Entendendo a Síndrome de Ansiedade de Separação nos pets

Conheça os sinais e causas da SAS, um dos principais transtornos comportamentais caninos, e saiba como lidar com essa condição para melhorar o bem-estar do seu xodó

Trata-se de um conjunto de transtornos com sinais específicos, podendo, portanto, ser chamada também de Síndrome da Ansiedade de Separação (SAS). É o segundo maior problema de transtorno de comportamento do mundo em cães. E está associada com a ausência de alguém que é referência para o cão, normalmente a pessoa que é responsável pela manutenção de recursos, como comida e atenção.

Pode acontecer de duas formas. A primeira é mais agitada, eufórica, vão acontecer sinais mais exacerbados, como latidos, destruições, arranhadura de porta. A segunda é a forma depressiva, apática, o cão fica deitado até a volta do tutor, ele não se locomove, não bebe água e nem se alimenta.
Uma maneira de você descobrir se seu cão tem algum destes comportamentos depois que você sai, é com a instalação de câmeras. Muitas vezes, o tutor nem desconfia que o cão tem a forma apática, só vai perceber com o monitoramento pelas câmeras.

Isso acontece porque o cão é um animal que vivia em matilha, fazia as coisas em grupo.Ser sociável significava sobrevivência para ele. Ele vai sempre preconizar os interesses do grupo e vai fazer o que for preciso para isso, mesmo que seja banindo um membro, que pode ser um cão adotado ou uma nova pessoa na casa.

Ele considera o tutor como membro da sua matilha e vai fazer o que for possível para manter recursos como

Natalia Idalgo de Queiroz
Médica Veterinária
CRMV – SP 23.967

comida, proteção, carinho e atenção. E aí começa o hiper apego, que é uma causa muito importante da SAS. Por isso, o afastamento desse tutor da casa é muito significativo para ele, porque tem a ver com recursos. Ele vai começar a ter comportamentos para tentar restaurar o grupo, ele tem medo que o membro nunca mais volte e crie uma instabilidade. Na mente dele, quando o tutor sai para trabalhar, por exemplo, desestabiliza o grupo, então ele precisa ter comportamentos para trazer esse membro de volta, como os uivos e latidos.
Além do hiper apego, podem haver outras causas como as mudanças na vida do cão, a mudança de rotina, experiências traumáticas que ele passou quando estava sozinho, a privação de contato social, a falta de adaptação para ficar sozinho, entre outras.

Os sinais são percebidos em três momentos, na pré saída, na saída e na chegada do tutor. Só de o tutor colocar os sapatos, pegar a chave do carro, o cão já percebe que ele vai sair e fica ansioso. Logo após a saída, ele se sente sozinho, mesmo que tenha outra pessoa ou animal na casa, ele sente a ausência da figura de apego. Na chegada do tutor, podem haver comportamentos de cumprimentos exagerados, como pulos, agitação e latidos.
Outros sinais, além dos já citados, incluem: ofegação, vômito, hipersalivação, taquicardia, gritos, ganidos, choros, xixi e cocô fora do lugar, destruição de objetos por mastigação ou arranhadura, principalmente os com cheiro do tutor e a porta por onde saiu.

Muitos tutores acabam tentando resolver esse problema sozinhos, sem orientação e acabam cometendo erros que podem piorar os sintomas. Um dos erros mais comuns é adotar outro cão para suprir a necessidade de companhia. Mas, normalmente isso é feito de forma errada, pensando só na companhia, não escolhendo da forma adequada o filhote, não pensando no equilíbrio das energias dos cães, o que vai ocasionar outros problemas. A companhia é importante, mas a escolha deve ser feita de forma estratégica.

Ficar chamando o cão toda hora também é um erro bastante comum, pois aumenta o hiper apego, ao contrário do que o tutor imagina, que mantendo o cão perto dele vai diminuir os maus comportamentos.

Enfim, a melhor forma de solucionar a SAS é com a modificação de comportamento através de manejo ambiental, mantendo uma rotina, estimulando a independência do cão, melhorando a relação do cão com o tutor através de interações alternativas, usando alguma distração na hora da saída (música ou televisão) e deixando algum objeto com o cheiro do tutor. O médico veterinário comportamentalista irá te auxiliar em todas essas modificações para resolver de vez a ansiedade de separação do seu cão.