Entenda o que é o termo ‘Lombalgia’ e sua relação com a volta às aulas

Denomina-se de Lombalgia, o conjunto de manifestações dolorosas que acontecem na região lombar, decorrente de alguma anormalidade nessa região. Conhecida popularmente como dor nas costas, a lombalgia é uma das grandes causas de morbidade e incapacidade funcional, tendo incidência apenas menor que a cefaléia entre os distúrbios dolorosos que mais acometem o homem.
“Sabia que essa dor pode estar relacionada ao peso da mochila que a pessoa usou na época da escola? E sabia que seu filho pode ser o próximo a sofrer dores em um futuro não tão distante?”, explica o médido Paulo Kuroda, ortopedista.
Existe uma relação bem forte entre o excesso de peso na mochila com alterações e dores na coluna e alterações na marcha (caminhar). “O peso da mochila deve ser 10% o peso da criança, mas, esta não é uma realidade que não se vê entre os escolares”, explica o especialista.
O ortopedista explica que “excesso de peso nas mochilas é um problema grave que, além de dores nas costas, tem consequências irreversíveis em longo prazo para crianças, como escoliose idiopática infantil que, mesmo sendo congênita, pode ser agravada por estes maus hábitos, além de cifose, hiperlordose da coluna lombar, da artrose precoce e má postura”.
Uma situação menos provável, mas que pode acontecer, é as mochilas pesadas lesionarem as placas de crescimento dos ossos. “Como as crianças estão em fase de crescimento, isso faz com que os pequenos deixem de crescer”, alerta.

Como solucionar
o tema “mochila”
Essa questão tem que ser resolvida pelos alunos, pais e escola. “Cada um fazendo um pouco, o peso das mochilas pode diminuir. Aos pais, cabe a fiscalização. Verificar se os pequenos estão levando utensílios inúteis e discutir com a escola maneiras para que essa mochila fique mais leve, como o uso de armários para as crianças deixarem algum material no próprio local de ensino.
As escolas podem formar os horários levando em conta não somente a disponibilidade dos professores, mas também a quantidade de matérias que cada série terá por dia. Quanto menos matérias, menor será o peso”, indica o especialista.
Mas, os cuidados maiores ficam mesmo para as crianças. “Uma boa medida são as mochilas com rodinhas. A atenção fica para a altura da alça: a criança tem que ficar com a coluna reta e não curvada para alcançá-la, pois uma alça mal regulada sobrecarrega o quadril e joelhos, o que pode causar inflamações e dor no crescimento”, enfatiza Paulo Kuroda.
“A mochila carregada nas costas deve ser do tamanho da criança para ajustar-se bem à coluna e sem folga. A mochila solta pode puxar o corpo para trás e forçar os músculos, além de fazer a criança curvar os ombros para o equilíbrio. O fundo da mochila deve ficar apoiado na curva lombar da coluna. Nunca deve ficar a mais de 10 cm abaixo da região da cintura.
As alças de ombro devem ser largas e bem acolchoadas. Outro recado fundamental: nunca deixe seu filho levar a mochila numa única alça, isso sobrecarrega apenas um dos ombros. O material deve ser bem distribuído dentro da mochila. Os livros e cadernos mais pesados ficam bem rentes à coluna. Não deixe os materiais soltos na mochila, isso provoca movimentos de desequilíbrio e sobrecarga de impacto.
Uma parte do peso leve carregado na mão também ajuda a aliviar o peso. A troca de cadernos por fichário, levando apenas folhas novas à escola, é outra dica.
Não esqueça que, cuidando da mochila do seu filho, você estará garantindo a saúde dele hoje e no futuro. Adotando regras simples, podemos evitar um grave problema na fase adulta.

Adultos
Nos adultos, o peso da bolsa, sacola ou mochila também deve ser 10% do peso. Não deve ser carregado apenas em um ombro por longos períodos, pois pode causar problemas. Devemos sempre alternar os ombros. Lembramos que as chamadas “maxibolsas”, devido ao seu tamanho, não são prejudiciais, desde que respeitado o limite de peso”, explica o ortopedista.

Causas da Lombalgia
Inúmeras circunstâncias contribuem para o desencadeamento e cronificação das síndromes lombares, tais como: fatores genéticos e antropológicos, psicossociais, obesidade, fumo, atividades profissionais, sedentarismo, maus hábitos posturais, síndromes depressivas, trauma, gravidez.
“Em certos casos, a dor não melhora como esperado, ou as crises começam a repetir-se com frequência, caracterizando uma lombalgia crônica. Pessoas com dores crônicas costumam ter limitações nas atividades do dia a dia, dificuldades no trabalho, alterações no humor e no sono, e quadros psicológicos depressivos.
Os pacientes com problemas crônicos podem apresentar alguma alteração estrutural, como uma espondilolistese, um quadro degenerativo, como uma discopatia dolorosa, ou uma patologia músculo-ligamentar, como a fibromialgia.
Por isso, pacientes com sintomas que não melhoram devem ser encaminhados para investigação mais detalhada”, aconselha o especialista.

Sinais de Alerta
Se você responder sim a qualquer uma destas questões, você deve procurar um médico ortopedista.
1. A dor na perna piora se você tentar erguer o joelho até o tórax ou girar a cintura?
2. Você teve dor forte nas costas após uma queda ou traumatismo recente?
3. Você teve dor significativa nas costas com duração maior que 3 semanas?
4. A dor nas costas piora quando você se deita ou lhe faz acordar durante a noite?
5. Você está com problemas para urinar ou evacuar que já duram algum tempo?
6. Você tem dormências ou fraqueza nas pernas quando caminha?
7. A dor está se irradiando para a perna?

Dormindo
Não há evidências que confirmem a superioridade de algum determinado tipo de colchão sobre os outros. “A

Paulo M. Kuroda
Ortopedista
CREMESP 54.046
TEOT 4622
Clínica Previna
Rua Baronesa Geraldo Rezende, 357 – Centro
Fone: 3872 1103

orientação é usar um colchão ortopédico de qualidade confiável, com densidade adequada para o peso da pessoa, conforme a tabela do fabricante. O importante é que quando você estiver deitado, as formas da sua coluna estejam preservadas, isto é, manter a sua lordose lombar, cifose torácica e lordose cervical fisiológicas.
Teoricamente, a posição mais adequada para dormir é de lado, com um travesseiro nem muito alto nem muito baixo, de modo que a cabeça fique alinhada com o corpo, e com um pequeno travesseiro entre os joelhos. A posição de bruços não é adequada, pois costuma forçar a curva lombar e provocar dor. Nos casos em que não se consegue dormir de outra forma, a colocação de uma almofada sob os quadris pode aliviar essa postura. Com a barriga para cima, deve-se evitar os travesseiros muito altos, que deixam o pescoço muito flexionado, e o uso de uma almofada sob os joelhos pode deixar a coluna com um alinhamento melhor e reduzir a pressão sobre os discos”, conclui o ortopedista.