Empreendedores se reinventam durante a pandemia

Andrea passou a fazer bolos e doces; Jefferson começou a trabalhar com obras: novas alternativas durante o período de isolamento

A Pandemia da Covid-19, com certeza, não facilitou a vida do trabalhador brasileiro. Mais de 60 milhões de cidadãos receberam o auxílio emergencial, medida que entrou em vigor logo após o começo da pandemia no Brasil, quando atividades presenciais passaram a ser evitadas oficialmente. Entre esses tantos milhões está Andrea Amaral, que trabalha com transporte escolar, atividade que logo após o fechamento das escolas e início das aulas online, passou a ficar parada. “A maioria das outras atividades voltou, mas, nós, transportadores, fomos esquecidos como se não tivéssemos importância nenhuma para a sociedade”, desabafa.
A transportadora afirma que o auxílio emergencial deveria ser mantido para trabalhadores que, como ela, ainda não retomaram as atividades normais. Ela depende da volta às aulas das escolas municipais, que ainda permanecem de forma online.
Para vencer a crise, Andrea criou a Confeitaria Formiga Azul e começou a fazer bolos e doces para conseguir se manter. “Totalmente sem renda, tive que me reinventar. Fiz uma receita de bolo, vendi e, com o dinheiro, fiz outro, e outro. Assim nasceu a @confeitariaformigazul. Uni o útil, que era a forma de me alimentar e pagar as contas básicas, com o agradável, que era dar prazer para as pessoas”, complementa.
Andrea representa a real força de vontade do trabalhador que, em meio a tantas adversidades e falta de ajuda dos governantes, toma a iniciativa e dá a volta por cima. Porém, de acordo com ela, o dinheiro adquirido com as vendas não é o suficiente para lidar com a falta total de renda, por isso, ressalta a importância do governo em manter o auxílio.
Em todo fim de mês, ela se vê desamparada com a falta de recursos, após quase um ano sem remuneração.
Além disso, a preocupação em conseguir dinheiro para voltar adaptada às restrições impostas pelo Governo também ocupa a mente da transportadora.
Mesmo com tantas dificuldades, Andrea se mostra confiante. “Sou uma mulher de fé. Embora a situação não seja animadora no momento, com tantas informações contrárias em relação à volta da normalidade, minha expectativa é de que, com a aplicação da vacina, a vida possa voltar ao normal em breve”, finaliza.

Outro exemplo de superação é o caso de Jefferson Silva, que antes da pandemia trabalhava vendendo termogênicos, produtos para emagrecer. Além do trabalho como vendedor, Jefferson fundou a L.H.I., uma empresa esportiva. Através dela, criou uma liga de Handebol com tudo já preparado para 2020, contando com diversas equipes participantes, mais de 22 cidades, faculdades, colégios, em diversas categorias, no masculino e feminino. Porém, com a chegada do vírus ao Brasil, todo o projeto foi paralisado.
Foi a partir disso que, em Abril de 2020, Jefferson e sua esposa, Ana Clávia, após pegarem a chave do tão sonhado apartamento do casal, fizeram a primeira obra.
“O gesso e a pintura eram apenas um hobby particular para mim, aonde fazia trabalhos esporádicos, gostava de fazer tijolinhos de gesso, pensando em, um dia, instalá-los em minha casa”, declara Jefferson. Após a obra na casa, o casal tinha alguns vizinhos e amigos que acompanhavam a página do Instagram do apartamento, e então passaram a demonstrar interesse pelo trabalho.
Jefferson declara que precisou muito do auxílio emergencial no começo do ano e que, mesmo assim, por algum motivo, não obteve aprovação, “ao contrário de muitos que receberam sem necessidade”, diz ele. Ele diz que seu auxílio foram seu suor e sua luta e, apesar de frustrar muitos sonhos, 2020 foi um ano de reinvenção e que o marcou positivamente.
Após o sucesso da nova empreitada, Jefferson está tendo a oportunidade de voltar à sua área, planejamento de manutenção e produção, em uma multinacional, enquanto continuam com as atividades da empresa aos fins de semana.
As expectativas do empresário para a volta das atividades normais é a mesma que a maioria dos brasileiros: “receber a tão sonhada vacina, mas, para isso, precisamos que esse Governo pare de ser omisso em relação à imunização, e não trate a Covid como uma gripezinha, até porque já tive amigos e clientes que se foram. Que logo após esta pandemia, a economia do Brasil volte a crescer, o desemprego recue e que os pais de família possam sair para trabalhar em segurança, com aquele sorriso no rosto, sem máscara, sabendo que trarão o pão de cada dia para sua abençoada família, sem medo, sem COVID-19, sem medo de ser feliz”.
Os exemplos de pessoas como Andrea e Jefferson, no período mais difícil de nossa história, servem de motivação para mantermos as esperanças em meio à tantas dificuldades.