fim, ainda mais se ainda há amor da parte de algum dos lados”, explica e ainda completa que “pode ser ainda que exista amor de ambas as partes, mas, por incompatibilidades de viverem o relacionamento de uma forma saudável (muitas brigas por diversos motivos por exemplo) pode fazer com que cheguem à conclusão que uma separação seja a melhor decisão a ser tomada”.
Um dos maiores clichês de fim de relacionamento é “espero que possamos ser amigos”. Será possível, então, manter um relacionamento amigável pós-separação? “Imaginamos que sim, pois o ideal é que todos consigam manter uma amizade sadia com as pessoas do passado, mesmo que as coisas não tenham ocorrido ou terminado como se gostaria, e essa pessoa dividiu experiências de vida com você. Mas há quem diga que jamais é possível. Por isso que não é tão simples assim. Esse tipo de situação é complicada e tem que ser analisada caso a caso, pois cada relacionamento começa e termina de uma forma”, esclarece.
Maristela diz que para saber se se é capaz de sermos amigos de um(a) ex é preciso se questionar e refletir em alguns pontos:
– Ambos reconhecem que o relacionamento teve um fim?
– Vocês conseguem perdoar e esquecer os problemas que causaram o fim da relação sem manterem hostilidade e querer ainda resolver a questão?
– Conseguem imaginar o(a) ex com outra pessoa em um outro relacionamento sem o ciúmes vir a tona e causar discussões. Ser amigo do(a) ex significa desejar verdadeiramente o melhor para ele(a) e respeitar seus novos relacionamentos.
– Às vezes, o melhor é dar um tempo para a “cabeça” assimilar e tomar essa atitude de serem amigos na hora certa. Não é preciso que seja logo após a separação, não é preciso provar para as outras pessoas (amigos, familiares, conhecidos) que se superou. Aceitem o tempo de vocês.
– Aceitem também a possibilidade da situação de amizade não acontecer. Não é possível forçar, ainda mais se um dos lados da relação ficou muito afetado e magoado.
– Se um relacionamento foi pautado em violência/abusos, menores serão a chance de haver uma amizade pós
término.
– Não se enganar buscando uma amizade apenas para continuar próxima(o) da pessoa, que pode até nem ser consciente, como que negando encarar o fim, isso pode trazer ainda mais dor.
– Será que esse desejo de manter uma amizade não está disfarçado em uma esperança de retomar o relacionamento?
– Casal com Filhos, questão complexa. Existem casais que mantêm um nível amigável de relação em prol dos filhos, e outros que nem mesmo eles, os filhos, conseguem despertar nesse casal separado a consciência de um mínimo de amizade entre eles, já que existe entre eles um fator que os unirá pelo resto de suas vidas.
“Enfim, cada pessoa tem uma maneira singular de resolver os seus problemas, principalmente, de ordem emocional.
Na vida, ciclos se iniciam e ciclos se fecham, é inevitável, e lutar contra fará com que os dias vividos sejam mais penosos. Desapego em muitos casos é fundamental, não é possível ter tudo, há de se ter que abrir mão de coisas e pessoas. Se essa fase da dor da separação estiver demorando muito a passar, o importante é reconhecer a necessidade de buscar ajuda profissional”, conclui Maristela.