O sonho de ser enfermeira foi deixado para trás ao longo da juventude. Uma oportunidade, concebida por seu irmão, resultou em sua introdução no ramo da confeitaria, criando, assim, a Art Bolos. Hoje, aos 43 anos, ela declara que seu trabalho é sua vida. O quadro Entrevista desta semana é com Herica Stein da Silva.
GAZETA de COSMÓPOLIS: É de Cosmópolis? Como foi seu período de infância na cidade?
Herica Stein da Silva: Sim, sou cosmopolense. Minha infância foi inteira na Usina Ester, incluindo os estudos.
GAZETA: Durante sua adolescência, você tinha pretensão de seguir outra carreira que não fosse confeitaria?
Herica: Sim. Eu tinha o desejo de cursar enfermagem, mas, não cheguei a estudar na área. Quando engravidei, acabei deixando de lado a ideia e, por fim, acabei perdendo o interesse.
GAZETA: Quando surgiu seu interesse por confeitaria?
Herica: Por anos, trabalhei em padaria, mas, nunca pensei em entrar com o ramo da confeitaria por fora. O responsável pela minha introdução neste mercado foi meu irmão, Adriano. Ele sempre me dizia que eu deveria fazer bolos para vender, já que eles eram muito bons. Eu, por outro lado, afirmava que não sabia fazer para comercializar.
Algum tempo depois, ele me deu um empurrão. Uma moça perguntou se eu fazia bolos para vender e ele declarou que sim. Fiquei trêmula naquele momento (risos). Todo começo é difícil, e, para mim que não possuía material, nem utensílios, muito mais.
No fim das contas, fiz um bolo para uma festa de escola e fui me dedicando ao ramo. Passei a procurar um nome fantasia e decidi pelo “Art Bolos”. Atualmente, faz 15 anos que estou na área.
GAZETA: Como você foi controlando o sentimento de medo no começo?
Herica: Eu fiquei apavorada, pois, não sabia o que começava a fazer. Não tinha batedeira, forno industrial, nem nada. Além de tudo, eu temia o que as pessoas concluiriam do meu trabalho. Só o tempo me trouxe tranquilidade, já que fui entendendo mais do ramo, me especializando e vendo que a confeitaria era o que eu queria. Comecei a ter clientela, a divulgar o meu produto.
Mas, tudo foi para o meu aprendizado. Até hoje, temos vários desafios, porque sempre queremos mais.
GAZETA: Além de bolos, você trabalha com o que no momento?
Herica: Atualmente, também estou na parte de doces. Cheguei a fazer cursos de doces finos, entretanto, para introduzi-los nas vendas, preciso ampliar meu espaço e, antes disso, quero evoluir um pouco mais em cursos.
GAZETA: Quanto tempo você levou para ter uma boa clientela e se sentir estável?
Herica: Após cinco anos no mercado que vi a diferença. Faz uns 10 anos que tenho uma boa clientela, aliás, tem pessoas que compram de mim desde que comecei. É gratificante ouvir “nossa, como passa”.
GAZETA: O ramo da confeitaria está sendo bem apostado nos últimos anos, mas é algo que demanda um dom. Quais dicas você pode dar para as pessoas que querem entrar no ramo de forma correta?
Herica: Há muita concorrência, de fato, mas ser confeiteiro não é só assar um bolo e colocar chantilly. Para ser um confeiteiro de verdade é necessário se profissionalizar e buscar entregar produtos de qualidade. Pense que aquilo poderia ser para você comer, e ninguém almeja algo ruim. Busque qualidade em tudo que usar e tudo que fizer. Segunda ou terceira linha de produtos não te rende clientes. Vise sempre o que for de primeira.
Não é fácil chegar ao mercado, por isso, se especialize.
GAZETA: Você se sente satisfeita na sua carreira? Tem pretensão de fazer algo mais além dos cursos?
Herica: Sim, amo o que faço, pois tudo o que tenho hoje é fruto desse ramo. Tudo o que eu tenho e ofereço aos meus filhos foi base disso.
Tenho planos, sim, só estou esperando meu filho mais novo crescer um pouco mais. Mas, por enquanto, já que ele vai à escolinha, vou me dedicar aos cursos.