Esta semana, a Gazeta de Cosmópolis realizou uma entrevista com a decoradora Ana Maria Hammar Laurindo, de 60 anos. Ana conta um pouco de sua trajetória desde bancária até sua construção profissional na área de eventos.
GAZETA de COSMÓPOLIS: Você é de Cosmópolis? Como foi o período de infância e adolescência na cidade?
Ana Maria Hammar Laurindo: Sou cosmopolense mesmo. Cresci aqui e foi muito bom! Não tenho do que reclamar. Estudei no GEPAN, fiz o ginásio por lá e depois concluí o ensino médio, mas, não me formei em nenhuma faculdade.
GAZETA: Durante seu período escolar, tinha a pretensão de seguir carreira de algo que não fosse eventos?
Ana: Sim, essa que sigo nunca me passou pela cabeça. Na época de ensino médio, eu tinha vontade de cursar uma faculdade de serviços sociais, já que na época trabalhava em um hospital. Depois, troquei o rumo e fui trabalhar no Banco Itaú, onde fiquei por 12 anos. Por isso, acabei abandonando a ideia de faculdade.
GAZETA: Como foi o período de trabalho no Banco Itaú? Quais foram os aprendizados?
Ana: Foi ótimo! Eu gostava muito. Aprendi muito lá dentro. Tínhamos um gerente muito enérgico e, de certa forma, aprendemos muito com ele, principalmente, quanto ao atendimento do próximo. Acredito que essa veia para lidar com o público seja algo de berço, já que passei um tempo no atendimento de um hospital, mas, no banco, tive um aprendizado que trago para minha profissão até hoje. Aprendi a gostar de conversas cara a cara e, hoje, não consigo lidar com essas tecnologias (risos).
GAZETA: Como iniciou na carreira de decoradora?
Ana: Eu e meu marido sempre frequentamos a igreja. Certa vez, houve um congresso e nós arrumamos a igreja, que era bem pequena, para a festa. Para isso, arranjamos flores de quintais vizinhos e alguns artefatos de decoração, tudo muito simples. Logo após isso, as pessoas começaram a nos procurar. Às vezes, iam acontecer casamentos e os noivos pediam para que nós arrumássemos a igreja, do nosso jeito mesmo. Naquela época, não tinha o glamour de hoje em dia, mas, sempre buscamos dar o melhor de nós.
Eu tinha esse desejo inconsciente, e nunca pensei que daria certo. Pela lógica, meu marido também gostou do ramo e foi fluindo; quando percebemos, já estávamos imersos nesse mundo.
No começo, tínhamos nossos empregos paralelos e, por isso, os eventos ficavam em segundo plano. O amor que construímos pela profissão e a dedicação nos beneficiaram dentro da área, mas, nunca tivemos a intenção de viver apenas disso. Sempre nos doávamos para qualquer evento que acontecesse, independente de ser pequeno, médio ou grande. Todos eles merecem a mesma quantidade de dedicação. Prezo muito a questão de atendimento ao cliente. Sempre tratei todos da mesma maneira.
Já estamos há 38 anos no ramo. É encantador pegar eventos onde realizamos o casamento dos pais e, agora, estamos realizando o casamento dos filhos.
Gosto muito do que faço, sempre buscando fazer com muito capricho.
GAZETA: Quais foram as dificuldades enfrentadas dentro da carreira?
Ana: É sempre um desafio. Acredito que a maior dificuldade foi adaptar-se à responsabilidade daquele trabalho. Há, sim, o lado pessoal, onde temos que lidar com cansaço físico e psicológico, mas, sobretudo, a responsabilidade de estar com o sonho de outra pessoa na mão é o que mais pesa.
GAZETA: Vive disso atualmente? Como lida com a profissão?
Ana: Sim, mas ficamos por muito tempo conciliando os eventos com trabalhos paralelos.
Alcançamos um público maior, atendemos Cosmópolis e região. Antes, éramos conhecidos apenas como Ana e Luiz, mas, de uns cinco anos para cá, deixamos o nome de pessoa física de lado e nos tornamos a Florare Eventos. Hoje, minha filha também nos ajuda no trabalho. Tornou-se um trabalho em família e que alcançou proporções diferentes.
GAZETA: Quanto tempo demorou a perceber que essa profissão viria a dar os lucros necessários para sustentar a você e a sua família?
Ana: Foi bem em longo prazo, mas, nunca parávamos para pensar. Como tínhamos outros empregos, pegávamos do outro e investíamos nos eventos, nos aparelhos, nas ferramentas. Por muito tempo foi assim. Depois, fomos percebendo que os lucros eram suficientes.
Na realidade, nunca foi e nunca será fácil entrar em algum ramo com a intenção de ganhar dinheiro rápido. Querendo ou não, é necessário termos uma bagagem, uma trajetória.
No começo, demorei a cobrar os casamentos e festas que fazia. Mas, não foi uma perda, muito pelo contrário, saí ganhando, pois foi uma espécie de estágio. Aprendi muito com essas pequenas experiências e tudo isso cooperou para nosso atual posto.
O ponto principal é fazer com carinho, com amor e com capricho, sem olhar o retorno. É prazeroso encontrar pessoas na rua que nos contrataram e que se lembram de suas festas com carinho. Tenho que agradecer a Deus, pois, em todo esse tempo de trajetória, nunca tivemos uma decepção.
GAZETA: Dentro da área de eventos, com o passar dos anos, você chegou a cursar algo?
Ana: Não, nunca fiz curso algum. Tudo que aprendi foi por experiência própria e por curiosidade. A vontade também cooperou para meu aprendizado.
GAZETA: O que pode dizer da sua vida pessoal e profissional até hoje?
Ana: Só tenho a agradecer primeiramente a Deus pela família e por todas as pessoas que confiaram seus sonhos ao nosso trabalho.