Entenda a funcionalidade dos exercícios para neurônios, conhecidos como neuróbica

“Em relação à memória, é preciso exercitar tanto o córtex cerebral quanto o hipocampo a fim de que funcionem o melhor possível, de modo que possam fazer cada vez melhor associações entre os diferentes tipos de informações que recebem”

Uma das principais funcionalidades do nosso corpo é também a menos visada no âmbito saúde. Poucas pessoas interessam-se pelo exercício cerebral que, além de trabalhar questões cognitivas de um indivíduo, exercem grandes benefícios sobre a criatividade e concentração do mesmo.
“A neuróbica é como chamamos as atividades aeróbicas para os neurônios. Esse tipo de exercício visa tornar o cérebro mais ágil e flexível, no sentido de ampliar as possibilidades na busca de novos caminhos para a realização das ações cotidianas”, explica a neuropsicopedagoga Andrea Melanda.
Esta metodologia inclui desde exercícios simples praticados em situações diárias a desafios de alta complexidade, que proporcionam situações não prováveis em nosso cotidiano. “A prática é importante para tirarmos o cérebro do ‘piloto automático’ e criar novas conexões entre os neurônios, responsáveis por uma mente ativa e saudável”, comenta.

Benefícios
Os exercícios para o cérebro ajudam a direcionar a atenção para onde ela precisa ir, aumentam as habilidades específicas de atenção plena, de agir com mais estratégias de auto-regulação, como redirecionar a atenção para o que deve escolher, qual aspecto da situação devem observar, focar e atuar.
“Em relação à memória, é preciso exercitar tanto o córtex cerebral quanto o hipocampo a fim de que funcionem o melhor possível, de modo que possam fazer cada vez melhor associações entre os diferentes tipos de informações que recebem”, esclarece.
Segundo Melanda, a neuróbica procura fortalecer e acessar o caminho associativo para formar e recuperar informações fornecendo ao córtex a matéria-prima que cria novas e robustas associações, tornando mais forte e rica esta rede de associações ou representações da informação.

Neuropsicopedagoga, Andrea Valente Melanda, da escola Supera

Pseudociência
A neuróbica pode ser compreendida como uma síntese de novas e importantes informações sobre como o cérebro funciona. “É uma abordagem baseada em recentes descobertas da ciência do cérebro, que afirmam que o cérebro mantém a capacidade extraordinária de crescer e mudar o padrão de suas conexões, projetadas para manter o cérebro ativo e saudável, promovendo o desenvolvimento do seu potencial de aprendizagem por meio da plasticidade neural”.
O desafio do exercício é fazer tudo aquilo que contraria as rotinas, obrigando o cérebro a um trabalho adicional para experimentar o inesperado e mobilizar a ajuda de todos os sentidos ao longo do dia, ativando e estimulando áreas diferentes daquelas envolvidas em atividades rotineiras.
A prática pode ser realizada por jovens, adultos e idosos, principalmente, para compensar as perdas decorrentes da idade e retardar o declínio mental.

Como praticar
Há diversos atos, realizados no decorrer do dia, que podem ser considerados neuróbicos. Alguns deles são:
– Contar os degraus ao subir ou descer escadas;
– Escovar os dentes com a mão não dominante;
– Ler um livro em voz alta e fazer um resumo;
– Trocar o lugar que senta na mesa;
– Trocar de roupa com os olhos fechados;
– Tentar descobrir os temperos da comida de um restaurante.
Além disso, atividades como Tangram, Sudoku, exercícios com palitos ou imagens (jogo dos sete erros), Cruzadinhas e Caça-Palavras também relacionam-se à prática cerebral.