Nayara Zorzetto Pires afirma que seu lado mãe falou bem alto e “ter meus filhos sonhando comigo não tem dinheiro no mundo que pague”
A empreendedora cosmopolense Nayara Zorzetto Pires publicou um vídeo em seu Instagram contando a sobre nova fase que passará a vivenciar. O espaço físico de sua confeitaria, Des Rêves, fechou as portas neste ano de 2023. A confeiteira compartilha sua trajetória e explica que, no momento, a família é sua prioridade, mas o amor pela confeitaria a permite trabalhar de casa, dividindo seu tempo também com a maternidade.
“Sempre morei em Cosmópolis e sempre gostei de estar na cozinha com minha mãe, tias e minha avó. Minha vó Rosa (mãe da minha mãe) sempre gostou de chocolate quente, uma lembrança muito forte que tenho com ela. Em meus aniversários, todos os doces e bolo eram preparados pelas minhas tias. Sempre com a ajuda de livros de receitas. Com 10 anos, eu fiz meu próprio bolo de aniversário e nunca mais parei. Comecei a vender brigadeiro na escola, durante o intervalo. Vendia a R$ 0,10 (risos).
Fui mãe muito nova, meus pais sempre me deram o melhor que podiam dentro das nossas condições, mas eu sempre fui atrás das minhas coisas. Fiz faculdade, mesmo não seguindo a profissão – na época, queria fazer Publicidade e Propaganda. Desempregada, recorri ao que fazia de melhor – doces – e comecei a vender na rua. Tudo muito simples, me inspirei em uma antiga vendedora de doces, Dona Rosa. Muitos munícipes devem se lembrar. Ela foi uma inspiração pra mim. E foi assim, com uma sacola de doces na mão, eu saía pelas ruas da cidade com o objetivo de “vender” tudo.
E deu certo, foram chegando os primeiros pedidos de bolo para festa, e errando, mas com muito incentivo dos clientes, comecei a buscar conhecimento sobre o assunto. Troquei a faculdade de Publicidade pelo curso de Confeitaria.
Meu primeiro curso de Confeitaria foi um presente da minha tia Glória, que sempre me apoiou.
Eram tantas encomendas para festa que eu deixei de vender nas ruas e tive meu primeiro ateliê.
Em 2015, fui convidada pela Apae Cosmópolis a ministrar cursos no projeto “Mão na massa”, parceria entre a Apae e Petrobras. E nesse mesmo ano, fico à frente da confeitaria de uma franquia de bolos. Aprendi muito nesse período. Mas em 2017, depois de descobrir um câncer, eu parei de fazer os doces por um tempo por conta das dores no corpo. A confeitaria é meu grande amor, mas com ela carregamos muitas dores físicas por todo esforço que exige. Nunca deixei de fazer os bolos e doces das festas de família e sempre os clientes pediam muito para voltar. Em 2020, Deus preparou essa volta que só me trouxe alegrias e conquistas.
Em 3 anos de loja física, eu conquistei muitos amigos, atendi as pessoas como se estivessem na minha casa, no meu lar. Porque a confeitaria, os doces, são mais que uma venda. É uma maneira de entregar carinho e amor. Recebi muito carinho, pude mostrar e levar meu trabalho a muita gente, mais longe do que poderia imaginar, saber que inspirei a outras meninas começarem. Não tem dinheiro no mundo que pague.
Depois de 3 anos, decidi encerrar a loja física para iniciar uma nova caminhada. Cuidar da minha família e de mim. Hoje enxergo o sucesso diferente do que 10 anos atrás. O sucesso começa em mim, e eu estou em busca disso, cuidando da minha saúde. Afinal, para existir a Des Rêves, eu também preciso existir. É isso não é sobre desistência dos meus projetos, e sim, uma recalculada de rota. Com uma vida pessoal e profissional de mais qualidade, para continuar atendendo com o mesmo amor e excelência que sempre prezei na minha produção”, conta.
Nova fase
Nesta nova fase, a confeiteira trabalha em casa, e explica sobre a produção e também de como tem sido a convivência com seu filho, que tem TDAH (Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade).
“Foi um grande desafio, digo que ainda é. Nesse novo modelo de delivery, voltei a trabalhar em casa e meu filho mais novo tem TDAH. Ele nasceu em meio a muita produção. Afinal, assim que saí da maternidade, tinha um casamento para entregar no dia seguinte.
Quando comecei a fazer doces, tinha o João. Ele era pequeno e não entendia muito bem ter a mãe em casa, mas não poder brincar porque estava trabalhando. Sempre conversei muito com ele mostrando que aquele foi o jeito que encontrei de trabalhar e estar perto dele. Nem sempre ele entendeu, mas sei que fiz o meu melhor”.
Desafio
“A chegada do Dudu foi um grande e enorme desafio. As encomendas estavam dando muito certo. Conciliar a gravidez de risco com a produção e vendas só foi possível com a ajuda da minha família e do meu marido. A gente que é mãe empreendedora pode se chamar de sortuda se tem essa rede de apoio. Dudu nasceu em uma quarta e no domingo tinha 1000 doces para entregar. Foi uma força tarefa. Ele cresceu em meio a um planejamento e muitos doces. Mas meu maior desafio começou quando descobrimos o TDAH – foi meu primeiro toque que eu precisava estar mais em casa.
Ele precisava mais de mim, para ajudar com as tarefas de casa. Eu chorei muito quando veio o diagnóstico. Porque eu pagava escola, terapia, mas nada me substituía. Antes de ser a mãe que é empresária, eu sou apenas mãe dos meus meninos”.
Lado mãe
“Minha prioridade é minha família, por isso, me permiti passar por toda a reestruturação. O lado mãe falou bem alto. Me sinto feliz e realizada, Dudu já fala que vai administrar a loja quando crescer. E conto com a ajuda do João na produção. Ter meus filhos sonhando comigo não tem dinheiro no mundo que pague”, finaliza.