A intolerância à lactose e a alergia à proteína do leite são problemas comuns a se manifestarem na infância. Ambos caracterizam-se pela incapacidade de consumir leite e derivados sem que os mesmos prejudiquem o bem estar do indivíduo.
A nutricionista Livia Almeida explica que a intolerância à lactose é a incapacidade do corpo de digerir a lactose, um tipo de açúcar encontrado no leite e em outros produtos lácteos.
“Ela ocorre quando o intestino delgado deixa de produzir a quantidade necessária da enzima lactase, que tem a função de quebrar as moléculas de lactose”, comenta. “Os sintomas geralmente começam de trinta minutos a duas horas depois de a pessoa ingerir alimentos ou bebidas que contenham lácteos. Os sintomas incluem diarreia, náusea ou vômito, dor abdominal e inchaço”, continua.
Já a alergia à proteína do leite de vaca (APLV) é uma reação do sistema imunológico em contato com a proteína do leite (caseína) a uma mínima quantidade ingerida. Os sintomas mais comuns são irritação no intestino, pele e sistema respiratório.
A professora de Educação Física, Juliana Balabenute Facci, 36 anos, mãe de duas crianças portadoras da APLV, conta que descobriu a condição de seus dois filhos quando estes ainda eram bebês. “A Julia, minha filha mais velha de 7 anos, reagiu ao leite com 4 meses de idade. No começo, sentia apenas cólica, mas, o problema agravou ao ponto de ter sangramentos intestinais. Além disso, ela reage ao toque e cheiro, tendo reações anafilaticas, onde o corpo entra em choque podendo levar a morte”, explica a professora.
Já o filho mais novo, Gabriel, também foi diagnosticado com a alergia, mas de forma mais tolerante, tendo hipotensão, que inclui queda de pressão e reações estomacais. “Com a Julia, foi um choque, mas, quando o Gabriel nasceu, eu já estava mais preparada e soube lidar melhor. Hoje, ninguém aqui em casa consome leite e derivados. Eles nem entram aqui, na verdade”, explica.
A nutricionista confirma a seriedade do problema. “A criança pode acostumar-se, mas, é uma condição de grande risco. Por isso, a atenção tem que ser redobrada”, alerta.
Aceitação
Para Livia Almeida, a aceitação do problema por parte das crianças acontece conforme a mesma acostuma-se com os hábitos alimentares. “A ajuda tem que vir de todos os amigos e familiares, não comendo os alimentos proibidos na frente da criança, principalmente, se tratando das que já tiveram contato com eles”, explica.
Já para Juliana Balabenute, isso nunca foi um problema. “Faço terapia com a Julia há muitos anos, justamente para ela entender que festas não são propriamente para comer, e sim, para brincar e se divertir. Ela não sente falta, até porque nunca consumiu, mas, eu sempre busco entender o que ela sente”.
Festas
E um dos maiores problemas enfrentados pelos pais discorre de festas infantis, onde os principais atrativos são as guloseimas.
Livia aconselha aos pais que sempre levem lanches à parte que os filhos estejam acostumados a ingerir, tanto para intolerantes à lactose quanto para os alérgicos à proteína do leite.
Tal ato já é comum na rotina de Juliana, que sempre busca readaptar receitas famosas para a condição de seus dois filhos. “As mães que nos convidam para festas infantis, geralmente, já me mandam o convite com todo o cardápio a ser servido, pois, assim, eu posso fazê-los à parte. Antigamente, era mais difícil reproduzi-los, pois a Julia possuía múltipla alergia, ou seja, alergia a ovo, leite e soja. Com 2 anos, ela passou a tolerar a soja, o que facilitou minha vida (risos)”, conta Juliana.
Páscoa
Para intolerantes à lactose, já podemos ver opções de ovos zero lactose presentes nos mercados. “Crianças com APLV não podem consumir estes produtos, mas, podem recorrer à soja” afirma a nutricionista.
Ato este que Juliana já pratica há anos. “Assim que a Julia passou a tolerar a soja, nós passamos a encomendar ovos pela internet. O preço é muito mais caro do que os que encontramos em mercados, mas gosto de introduzir meus filhos na comemoração”.