ENTENDA O QUE É UM TRAUMA E SUAS ORIGENS

Trauma foi um conceito muito utilizado por Sigmund Freud quando começou a formular suas teorias sobre as mulheres histéricas de sua época. Logo lhe chegaram casos traumáticos pós-guerra resultantes de visões ou serem vítimas de acidentes dolorosos, perdas materiais, amigos, familiares e outras tragédias que uma guerra causa. “Essas pessoas apresentavam sintomas físicos e psíquicos que, segundo esse autor, eram resultantes de uma fixação no momento traumático e que estariam sendo reeditados por meio de sonhos (pesadelos) e ataques de pânico, transportando repetidamente a pessoa para a situação do trauma. Muitas vezes, os sintomas revivem quase que alucinatóriamente o trauma, hoje chamado de flashback”, explica a psicóloga Maristela Ramos.
Maristela explica que “o primeiro trauma do ser humano é o nascimento. Estamos como feto em um ambiente quentinho, aconchegante, sendo nutridos, e eis que chega o momento de deixar o ventre. É a primeira situação em que temos que lidar com imensos desconfortos da vida, que para o bebê são o frio, fome, ser tocado, usar roupa, os ruídos, dores, sono, entre outros. Terá de se adaptar a isto, sanando as suas necessidades fisiológicas e lhe dando carinho e atenção. É uma fase que pode se instalar uma predisposição a vulnerabilidade frente a traumas na vida adulta. Essa característica pode ocorrer quando um bebê sente-se desamparado de amor, de cuidados básicos, de proteção, do livramento de dores, que gera uma angústia muito grande”.
Dessa forma, um trauma não pode ser caracterizado exclusivamente pelo acontecimento. “Há a necessidade de considerar a vulnerabilidade individual para explicar os profundos efeitos e sintomas decorrentes de um trauma, pois, algumas pessoas possuem certas predisposições que distinguem alguns como vulneráveis ao adoecimento por trauma”, explica a especialista.
“A abordagem psiquiátrica preza pelo diagnóstico como, por exemplo, o transtorno de estresse pós-traumático (TEPT). Uma vez estabelecido o diagnóstico por meio de um refinamento dos sintomas entre as categorias nos manuais (DSM/CID), entra em cena o tratamento medicamentoso, cujo objetivo é minimizar os efeitos dos sintomas relatados pelos pacientes. Não que essa ação medicamentosa não seja necessária, mas insuficiente. A psicoterapia e/ou a psicanálise são essenciais para compreender as raízes do trauma no cérebro, corpo e todo o âmbito emocional/psicológico. Acredita-se que as duas abordagens (psiquiátrica/psicológica) devem seguir paralelas quando assim for necessário”, esclarece Maristela.
“Médicos que se sentem, às vezes, desnorteados diante de pacientes que apresentam sintomas traumáticos inexplicáveis e mutáveis, em que apenas a medicação não dá conta. Paciente chega ao consultório relatando seus sintomas pós traumáticos, a medicação ‘cala’ a pessoa com uma melhora em que as raízes continuam no psíquico”, pontua a especialista.
A terapia ou análise tem como princípio a cura pela fala; a pessoa irá, através de um processo, em que cada pessoa tem o seu tempo, ressignificar suas experiências traumáticas que a levaram a desenvolver os sintomas.
“Enfim, não é esquecer ou apagar os acontecimentos dolorosos passados, e sim, elaborar, pensar, dar outro significado, olhar de uma forma diferente para eles, até tirar algum aprendizado de vida, de forma que não cause tanta dor ao relembrar e sintomas físicos/psíquicos, e também fortalecer com resiliência frente a outros traumas que se encontre no caminho da vida”, conclui Maristela.

Psicóloga Maristela T. L. Ramos
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